Petróleo e Gás

PRIO conclui pagamento à Petrobras e assume operação de Albacora Leste

Sindicatos de petroleiros criticam venda de ativos durante transição no comando da Petrobras

A PRIO opera os campos de Frade, Tubarão Martelo e Polvo, todas na Bacia de Campos (Foto: Cortesia)
A PRIO opera os campos de Frade, Tubarão Martelo e Polvo, todas na Bacia de Campos (Foto: Cortesia)

A PRIO pagou à Petrobras a parcela restante, de US$ 1,658 bilhão, pela aquisição do campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, e assumiu as operações da plataforma P-50, a partir desta quinta (26/1).

A petroleira independente comprou 90% da concessão por US$ 1,951 bilhão. Uma primeira parcela de US$ 293 milhões já havia sido paga na assinatura do contrato, em abril de 2022. O acordo prevê, ainda, um desembolso adicional de até US$ 250 milhões, a depender das cotações futuras do petróleo.

Albacora Leste fica a 23 km do campo de Frade, também operado pela PRIO. Descoberto em 1986, o campo recém-adquirido começou a operar em 1998 e atualmente produz 32 mil barris/dia. Desse volume, 27,2 mil barris/dia são líquidos para a Prio (90%).

De acordo com a certificação de reservas, elaborada pela DeGolyer & MacNaughton em outubro de 2022, o campo possuía uma reserva economicamente recuperável (1P) de 280 milhões de barris, com previsão de abandono posterior a 2050. As estimativas consideram uma cotação de longo prazo de US$ 60 por barril de petróleo.

Petroleiros pediam interrupção da venda de Albacora Leste

Nos últimos dias, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), contrária ao programa de desinvestimentos da Petrobras, pediu aos ministros da Casa Civil, Rui Costa (PT), e Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que negociassem com a administração interina da estatal a paralisação das negociações em curso.

Nesta quinta (26/1), o conselho da Petrobras aprovou a indicação de Jean Paul Prates para a presidência da companhia. A transição, que passa pela mudança de diretores e conselheiros, ocorrerá até abril. Agora ex-senador pelo PT do Rio Grande do Norte, Prates é o novo presidente da Petrobras, no terceiro mandato do presidente Lula (PT).

O pedido inclui contratos já assinados, mas que ainda não foram concluídos e que somam ao menos US$ 4,2 bilhões. Dentre eles, Albacora Leste.

Na quarta (25/1), o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) relatou que trabalhadores da P-50 (que opera no ativo) já estavam recebendo ordens para desembarcar nessa quinta.

O Sindipetro acusa a Petrobras, sob o comando interino do diretor João Henrique Rittershaussen, de tentar acelerar o processo de venda antes que Jean Paul Prates assuma.

“Querem evitar, caso ele assuma, que venha a tomar uma medida de suspensão da venda que, na nossa visão, foi feita com preços bem abaixo do praticado no mercado, segundo especialistas”, afirmou o coordenador do Sindipetro-ES, Valnísio Hoffmann.

Após a Petrobras desistir de venda o campo de Albacora, vizinho ao ativo vendido, cresceu a expectativa entre os sindicalistas de que a Petrobras revisitaria o seu programa de desinvestimento.

O que dizem Petrobras e PRIO

Procurada, a Petrobras esclareceu que o contrato foi assinado em abril de 2022 e que a conclusão da venda de Albacora Leste “segue o trâmite normal dos projetos de desinvestimentos da Petrobras”.

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou a transferência da operação em novembro do ano passado e havia a expectativa de que a conclusão da venda de Albacora Leste ocorresse no fim de 2022.

A PRIO não se manifestou. Em comunicado ao mercado, contudo, informou que o processo passou por “um minucioso programa de transição realizado por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais da operadora anterior [Petrobras] e colaboradores da PRIO”.

E que, desde a assinatura da transação, 16 grupos de trabalho viabilizaram a transferência de informações e conhecimento. Nesse período, mais de 100 colaboradores da PRIO embarcaram, conhecendo a rotina operacional e de segurança da unidade.