Energia

Airbus anuncia motor a célula a combustível de hidrogênio para 2035

Fabricante de aeronaves divulgou hoje (30) seu novo sistema de propulsão a hidrogênio com o objetivo de descarbonizar operações; os testes terão início nos próximos anos

Airbus anuncia motor a célula a combustível de hidrogênio para 2035. Na imagem: Modelo (A380 MSN1) de motor de célula a combustível ZEROe movido a hidrogênio (Foto: Hervé Gousse/Airbus)
Modelo (A380 MSN1) de motor de célula a combustível ZEROe (Foto: Hervé Gousse/Airbus)

BRASÍLIA — A fabricante europeia de aeronaves Airbus anunciou nesta quarta (30/11) que está desenvolvendo um motor de célula a combustível movido a hidrogênio. De acordo com a companhia, o sistema de propulsão será uma das soluções para equipar as aeronaves de emissões zero, com previsão de lançamento em 2035.

Os testes com os motores começarão a bordo do avião ZEROe em meados da década. O modelo A380 MSN1 será modificado para transportar tanques de hidrogênio líquido e aparelhos de distribuição associados.

Segundo a Airbus, o hidrogênio é uma das alternativas net zero mais promissoras para a aviação pois não emite dióxido de carbono (CO2) quando gerado a partir de energias renováveis, sendo a água seu subproduto mais importante. Quando empilhadas, as células a combustível também podem aumentar a potência do motor, permitindo escalabilidade.

Como fonte energética para aeromotores, o hidrogênio pode ser utilizado de duas maneiras: através da combustão de hidrogênio em turbina a gás e usando células a combustível para a conversão de hidrogênio em eletricidade para a alimentação de motor de hélice.

A turbina a gás de hidrogênio pode ser agregada a células a combustível no lugar de baterias, configurando uma estrutura híbrida-elétrica.

O vice-presidente de aeronaves de emissão zero da Airbus, Glenn Llewellyn, afirmou que a Airbus está focada em desenvolver a tecnologia para a viabilidade da descarbonização das aeronaves nos próximos anos.

“As células a combustível são uma solução potencial para nos ajudar a alcançar nossa ambição de emissões zero e estamos focados em desenvolver e testar essa tecnologia para entender se é possível e viável para a implementação de serviço de uma aeronave de emissão zero em 2035”, disse Llewellyn.

Se as metas tecnológicas forem atingidas, os motores serão capazes de abastecer um avião com cem passageiros, que poderá alcançar aproximadamente mil milhas náuticas — cerca de 1,8 mil quilômetros ou uma viagem de Brasília a Recife (cerca de 1653,6 km), por exemplo.

“Ao continuar investindo nessa tecnologia, estamos dando opções adicionais que irão informar nossas decisões sobre a arquitetura de nossa futura aeronave ZEROe, cujo desenvolvimento pretendemos lançar no período 2027-2028”, concluiu.

Alternativas para a aviação

Somando entre 2% e 3% das emissões globais de CO2, a aviação é um dos setores mais poluentes da indústria. Por isso, a Airbus está buscando explorar mais possibilidades de inserção de motores a célula de combustível em suas operações aéreas.

Em 2020, a empresa criou uma joint venture em parceria com a ElringKlinger, fornecedora de dispositivos e sistemas de células a combustível, e apresentou uma cápsula com sistemas removíveis de propulsão por hélice, movidos a partir da célula de combustível.

Em junho deste ano, a Airbus anunciou o lançamento de um centro para tecnologias de hidrogênio no Reino Unido com o objetivo de desenvolver um sistema criogênico de combustível para entrar em serviço nas aeronaves ZEROe até 2035.

A fabricante de aeronaves também tem um acordo com a mineradora australiana Fortescue Future Industries (FFI) para avaliar a redução de emissões de CO2 da aviação com o uso de hidrogênio verde.

As empresas pretendem colaborar como uma força-tarefa para analisar “os desafios em torno das regulamentações de hidrogênio verde, infraestrutura e cadeias de suprimentos globais” — desde a produção até a entrega em aeroportos e abastecimento de aeronaves.

  • Mais: Airbus e Neste fecham acordo para acelerar produção de SAF Intenção é promover o combustível sustentável de aviação como solução para reduzir as emissões de GEE das viagens aéreas. Um dos principais desafios para a popularização do uso do biocombustível é o aumento de sua produção

Primeira operação

No início desta semana, a fabricante de motores Rolls-Royce e a companhia aérea britânica easyJet confirmaram a primeira operação mundial de um motor aeronáutico movido a hidrogênio.

O teste de solo foi realizado em um demonstrador de conceito inicial usando hidrogênio verde produzido a partir de eletrólise com energia eólica e das marés.

Segundo as companhias, isso marca um passo importante para provar que o hidrogênio pode ser um combustível de aviação com zero carbono no futuro.

O combustível é parte das estratégias de descarbonização da Rolls-Royce e da easyJet. Ambas as empresas se propuseram a provar que o hidrogênio pode fornecer energia com segurança e eficiência para a aviação comerciale já estão planejando um segundo conjunto de testes, com a ambição de realizar testes de voo a longo prazo.