O presidente Luiz Inácio da Silva precisa mediar as conversas entre Petrobras e órgãos ambientais sobre a questão da exploração de petróleo na Foz do Amazonas, disse nesta segunda-feira o governador do Pará, Helder Barbalho, indicando ainda que o Brasil no momento não pode prescindir de avançar em pesquisas na área sensível ambientalmente.
“Na minha visão é necessário, e me disse o presidente da República de que fará isto, um processo de mediação entre Petrobras e os órgãos ambientais para que se permita a pesquisa… sobre o processo de oportunidades da bacia da Foz do Amazonas”, disse Barbalho em seminário do grupo Esfera Brasil.
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O governador ainda ponderou sobre a questão de ser contraditório avançar na exploração de fontes de energia fósseis no Brasil em meio as discussões sobre o país expandir o uso de energias renováveis, mas concluiu que não é o momento de desperdiçar oportunidades na área.
“Talvez é uma discussão que a gente possa fazer daqui 50 anos. Mas nesse momento o Brasil tem condição de abrir mão de uma oportunidade de exploração sustentável de combustíveis fósseis? Eu entendo que é uma discussão que deve ser aprofundada, mas não se pode por uma questão de pensamento estreito”, afirmou Barbalho.
A Petrobras há anos tenta abrir uma nova frente de exploração na costa do Estado do Amapá, no norte do Brasil, na região chamada de Margem Equatorial, perto da Guiana, onde a Exxon Mobil fez descobertas importantes.
Mas relatório técnico do Ibama desaconselhou o pedido para perfurar um poço na Foz do Amazonas, citando discrepâncias nos estudos ambientais, entre outras questões.
No mesmo seminário, o vice-presidente executivo de Assuntos Corporativos e Institucionais da mineradora Vale, Alexandre D’Ambrosio, chamou a atenção para baixo número de pessoal para o Ibama fiscalizar grandes áreas e fornecer o licenciamento necessário.
“São limitações técnicas, não ideológicas. Nós precisamos de mais capacitação dos órgãos licenciadores e mais pessoal. Isso é um pleito que a gente tem trazido para o governo federal para ajudar a agilizar os processos de licenciamento”, disse D’Ambrosio.
O Pará abriga a mina de Carajás, a principal de minério de ferro da Vale.
(Por Fernando Cardoso)