A Petrobras aprovou, este mês, o relançamento das licitações para contratação das duas plataformas para o projeto de produção em águas profundas de Sergipe. A companhia está concluindo os trâmites junto aos sócios, para lançar o edital.
Dessa vez, a demanda é por duas plataformas afretadas. Entre 2021 e 2022, a Petrobras tentou contratar o que viria a ser a P-81 pelo modelo BOT (do inglês Built Operate and Transfer) — segundo o qual, após uma etapa inicial de operação terceirizada, a petroleira assume a operação da plataforma com equipes próprias.
Devido à baixa concorrência e aos preços oferecidos, a licitação foi cancelada. As dificuldades financeiras de uma das sócias — a indiana IBV — também pesaram.
Não houve mudanças nos índices de conteúdo local, na nova contratação. Os fornecedores deverão atender estritamente aos requisitos do contratos de concessão, que giram em torno de 30% de nacionalização das encomendas.
São duas FPSOs de 120 mil barris/dia de capacidade de processamento de óleo e condensado. No caso do gás natural, uma das unidades terá capacidade para 10 milhões e a segunda para 12 milhões de m³/dia.
Com o atraso na contratação, os campos estão previstos para entrar em operação em 2027.
Uma nova província de gás
Com o projeto da Petrobras em águas profundas, Sergipe passará a ser a maior província gasífera conectada aos gasodutos de transporte, fora das Bacias de Campos e Santos.
- Para aprofundar: O novo mapa da Petrobras no Nordeste
O estado possui um terminal de regaseificação, comprado ano passado pela Eneva. A Transportadora Associada de Gás (TAG) está construindo o gasoduto de interligação com a malha, com previsão de conclusão este ano.
Em outubro de 2022, a Eneva se movimentou para adquirir participação nos campos, por meio da aquisição de participação na IBV Brasil Petróleo ou no contrato BM-SEAL-11. A oportunidade surgiu na insolvência da VOVL Limited, que detém indiretamente 50% da IBV.
A IBV detém 40% dos campos de Agulhinha e de Cavala. Na região, a Petrobras opera com 100% os campos de Agulhinha Oeste, Budião Sudeste, Budião Noroeste e Palombeta; e 75% de Budião, em sociedade com a também indiana ONGC.
O negócio estava em fase de avaliação preliminar, informou à Eneva, na época. Não foram feitas novas atualizações desde então.
O desenvolvimento dos campos de águas profundas de Sergipe vem sendo adaptado ao longo de anos recentes.
São descobertas de bilhões de m³ de gás natural que, inicialmente, seriam desenvolvidas com apenas uma plataforma de 8 milhões de m³/dia de capacidade.
Além do aumento de capacidade de produção de gás do projeto, a Petrobras atualizou a estratégia de escoamento: incluiu módulos de tratamento embarcados, para reduzir a necessidade de instalação de infraestrutura em terra para processamento do gás.
Em dezembro, a Petrobras anunciou um plano de negócios com orçamento de US$ 64 bilhões para exploração e produção de óleo e gás.
A Petrobras será responsável por quase metade da demanda conhecida por FPSOs no mundo até 2027.
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Procurada, a Petrobras não comentou até o fechamento desta edição.