RIO — O novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante (PT/SP), tomou posse nesta segunda (6/2) prometendo o fomento às exportações. Ele destacou, ainda, que trabalhará com uma agenda de apoio à “nova indústria”, economia verde e infraestrutura, sem repetir o “padrão de subsídios” do passado.
“O BNDES do futuro será verde, inclusivo, digital e industrializante”, afirmou, em seu discurso de posse.
Ao citar a pauta da reindustrialização, Mercadante destacou que o Brasil “não pode ser só a fazenda do mundo” e que o desenvolvimento do país passa pelo aumento da competitividade da indústria nacional.
Segundo ele, a constituição de um Eximbank — instituição financeira que oferece soluções para empresas locais que desejam vender seus produtos no exterior — será uma “pauta fundamental” do banco, nesse sentido.
“Precisamos exportar, ganhar escala e nos integrarmos às cadeias globais de valor. Temos que apoiar o pré-embarque e pós-embarque dos produtos brasileiros”, disse.
“Não se trata da velha indústria. Trata-se da nova indústria, digital e descarbonizada, baseada em circularidade e intensiva em conhecimento. Isso exigirá inovação e grande investimento em pesquisa aplicada”, completou.
Transição justa
Mercadante citou também que o BNDES apoiará o desenvolvimento da economia verde. Citou o histórico do banco no fomento da indústria local de bens e serviços no setor de energias renováveis e disse que a estratégia do banco passa pela pauta ambiental.
“[O BNDES] precisa apoiar a transição justa para a economia de baixo carbono e promover a inclusão produtiva e reurbanização inteligente, para construção de cidades do futuro. Transitar para uma economia de baixo carbono com empregos verdes e baixa emissão é um imperativo que orientará a estratégia do banco”, discursou.
Ele também mencionou a intenção do banco em apoiar a preservação dos biomas brasileiros, em especial a Amazônia. O BNDES é responsável pela gestão do Fundo Amazônia. Em dezembro, o banco alemão KfW formalizou a doação de até 35 milhões de euros ao fundo.
Mercadante destacou que o Brasil precisa reconstruir as condições para combate ao desmatamento, a partir de operações de comando e controle, mas também viabilizar projetos estruturais de desenvolvimento de infraestrutura, da indústria limpa e pesquisa científica.
“Sem isso [gerar novas oportunidades de emprego para população da região], vamos enxugar gelo”, disse.
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Juros mais competitivos
O discurso de posse de Mercadante fez referências, ainda, ao apoio às micro, pequenas e médias empresas e à necessidade de crescimento dos investimentos públicos e privados em infraestrutura.
Ele disse que o BNDES não pretende disputar mercado com o sistema financeiro privado. E anunciou que o banco de fomento pretende rever a TLP, taxa de juros praticada pelo BNDES — atualmente em IPCA + 6,08% ao ano.
“Não queremos e não estamos reivindicando o retorno ao padrão de subsídios no orçamento como aconteceu no passado, mas uma taxa de juros mais competitiva, sobretudo para micro, pequenas e médias empresas”, disse.
Segundo ele, a TLP apresenta uma “enorme volatilidade” e “penaliza de forma desnecessária” as micro, pequenas e médias empresas.
Integração com América Latina
Mercadante também reiterou as pretensões do presidente Lula de destinar recursos do BNDES para projetos de integração com países da América Latina.
Em janeiro, ao se encontrar com o presidente argentino Alberto Fernández, Lula disse que seu governo vai “criar as condições” para financiar, por meio do BNDES, o gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina. O projeto permitirá ao país vizinho, no futuro, exportar gás natural ao Brasil.
Sem mencionar o projeto, em seu discurso, o novo presidente do BNDES destacou que o Brasil está de volta à política internacional.
“Nosso desenvolvimento passa pela integração da América Latina e e parceria com países do sul global”, comentou.
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