Combustíveis e Bioenergia

Refinaria do Pecém fecha acordo para produção de metanol no Ceará

BlueNano será a fornecedora da tecnologia para produção do metanol

Refinaria do Pecém fecha acordo para produção de metanol no Ceará. Na imagem: cais do porto do Pecém (Foto: CIPP/Divulgação)
(Foto: CIPP/Divulgação)

RIO — A Noxis Energy, empresa que desenvolve o projeto da Refinaria de Petróleo de Pecém (RPP), assinou um memorando de entendimentos com o grupo suíço-brasileiro BlueNano, para aquisição de tecnologia para produção de metanol.

A ideia é instalar uma planta industrial agregada à futura refinaria privada do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará.

O projeto terá capacidade para 500 mil toneladas/ano e mira o potencial de substituição de importações do metanol — de olho, por exemplo, na demanda do setor de transporte marítimo.

A decisão final de investimento está prevista para este ano. A planta de metanol é estimada em US$ 450 milhões, mas a Noxis trabalha para otimizar o projeto e reduzir o orçamento. A companhia busca financiar o empreendimento com fundos de investimentos verdes.

A Noxis acompanha com atenção os desdobramentos das discussões sobre o programa Gás para Empregar. Na semana passada, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) anunciou um plano para direcionar o óleo que cabe à União nos contratos de partilha para o refino nacional.

Em outra frente, enviou para a Casa Civil uma medida provisória para alterar as atribuições da Pré-Sal Petróleo S.A., com o objetivo de ampliar a oferta de gás natural a preços mais competitivos.

O CEO da Noxis, Gabriel Debellian, acredita que políticas públicas desse tipo “podem trazer novas perspectivas” para os seus negócios.

Olho na demanda do setor marítimo

A Noxis tem planos de produzir o metanol oriundo, sobretudo, do gás natural. A empresa avalia com a BlueNano Group a possibilidade também de produzir o metanol a partir do hidrogênio verde combinado ao CO² capturado em aterros sanitários, afirma Debellian.

A Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) calcula que, até meados do século, a descarbonização do transporte marítimo demandará 50 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano para o fornecimento de amônia e metanol como combustível.

Hoje, o transporte marítimo contribui com 3% das emissões totais de gases de efeito estufa (GEE) e é responsável por 90% do volume do comércio mundial.

A refinaria no Pecém

Com um investimento de US$ 1,3 bilhão (sem contar a planta de metanol), a Refinaria de Petróleo do Pecém deverá ser instalada numa área de 106 hectares, na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) no Pecém.

Um dos sócios do projeto é o geólogo israelense Eitan Aizenberg, responsável por colocar de pé a estruturação financeira da RPP.

No início de março, a companhia protocolou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) na Superintendência do Meio Ambiente do Ceará (Semace).

A previsão da empresa é que, uma vez liberadas as licenças ambientais, as obras sejam iniciadas até o fim deste ano. O começo das operações do empreendimento está previsto para a partir do segundo semestre de 2026.

A RPP será a primeira refinaria privada do Ceará e terá a capacidade de 100 mil barris/dia, com foco na produção de óleo combustível marítimo (bunker), diesel Marítimo, gás liquefeito de petróleo (GLP), gasolina e diesel.