BRASÍLIA — A empresa de biotecnologia Geo Biogás & Tech investirá R$ 15 milhões em planta-piloto para produção de bioquerosene de aviação em unidades de geração de biogás no Paraná. O projeto de demonstração terá capacidade de fabricação inicial de 660 litros por dia.
O objetivo é produzir combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) a partir dos resíduos de cana-de-açúcar provenientes dos projetos de biogás, como vinhaça e torta de filtro.
O mecanismo proposto pela Geo utiliza a rota de Fischer-Tropsch (FT), onde o hidrogênio é produzido pelo vapor de biogás gerado no processo de biodigestão, não sendo necessária a fonte externa de hidrogênio verde (H2V) de eletrólise, tornando a rota menos dispendiosa em relação ao consumo energético.
Em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM), a Geo recebeu o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) como co-executora da iniciativa.
De acordo com a companhia, a pesquisa que conclui a viabilidade da planta é inédita no país e pode incentivar a produção e a comercialização de SAF pelas indústrias sucroalcooleiras.
Neste ano, a empresa se uniu ao grupo Crivellaro para a geração de biometano por meio de resíduos industriais. Com um investimento de R$ 70 milhões, a usina deve começar a operar em 2023, em São Paulo.
Aviação em busca de renováveis
Segundo o CEO da Geo, Alessandro Gardemann, a empresa aposta na descarbonização das operações do setor de aviação para se tornar independente dos combustíveis derivados de insumos fósseis.
“O Brasil possui escala para a produção de gás verde que pode ser usado na produção de combustível sustentável de aviação, além de outros hidrocarbonetos verdes derivados a preços competitivos em relação a fontes petrolíferas”, afirmou.
Para a Organização de Aviação Civil Internacional (Icao), os SAFs representam a melhor alternativa para descarbonizar o setor. Somente a aviação emite aproximadamente 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera por ano. O setor é um dos mais poluentes do planeta, representando entre 2% e 3% das emissões globais de CO2.
Além da rota que será utilizada pela Geo, existem outras que também podem ser consideradas para produzir o biocombustível, como o Hidrotratamento de Óleos Vegetais (HVO) e o Alcohol-to-Jet (ATJ).
Entre os desafios para a transição energética está a segurança e a autonomia das aeronaves para o deslocamento de grandes distâncias. Atualmente, os combustíveis de aviação possuem especificações próprias para a regulamentação, com regras rígidas a serem seguidas por empresas e fabricantes comprometidos a atingir a neutralização até 2050.
Cobrimos por aqui
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Nos Diálogos da Transição 2022, discutimos como o Brasil se prepara para iniciar a produção e se inserir no mercado global de BioQAV e quais os desafios regulatórios e econômicos para que a produção e utilização do biocombustível sejam viáveis no país. Reveja na íntegra!