Combustíveis e Bioenergia

Ibama exige mais que o necessário na Foz do Amazonas, diz José Sérgio Gabrielli

Ex-presidente da Petrobras diz que perfuração de um poço deve ter menos demandas que desenvolvimento de uma área após o sucesso na exploração

Ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli dá entrevista ao estudio epbr durante a Bahia Oil & Gas Energy (Foto: Divulgação)
Ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli dá entrevista ao estudio epbr durante a Bahia Oil & Gas Energy (Foto: Divulgação)

SALVADOR — O Ibama demanda “além do que seria necessário” para a perfuração de um poço exploratório na Foz do Amazonas, segundo o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, em entrevista ao estúdio epbr durante a Bahia Oil & Gas Energy.

“Acho que o Ibama está correto em exigir novos estudos. Mas acho que ele está demandando — pelo menos o que eu via publicamente, eu não conheço em detalhes o estudo do Ibama –, mas o que eu vi publicamente é uma demanda além do que seria necessário para a perfuração de um poço”, disse Gabrielli

Ele afirma que as exigências para a perfuração de um poço exploratório não podem ser as mesmas que as adotadas para o desenvolvimento de um prospecto depois de confirmada a presença de petróleo.

“A perfuração é de um poço. Esse poço está localizado, se eu não me engano, a 540 km de distância da Foz do Amazonas. Está a cento e tantos quilômetros de distância da costa. Está a cento e poucos quilômetros de distância das descobertas da Guiana e, portanto, é um poço. Ter estudos sobre impactos ambientais, minimização de risco de um poço é diferente de você ter estudos e impactos ambientais de uma exploração depois do sucesso. Quando você teria que fazer realmente aí uma avaliação mais regional e dos impactos e mitigação de risco.”

Gabrielli que a Petrobras “errou” ao não fazer um planejamento de longo prazo nos últimos anos e que há outras áreas de novas fronteiras que devem ser consideradas além da Margem Equatorial.

“Existem outras áreas que a Petrobras tem que começar a olhar. E para isso a ANP, o CNPE têm que começar a colocar essas áreas na no horizonte. Aqui na Bahia mesmo, nós temos aí a região da bacia de Jacuípe, que é uma continuidade geológica da Bacia de Sergipe que tem, se eu não me engano, só um poço perfurado até hoje. Portanto, é preciso ter um pouco mais de conhecimento dessa bacia.

A única Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) contratada até agora, inclusive, foi para Jacuípe. Mas o estudo não foi realizado.

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Refinaria privada cria um problema para o Brasil

Gabrielli afirmou também que a presença de refinarias privadas no Brasil, como a Acelen na Bahia, cria um problema para o mercado de petróleo do país.

De acordo com ele, refinarias não integradas têm menos competitividade e limitam as possibilidades de preço do petróleo cru vendido pela Petrobras no mercado interno. 

“A presença da Acelen e a venda da refinaria da Bahia, ela cria um problema”, diz Gabrielli. “Qual é o problema? É que uma refinaria desintegrada, que não tem produção de petróleo, ela é uma refinaria que necessariamente tem menos condições de competitividade.”

“[Um problema] não no preço do derivado. Mas no custo da matéria-prima. Do petróleo. Porque a Petrobras só pode vender o petróleo ao mesmo nível do preço de exportação. Não tem por que ela vender com subsídio pra dentro do Brasil”, explica.

“Então, e aí você tem um problema da diferença do preço de exportação e do preço de importação de petróleo cru. O problema, portanto, pra mim não está no preço do derivado que inclusive nessas últimas semanas, segundo a ANP, o da Bahia está mais baixo que no resto do país.”