SALVADOR — O secretário executivo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Sedetec), Marcelo Menezes, cobra urgência na solução sobre o preço do gás natural fornecido às fábricas de fertilizantes da Bahia e Sergipe, antes que a Unigel interrompa os investimentos.
Em entrevista ao estudio epbr, durante a Bahia Oil & Gas Energy, nesta quarta (24/5), Menezes relatou que a companhia deve anunciar demissões em breve, mas que acredita numa solução em torno do preço da molécula.
“Mas é preciso que isso aconteça com uma certa brevidade. Já que o acúmulo de perdas [é] real e seguramente eles não vão conseguir manter esse contexto da forma que está”, disse Marcelo Menezes. “Pelo que foi noticiado agora no dia primeiro de junho será dado uma um comunicado de layoff aos funcionários para um prazo de 90 dias. E a gente espera que antes disso a gente consiga ter chegado a um caminho que viabilize a retomada da produção”, comentou
As fafens pertencem à Petrobras, mas foram arrendadas para a Unigel no governo de Jair Bolsonaro (PL). Na gestão passada, a petroleira tinha planos de sair do segmento.
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Petrobras prega responsabilidade em negociação
A Unigel reduziu o ritmo das atividades de manutenção da unidade de Sergipe enquanto aguarda as negociações sobre os preços de suprimento de gás com a Petrobras.
A empresa do setor químico alega que as operações da planta de Sergipe passaram a ficar inviáveis depois da queda do preço da ureia no mercado internacional. Os preços do gás natural também caíram este ano, mas não na mesma intensidade.
O Valor noticiou que a Unigel atrasou em 60 dias o pagamento a pequenos fornecedores e adiou o projeto de produção de ácido sulfúrico na Bahia para 2024.
A Petrobras é uma — mas não a única — fornecedora da Unigel, no mercado livre de gás.
Na semana passada, o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, disse que a petroleira agirá “dentro da responsabilidade financeira” nas negociações com a Unigel sobre o preço do gás natural: “Mas tem um limite do que é possível”, ressaltou.
Sergipe propõe debate sobre redução de custo do gás
Menezes diz que vê com otimismo as discussões sobre o programa Gás para Empregar sobre a priorização às indústrias química e de fertilizantes.
“Acredito, sim, que um dos caminhos é a oferta de contratos de longo prazo, com condições específicas que possam viabilizar as atividades de determinados setores”, disse.
Ele destaca que o aumento da competitividade do gás passa por esforço mais amplo, para além da redução dos preços da molécula. Ele também defende a necessidade de se discutirem formas de baratear as tarifas de transporte e de distribuição.
- Opinião: O dia do Juízo Final: fim dos contratos legados de transporte de gás natural. Talvez tenha chegado o momento das transportadoras, consumidores e ANP abrirem um discussão ampla sobre o custo do transporte de gás natural, escreve Marcelo Menezes.
Sergipe encabeça, na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), um pleito para que o órgão inclua na agenda regulatória a discussão sobre a tarifa diferenciada para o transporte de curta distância (conhecida como short haul).
Sobre o âmbito estadual, ele acredita que os estados terão, naturalmente, que promoverem ajustes em suas regulações para tornar o ambiente de negócios mais favorável aos investidores.
“O estado que não entender a necessidade de fazer a harmonização vai perder espaço”, comentou.