A Eletrobras anunciou nesta quinta-feira (15/12) que fechou acordo de cooperação técnica com a Shell para troca de informações para possível coinvestimento e operação de eólicas offshore com a petroleira.
As duas empresas vão identificar juntas áreas para parceria no desenvolvimento e implementação de projetos.
“Considerando que o eventual desenvolvimento de um projeto demanda estudos prévios sobre a viabilidade de áreas potenciais para a sua implementação, as empresas Eletrobras e Shell têm interesse em realizar de forma conjunta os estudos necessários”, explica o diretor de Geração da Eletrobras, Pedro Jatobá.
O investimento pode ser mais uma aposta da empresa em transição energética. O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, afirmou recentemente que a empresa pretende atingir emissões líquidas zero nos escopos 1 (operações), 2 (energia consumida) e 3 (cadeia produtiva). Para isso, uma das ações será a venda de térmicas.
Pode haver venda de ativos ou desmobilização.
A Eletrobras quer levantar cerca de R$ 4,4 bilhões vendendo participações em empresas até 2023. A expectativa é vender posições não estratégicas em empresas de capital aberto e fechado até o final do próximo ano. A exemplo do que fez no mês passado, ao se desfazer dos 1,56% que detinha na distribuidora Celpe, de Pernambuco, controlada pela Neoenergia.
Shell já aposta em seis projetos
Em março, a Shell iniciou ao licenciamento ambiental junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) de seis projetos de geração de energia eólica offshore no Brasil, que somam mais de 17 GW de potência.
Os parques eólicos da Shell estão localizados nos estados do Piauí (Piauí, de 2,5 GW), Ceará (Pecém, 3 GW), Rio Grande do Norte (Galinhos, 3 GW) , Espírito Santo (Ubu, 2,5 GW) , Rio de Janeiro (Açu, 3 GW) e Rio Grande do Sul (White Shark, 3 GW).
A companhia diz que os estudos ambientais começarão ainda em 2022 e que aguarda a definição do restante da regulamentação que guiará o desenvolvimento desses projetos no país.
“Com mais de 20 anos de atuação em energia eólica no mundo e mais de 50 anos de tradição em projetos offshore, a Shell pretende aliar sua expertise nestas duas frentes com o objetivo de fornecer mais energia e energia limpa para o país,” afirmou Gabriela Oliveira, gerente de Geração Renovável da Shell no Brasil, na época do registro dos projetos no Ibama.
Cemig também na disputa
Os pedidos de licenciamento no Ibama para instalação de parques eólicos na costa brasileira somaram 176,5 GW no início de dezembro, de acordo com dados do instituto divulgados esta semana.
No mapeamento anterior, de agosto, eram 169 GW.
São quatro projetos novos, três no Ceará e um no Rio Grande do Norte.
No Ceará, a Companhia Energética Minas Gerais (Cemig) quer instalar o Mar de Minas, um parque offshore com cem aerogeradores e capacidade total de 1,5 GW.
Além da empresa mineira, outras duas entraram com pedidos no Ibama entre setembro e novembro para empreendimentos eólicos no mar cearense. Monex (Ventos do São Francisco, cerca de 2,9 GW) e Itapipoca (720 MW).
Eólica em expansão
No mudo, a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) projeta uma queda de mais de 30% nas adições anuais de capacidade eólica offshore este ano, em comparação com 2021. Mas vê as instalações dobrando até 2027 para mais de 30 GW.
A desaceleração em 2022 vem após a expansão recorde da China no ano passado e previsão de queda pela metade agora que os desenvolvedores não estão mais correndo para aproveitar subsídios.
Já nas adições terrestres a previsão é de sair de 74 GW em 2021 para 109 GW em 2027.
Eletricidade para hidrogênio
Levantamento da BloombergNEF mostra que o mundo precisará de um crescimento radical na geração de energia e uma grande mudança na forma como a eletricidade é usada.
No cenário de Transição Econômica do New Energy Outlook da BNEF, o consumo de energia cresce cerca de dois terços entre 2020 e 2050, enquanto no Net Zero aumenta mais de três vezes em relação a 2020.
No centro das transformações de consumo está o hidrogênio, considerado essencial para as estratégias de descarbonização.
O gás de baixo carbono deverá substituir combustíveis fósseis em processos industriais de alta emissão e no transporte pesado, elevando o consumo de hidrogênio de tal forma que ele se torna a principal fonte de demanda até 2050, superando tanto o setor de edifícios quanto a indústria. Veja o relatório