Energia

Centro de hidrogênio verde em Minas testará aplicação na siderurgia

Unidade em Itajubá (MG) terá produção via eletrólise, armazenamento e abastecimento veicular em escala laboratorial

Centro de hidrogênio verde em Minas testará aplicação na siderurgia. Na imagem: Campus da Universidade Federal de Itajubá –Unifei (Foto: Pedro Furlan Jr./Unifei)
Campus da Universidade Federal de Itajubá –Unifei (Foto: Pedro Furlan Jr./Unifei)

LUÍS CORREIA — A Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e o projeto H2Brasil estão desenvolvendo, em parceria, uma iniciativa para a aplicação do hidrogênio verde junto a empresas siderúrgicas instaladas em Minas Gerais. A inovação deve se consolidar com a construção da sede do Centro de Hidrogênio Verde (CH2V) em Itajubá (MG).

O centro terá unidade de produção por eletrólise, armazenamento e abastecimento veicular de hidrogênio verde (H2V) em escala laboratorial; e será alimentado totalmente por energia renovável, com capacidade produtiva de 60 m³/h de H2V.

A proposta é testar aplicações de maior potencial para a mobilidade, produção energética e uso industrial para o abastecimento de veículos a partir de 2023.

O polo tecnológico quer ser referência nacional na geração piloto do renovável.

Entre as organizações que irão apoiar a construção estão a alemã Neuman & Esser (NEA Brasil) e a subsidiária Hytron – Energia e Gases, ambas as empresas fornecerão os equipamentos da planta-piloto.

O hidrogênio verde é visto como uma alternativa potencial para descarbonizar o aço mineiro.

Globalmente, o setor contribui com cerca de 7% das emissões de CO2 relacionadas à produção e ao uso de energia. A indústria siderúrgica representa individualmente por 8% da demanda total de energia, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

“Com a expertise da nossa subsidiária Hytron, podemos também contribuir com a criação e desenvolvimento da estrutura de produção de hidrogênio verde através de nossas soluções de eletrólise. Vemos que o Brasil desponta no mundo neste tema e acreditamos que este gás sustentável é uma peça crucial no quebra-cabeças da descarbonização da economia”, afirmou o presidente da NEA Brasil, Marcelo Veneroso.

A unidade de produção é composta de um eletrolisador tipo PEM de 300kW de potência, vasos de armazenamento, dispenser de abastecimento e uma célula a combustível. A eletricidade será fornecida por painéis fotovoltaicos.

Segundo a Unifei, o projeto já conta com diversas empresas e indústrias nacionais interessadas em estabelecer parcerias.

Marcos Oliveira, coordenador do projeto H2Brasil, integrado à Cooperação Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentável, defende que a iniciativa “fortalece os objetivos dos dois países para promover uma economia de baixo carbono”.

Aliado da descarbonização

Diante do contexto de transição energética, o hidrogênio verde surge como alternativa para os setores de difícil descarbonização. Feito a partir de fontes renováveis, o H2V pode ser utilizado como combustível para transportes marítimos e aéreos, por exemplo.

O Brasil possui um dos maiores players do mercado de hidrogênio verde. O hub de hidrogênio do Porto de Pecém, no Ceará, é protagonista em projetos de geração de energia limpa.

Atualmente, o estado acumula 24 memorandos de entendimento (MoUs) para o desenvolvimento da energia renovável na região.

Commodities verdes

Em dezembro de 2022, o grupo das sete maiores economias mundiais lançou um clube internacional do clima para acelerar ações de cortes de emissões em setores industriais intensivos em carbono e mais difíceis de cortar emissões — por seu potencial de maior impacto nas ambições climáticas.

De acordo com o ministro da Economia e vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, o G7 pretende estimular um mercado para commodities “favoráveis ao clima”, como aço e cimento verde.

Um dos pilares de trabalho do grupo é a “transformação da indústria” e, para isso, pretende “alinhar, na medida do possível”, metodologias, padrões, estratégias e marcos setoriais para produtos industriais verdes.