BRASÍLIA — A Casa dos Ventos e a Comerc Eficiência assinaram, nesta segunda-feira (5/12), um pré-contrato com o Complexo Portuário do Pecém (CIPP), no Ceará, para a instalação de unidade fabril de produção de hidrogênio e amônia verde. O início da primeira fase da operação é previsto para 2026.
Segundo as empresas, o empreendimento, que começou a ser trabalhado em 2021, agora segue para a fase de licenciamento ambiental e projeto básico para iniciar a implantação em etapas.
Quando em plena capacidade operativa, a planta terá capacidade de até 2,4 GW de eletrólise para produção de mais de mil toneladas de hidrogênio por dia e 2,2 milhões de toneladas de amônia verde por ano.
Casa dos Ventos e Comerc Eficiência já haviam firmado um Memorando de Entendimento (MoU) com o Governo do Estado do Ceará e outro com o próprio CIPP. A unidade, que ocupará uma área de até 60 hectares na Zona de Processamento de Exportação (ZPE Ceará).
Com a substituição de parte do hidrogênio de gás natural (cinza) pelo de eletrólise (verde), a expectativa do projeto é evitar a emissão de até 430 mil toneladas de CO2 por mês — o hidrogênio cinza emite 2,4 kg de CO2 para cada quilo de amônia produzida.
A produção de amônia verde visa a exportação. Para Marcel Haratz, presidente da Comerc Eficiência, o hidrogênio verde tem potencial para ser um dos principais agentes da transição energética global rumo a emissões líquidas zero.
“Aqui no Brasil, com a abundância de fontes de energia como solar e eólica, este cenário é extremamente favorável para nos colocar como um dos maiores players do mundo”, comenta.
“O Ceará está localizado em uma região de recursos energéticos eficientes e abundantes, aliado a uma posição estratégica para o comercio exterior. Esses fatores nos possibilitam exportar nossa energia renovável em forma de energéticos verdes de maneira muito competitiva globalmente”, completa Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos.
Hub do Pecém
Esse é o terceiro pré-contrato assinado para o Hub de Hidrogênio do Complexo do Pecém, que conta ainda com 24 memorandos de entendimento (MoUs) assinados com empresas brasileiras e estrangeiras.
Segundo maior porto do Nordeste brasileiro, o CIPP se prepara para posicionar o Ceará como um grande player no mercado de hidrogênio verde.
No ano passado, o porto anunciou sua ambição de ser um hub do novo energético e, de lá para cá, vem firmando acordos com o governo do estado e empresas como AES Brasil, Fortescue Future Industries, Linde, Qair, TransHydrogen Aliance, Eren do Brasil, Casa dos Ventos, Engie, EDP Renováveis e White Martins.
Esses projetos somam 8 GW em capacidade de eletrólise para produzir 1,3 milhão de toneladas de hidrogênio verde por ano.
O primeiro pré-contrato foi assinado em junho de 2022, com a Fortescue Future Industries (FFI), subsidiária da mineradora australiana Fortescue Metals Group.
O segundo, em setembro, com a geradora de energia renovável AES Brasil, para iniciar os estudos de viabilidade da produção de até 2 GW de hidrogênio a partir da eletrólise e de até 800 mil toneladas de amônia verde por ano.
Boa parte deve atender uma demanda externa. O cenário de insegurança energética potencializado pela guerra da Rússia está acelerando os planos e subsídios para o hidrogênio de baixo carbono ao redor do mundo.