Biocombustíveis

Cooperativas vão produzir derivados de hidrogênio verde com biogás no Paraná

Projeto-piloto em parceria com a Cooperação Brasil-Alemanha deve ser inaugurado até o final do ano; capacidade produtiva será de 88 mil toneladas por ano de H2V e derivados

Cooperativas vão produzir derivados de hidrogênio verde com biogás no Paraná. Na imagem: Planta de biogás a partir de esterco suíno, em Entre Rios do Oeste (PR), fruto da parceria entre Itaipu Binacional, CIBiogás e Copel (Foto: Marcos Labanca/Divulgação)
Planta de biogás a partir de esterco suíno, no município de Entre Rios do Oeste, no Paraná (Foto: Marcos Labanca/Copel)

BRASÍLIA — A Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e o grupo alemão Mele anunciaram uma parceria público-privada com cooperativas agrícolas Coopersan e Ambicoop, do Paraná, para uma planta piloto de hidrogênio verde (H2V) e derivados a partir de resíduos animais.

O acordo firmado esta semana prevê uma usina com capacidade de produzir 88 mil toneladas por ano — ou 275 toneladas/dia — de combustíveis sustentáveis, usando H2V e gás metano de estercos suínos.

A planta deve ficar pronta até o final deste ano.

A demanda de energia para a eletrólise será fornecida por meio de sistemas fotovoltaicos e hidrelétricos. Já o biogás será processado em metanol — derivado do hidrogênio — com adição de hidrogênio verde.

A parceria é financiada pelo projeto H2Uppp, programa global comissionado pelo Ministério Federal Alemão de Economia e Proteção Climática (BMWK, sigla alemã).

Já a agência de cooperação alemã GIZ ficará responsável pela implementação, com apoio das Câmaras de Indústria e Comércio Brasil-Alemanha (AHK) no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O projeto H2Uppp está presente em 17 países, entre eles o Brasil, e prevê investimento total de 2,3 milhões de euros.

“Trata-se de um projeto internacional que assegura a existência e o desenvolvimento das 332 fazendas de pecuária reunidas em uma cooperativa”, explica Dietrich Lehmann, diretor geral da empresa alemã Mele.

“Nesta situação vantajosa para ambas as partes, ela faz parte da reorganização do fornecimento de energia e da segurança na Alemanha”.

Esta semana, uma delegação do estado Mecklenburg-Vorpommern esteve no Brasil com representantes de empresas dos setores de energia e meio ambiente, além de municípios da Alemanha, em busca de parcerias.

“A implementação do projeto representa o início de uma cooperação de longo prazo que servirá para o desenvolvimento futuro da parceria entre Mecklenburg-Vorpommern e Paraná no Brasil. Continuaremos a apoiar este projeto vitrine”, conta Patrick Dahlemann, chefe da chancelaria.

O projeto

A destinação dos resíduos para produção de energia pretende reduzir o uso de fertilizantes minerais e prevenir a contaminação dos lençóis freáticos, visto que os rejeitos deixarão de ser descartados no solo. Além disso, contará com uma certificação de bem-estar animal, que será enviada aos 332 cooperados. 

Os ambientes das cooperativas serão inspecionados para garantir o cumprimento dos requisitos de impactos positivos. A expectativa é que a iniciativa seja replicada para outras cooperativas da região. 

De acordo com o diretor da GIZ Brasil, Markus Francke, a cooperação contribui para o enfrentamento aos combustíveis fósseis diante do cenário internacional de transição energética.

“A produção e utilização de hidrogênio verde e derivados apoia a transição energética para energias 100% renováveis e, além disso, o desenvolvimento sustentável do mercado no Brasil e no mundo.”

Combo biogás e hidrogênio no Paraná

Devido à influência da indústria agropecuária na economia, o Paraná está entre as maiores potências de geração de biogás e biometano no país. 

Ano passado, a GIZ Brasil e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) anunciaram a instalação de uma planta para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) a partir de biogás e hidrogênio verde, também na região.

Segundo a GIZ, a substituição do carbono pelo biogás, combinado ao hidrogênio verde, gera uma nova rota de aproveitamento energético.

O piloto foi idealizado junto à Fundação Araucária, Universidade Federal do Paraná (UFPR), entre outros parceiros, e tem previsão de funcionamento em meados de 2023.