Gás Natural

Mercado brasileiro ganha opções de contratos de curto prazo em 2023

Shell, TAG e NTS lançam novos produtos, para dar mais flexibilidade ao mercado

Mercado brasileiro ganha opções de contratos de curto prazo em 2023. Na imagem: Trabalhadores em planta de gasodutos da Comgás; Um homem e uma mulher caminham com uniformes azuis com faixas de proteção amarelas fluorescente, capacetes e óculos de proteção e protetores auriculares (Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação Comgás)

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Editada por André Ramalho
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PIPELINE Shell busca diversificação da carteira de produtos e passa a ofertar contratos de curto prazo. Do lado das transportadoras, TAG e NTS também estreiam produtos novos em 2023, na mesma direção.

Governo de Sergipe concede benefício fiscal para gasoduto da TAG. Orizon fornecerá biometano à Copergás. E mais. Confira:

Agentes estreiam produtos de curto prazo

O mercado brasileiro de gás natural avança, em 2023, para novas modalidades de contratação de curto prazo. Do lado da oferta, a Shell, maior produtora privada de gás do país, começa a testar novos produtos, de olho em consumidores livres.

Enquanto isso, do lado do transporte, Nova Transportadora do Sudeste (NTS) e Transportadora Associada de Gás (TAG) também estreiam novos serviços, incluindo a novidade de contratação diária.

A abertura do mercado brasileiro ainda dá seus primeiros passos e carece de liquidez. Mas, inegavelmente, é hoje mais plural e dinâmico.

A entrada de novos agentes se traduz em novas opções de preços e contratos — ainda que eles continuem sendo, primordialmente, atrelados aos preços internacionais do petróleo.

E aos poucos, num ritmo mais lento que o esperado, é verdade, surgem indústrias abertas a assumir o risco da migração para o mercado livre, como a Unigel Gerdau.

Shell quer carteira diversificada

A Shell se prepara para a chegada do gás novo do Rota 3, em 2024. Enquanto isso, o foco este ano é a gestão do atual portfólio.

Os contratos da empresa com as três maiores distribuidoras nordestinas (Bahiagás, Copergás e Cegás) preveem uma redução da ordem de 430 mil m3/dia nos volumes contratados no mercado cativo em 2023.

A companhia precisa realocar esses volumes e mira tanto o mercado livre quanto o ambiente regulado. A estratégia da Shell é equilibrar o portfólio com contratos spot e de médio e longo prazos.

E, dentro da construção dessa carteira, começa a apostar em produtos de curto prazo (semanais e mensais).

O gerente de desenvolvimento de negócios da Shell Energy, João Negreiros, conta que os contratos de curto prazo surgem como mais uma opção dentro do portfólio da empresa.

E como alternativa, sobretudo, aos contratos PUT — modalidade de contrato flexível que dá ao produtor uma opção de venda a um determinado preço, mas geralmente com descontos. Em contrapartida, o cliente tem o dever de comprar.

“Estamos vendo o mercado de gás dar todo ano novos passos. Nossos contratos de curto prazo [de até 30 dias] são uma sofisticação. Pode ser que uma sobreoferta de gás que, antes, acabávamos escoando por meio de contratos flexíveis [PUT], tenhamos mais benefícios se conseguirmos direcionar para essas operações de curto prazo”, disse à agência epbr.

Teste com a Gerdau

No fim do ano passado, a Shell fechou o seu terceiro contrato no mercado livre, com a Gerdau, válido para o mês de dezembro.

Foi a primeira investida da multinacional no mercado do Sudeste.

A Shell tem contratos com três usuários livres: Unigel, Gerdau e um terceiro cliente, mantido sob sigilo pela empresa. A epbr apurou que a petroleira tem acordo de suprimento com a Refinaria de Mataripe, na Bahia.

Negreiros conta que o contrato de curto prazo com a Gerdau foi um primeiro teste, para entender melhor as condições de operação com a NTS — até então, todos os contratos da empresa eram com clientes no Nordeste.

A petroleira assinou com a Gerdau, na modalidade interruptível, porque ainda aguarda uma definição mais clara do cronograma de oferta da capacidade disponível dos gasodutos da NTS para este ano.

A Shell fechou então, com a siderúrgica, um acordo do tipo MSA (do inglês Master Sale Agreement) — que define as condições gerais de um contrato, exceto as cláusulas comerciais de compra e venda.

Isso permitirá às partes serem mais ágeis em potencias negociações futuras. Uma vez definidas as condições de contratação da capacidade disponível da NTS, a Shell pretende começar a explorar oportunidades na malha do Sudeste.

Novidades no transporte em 2023

A TAG começou, a partir de janeiro, a oferecer seus primeiros produtos de curto prazo, nas modalidades trimestral e mensal.

A transportadora destaca que o desenvolvimento da carteira deverá acontecer “de forma consistente e gradual” e que, nesse sentido, a empresa planeja, para o primeiro semestre de 2023, ofertar também contratos diários em base firme.

Produtos semanais também serão avaliados para eventual lançamento em 2023.

A NTS também tem novidades e começa a ofertar, a partir de março, produtos diários. Hoje, já oferece contratos mensais e trimestrais.

A contratação se dá no Portal de Oferta de Capacidade (POC). A plataforma permite aos clientes negociarem contratos com diferentes transportadoras, num só marketplace.

NTS e TAG se aproximam, assim, das condições da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), que oferece produtos de curto prazo desde 2020.

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GÁS NA SEMANA

Alexandre Silveira define primeiros secretários no MME. Pietro Mendes será responsável pela Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis; Thiago Barral assume Secretaria de Desenvolvimento e Transição Energética; e Gentil Nogueira fica com a Secretaria de Energia Elétrica.

Sergipe concede benefício fiscal para gasoduto da TAG. Projeto ligará o terminal de regaseificação da Eneva, em Barra dos Coqueiros, à malha da transportadora e deve começar a operar até abril de 2024.

Vaca Muerta abre oportunidades para importação de GLP da Argentina. A trading brasileira Interco iniciou em 2022 as operações de importação spot de gás liquefeito de petróleo do país vizinho. E espera, a partir de 2024, ampliar seus negócios para acordos de prazos maiores com a Argentina — que, junto com o desenvolvimento de suas reservas não-convencionais, espera produzir também mais gás liquefeito derivado de gás natural (GLGN).

Produção brasileira de gás bate recorde em 2022. Segundo a ANP, o país produziu, na média, 138 milhões de m3/dia no ano passado. O volume é cerca de 3% acima do recorde anterior, de 134 milhões de m³/dia, em 2021.

Petrobras mantém venda de térmica de Araucária. Já sob o comando de Jean Paul Prates, a estatal iniciou fase não vinculante da alienação de seus 18,8% na UEG Araucária S.A.. Desinvestimento é feito em conjunto com a Copel e Copel Geração e Transmissão — donas, respectivamente, de 20,3% e 60,9% da UEGA, proprietária de uma térmica de 484 MW, a gás natural, em Araucária (PR).

ES Gás conecta Linhares à rede. Interligação demandou investimento de R$ 24,5 milhões e permitirá ampliar a oferta de gás local de 40 mil m3/dia para até 360 mil m3/dia. Linhares era abastecida por GNC.

Orizon fornecerá biometano à Copergás. Contrato entra em vigor em setembro de 2024 e será válido por dez anos. Ao todo, serão entregues 60 mil m³/dia do combustível renovável, que será produzido numa unidade de tratamento de resíduos sólidos urbanos da Orizon em Jaboatão dos Guararapes.