A SBM Offshore mudará seu comando no Brasil a partir de março. Eduardo Chamusca, que é atualmente o General Manager da OPS, joint venture entre a SBM Offshore e Sonangol, baseada em Angola, vai substituir Oliver Kassam, que comanda a empresa desde agosto de 2015.
A SBM é responsável hoje por sete FPSOs em operação no país, sendo seis afretados pela Petrobras e um pela Shell. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicam que as unidades respondem pela produção de 666 mil barris por dia de petróleo e 21 milhões de m3/dia de gás natural.
O novo General Manager da SBM no Brasil chega com a difícil missão de conseguir o acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF) e colocar a empresa de volta nas licitações da Petrobras. Atualmente, a Petrobras tem quatro concorrências para afretamento de FPSOs abertas e lança ainda esta semana mais uma.
A própria SBM admite no seu resultado anual de 2017 – divulgado na última semana – que a situação no Brasil continua complexa e que não pode garantir que uma solução satisfatória será alcançada. A empresa também diz que não pode estimar prazo para mudanças na atual situação. A SBM chegou a fechar um acordo de leniência com o MPF, mas o acordo acabou não sendo homologado pela 5a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal em setembro de 2016.
De lá para cá, a empresa vem lutando para conseguir o acordo e voltar a poder assinar contratos com Petrobras. A própria estatal quer a SBM como fornecedora. Em setembro de 2015, voltou a convidar a empresa para participar das licitações, mas condicionando a assinatura dos contratos ao acordo de leniência.
E é fácil entender a razão de a Petrobras querer a SBM Offshore em suas concorrências. SBM e Modec são as duas maiores empresas afretadoras de FPSOs do mundo e possuem target para unidades de produção de grande porte, como as plataformas de 180 mil barris por dia que estão sendo utilizadas no pré-sal.
A Modec é hoje a principal concorrente da SBM e levou as duas últimas plataformas de grande porte afretadas pela Petrobras. Na próxima semana, a Petrobras recebe propostas para mais uma plataforma de grande porte. O FPSO Búzios 5 terá a mesma capacidade de produção e é uma unidade muito parecida com o FPSO Sépia 1. Isso pode ser uma larga vantagem para a Modec na concorrência, já que conhece bem o outro projeto.
Além disso, a nova gestão da SBM Offshore precisará preparar a empresa para as concorrências das petroleiras estrangeiras no país. A Statoil já sinaliza que pretende colocar a descoberta de Carcará, feita no bloco BM-S-8, no pré-sal da Bacia de Santos, para produzir a partir de 2023/2024, o que pode indicar uma licitação para 2020. Basta saber se a empresa vai usar um FPSO no desenvolvimento da produção, como era o plano original da Petrobras antes da venda da área.
Outra empresa que pode demandar unidade de produção no curto prazo é a Shell, que vai desenvolver com a Total o projeto de Gato do Mato na Bacia de Santos. A empresa já está preparando para o próximo ano campanha de perfuração para delimitação das descoberta com a área unitizável arrematada no leilão do ano passado. Protocolou o pedido de licenciamento do projeto um dia após assinar o contrato de partilha da produção. Não quer perder tempo.
Isso tudo sem falar dos projetos que podem ser destravados na margem equatorial brasileira, onde o Ibama ainda analisa licenças para campanhas de perfuração da Total, BP e QGEP. A SBM Offshore já está trabalhando na conversão do FPSO Liza, que foi contratado pela ExxonMobil para operar na região da Guiana. Há quem acredite que as descobertas na Guiana podem se estender até o Brasil.
Já foram descobertos por lá 3,2 bilhões de barris de óleo equivalente, volume similar ao declarado comercial pelo consórcio Libra na área de Mero 1, primeiro campo do projeto de Libra, área da partilha da produção da Bacia de Santos.