Meio ambiente

Acordo da ANP com Petrobras transfere aportes para margem equatorial

Proposta permite que compromissos de investimentos assumidos pela estatal em concessões suspensas sejam convertidos em dois novos poços na região

Acordo da ANP com Petrobras transfere aportes para margem equatorial. Na imagem: Acordo da ANP com Petrobras transfere aportes para margem equatorial
Blocos contratados na Margem Equatorial

RIO — A diretoria da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou nesta quinta (15/12) uma proposta de acordo com a Petrobras para a extinção de 15 contratos de blocos exploratórios marítimos que estão suspensos devido a atrasos no licenciamento ambiental.

A medida permite que os compromissos de investimentos assumidos pela estatal nessas concessões — e não realizados —  sejam compensados com investimentos de até R$ 687 milhões em outros contratos na margem equatorial.

Para que ocorra a extinção do contrato, a Petrobras terá que perfurar dois poços exploratórios em outras concessões operadas pela companhia na região:

  • no bloco POT-M-762 (Bacia Potiguar);
  • e no bloco BM-BAR-1 (Barreirinhas) ou no POT-M-952 (Potiguar)

A ANP espera que a proposta ajude a destravar investimentos na margem equatorial — onde não são perfurados novos poços desde 2015. A exploração da margem equatorial enfrenta resistência, pela sensibilidade ambiental.

Atualmente, existem 295 blocos exploratórios sob gestão da ANP. Desse total, 42 estão com seus contratos suspensos devido a atrasos no licenciamento.

Há casos em que o atraso para obtenção da licença já dura mais de uma década. A agência entende que a expectativa de cumprimento dos compromissos contratuais é baixa.

A proposta contempla dois tipos de contratos:

  • blocos suspensos por atraso no licenciamento ambiental e localizados total ou parcialmente a menos de 50 km da costa — e que, portanto, não são mais considerados para licitação;
  • e/ou blocos suspensos por atraso no licenciamento ambiental que estejam com pedido de licenciamento em análise há mais de dez anos — contanto que o Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) tenha sido solicitado.

A ANP calcula que 15 blocos se enquadram atualmente nesses critérios, nas bacias:

  • Jequitinhonha: J-M-115, J-M-165, J-M-3, J-N-5, J-M-63, J-M-59 e J-M-61;
  • Camamu-Almada: CAL-M-188, CAL-M-3, CAL-M-58, CAL-M-60, CAL-M-248 e CAL-M-372;
  • e Pernambuco-Bahia: PEPB-M-783 e PEPB-M-839.

Todos são operados pela Petrobras com 100% de participação no consórcio. A exceção são os blocos CAL-M-372, PEPB-M-783 e PEPB-M-839, onde há a participação de outras empresas.

Os parceiros da Petrobras, contudo, optaram por não participar do acordo e pagarão para a União cerca de R$ 34,9 milhões — montante proporcional referente ao PEM não realizado.

Os contratos abrangidos pela proposta somam R$ 475 milhões em garantias financeiras para cumprimento do PEM.

Já o valor estimado para a perfuração dos dois novos poços será de, no mínimo, R$ 579 milhões. A depender da locação do segundo poço, poderá chegar a R$ 687 milhões.

“Esse montante supera em mais de R$ 100 milhões os valores a serem transferidos dos contratos resilidos pelo acordo em questão, o que demonstra vantagem para a União, além de efetivar a perfuração de dois poços em uma nova fronteira exploratória brasileira”, justificou o órgão regulador.

Margem equatorial no foco da Petrobras

A Petrobras elevou os investimentos previstos para explorar a margem equatorial, O plano de negócios 2023-2027 da estatal prevê US$ 2,94 bilhões na região — quase metade dos US$ 6 bilhões que a empresa projeta para exploração no período.

A empresa prevê perfurar 16 poços na margem equatorial — composta pelas bacias Potiguar, Ceará, Barreirinhas, Pará-Maranhão e Foz do Amazonas.

Na Bacia Potiguar, há um projeto antigo, que vinha sendo adiado, mas licenças já foram emitidas para as primeiras etapas da campanha. Na Foz do Amazonas, a companhia espera a licença ainda este ano.

A Petrobras planejava perfurar um poço na Foz em novembro. O MPF questiona a operação.