Diálogos da Transição

A conta do clima na reunião anual do FMI

Órgão internacional reduziu sua previsão de crescimento global para 2,7% em 2023

A conta do clima na reunião anual do FMI. Na imagem, Diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, durante reunião do Fórum Humanitário Sírio, na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, nos EUA (Foto: ONU/Divulgação)
Diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, durante reunião do Fórum Humanitário Sírio, na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, nos EUA (Foto: ONU/Divulgação)

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Diálogos da Transição

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Editada por Nayara Machado
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Acionistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial estão reunidos em Washington, nos EUA, esta semana discutindo os rumos da economia global com a conta da crise climática sobre a mesa.

“A economia mundial foi atingida por um choque após o outro – Covid, invasão da Ucrânia pela Rússia e desastres climáticos em todos os continentes. Eles continuam a prejudicar a vida das pessoas e causaram uma crise de custo de vida”, disse Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI, em seu discurso nesta quinta (13/10).

Para a economista, o “pedágio imediato é claro”.

Esta semana, o órgão internacional reduziu sua previsão de crescimento global para 2,7% em 2023.

“Em muitas economias, os riscos de recessão estão aumentando. E mesmo quando o crescimento for positivo, para muitas pessoas, parecerá uma recessão devido ao aumento dos preços e à redução da renda real”, comenta Georgieva.

O FMI avalia que as três maiores economias — Estados Unidos, China e União Europeia — continuarão estagnadas. Enquanto os choques deste ano reabrem feridas econômicas que foram apenas parcialmente curadas após a pandemia.

E diz que o pior ainda está por vir: “2023 parecerá uma recessão”, alerta o fundo em seu blog.

No recorte climático, a conta é trilionária.

Em meio a várias crises que afetam o mundo em desenvolvimento — clima, alimentos e dívida — o FMI calcula que serão necessários de US$ 3 trilhões a US$ 6 trilhões por ano até 2050 em investimentos para enfrentar o desafio climático.

Mas, até agora, só US$ 630 bilhões desse total foram aplicados — e uma parte pequena foi destinada aos países emergentes.

O think tank E3G analisa que as reuniões desta semana serão importantes na medida em que permitem a governos e instituições financeiras debaterem o futuro do financiamento global e como ele pode ser integrado aos desafios climáticos.

“Os acionistas do FMI e do Banco Mundial devem lidar com essas crises, alinhando melhor sua missão e práticas de empréstimo com as metas climáticas de Paris. Eles devem considerar inovações financeiras que escalarão os empréstimos gerais sem empurrar os países para uma dívida insustentável”, comenta o E3G.

Entre as expectativas está o impulso na realocação dos US$ 100 bilhões em Direitos Especiais de Saque (SDRs) do FMI — o dinheiro prometido para financiar países emergentes e vulneráveis.

“O FMI precisa ser capaz de fazer uma declaração clara de que o Resilience and Sustainability Trust (RST) está totalmente financiado e pronto para movimentar dinheiro rapidamente através deste e de outros veículos, para que as economias em desenvolvimento voltem a se movimentar”, completa o think tank.

Na quarta (12), o FMI anunciou a operacionalização do RST, que já tem acordos para financiar projetos em Barbados, Costa Rica e Ruanda.

Austrália, Canadá, China, Alemanha, Japão e Espanha forneceram a primeira rodada de contribuições de recursos no valor de US$ 20 bilhões, do total de US$ 37 bilhões prometidos por 13 países.

Cobrimos por aqui:

Oito anos para dobrar oferta de renováveis

Enquanto os donos do dinheiro discutem o que fazer com ele, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirma que para chegar a emissões líquidas zero até 2050 só dobrando a oferta de eletricidade de baixa emissão nos próximos oito anos.

Segundo a organização, ondas de calor e secas já estão colocando a produção de energia existente sob estresse, tornando ainda mais importante reduzir as emissões de combustíveis fósseis.

Apesar dos riscos, apenas 40% dos planos de ação climática apresentados pelos governos à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) priorizam a adaptação no setor de energia — e o investimento é correspondentemente baixo.

“Uma transição para energia renovável ajudará a aliviar o crescente estresse no abastecimento de água, porque a quantidade de água usada para gerar eletricidade por energia solar e eólica é muito menor do que para usinas de energia mais tradicionais, de combustível fóssil ou nuclear”, diz a OMM.

Em 2020, 87% da eletricidade global gerada por sistemas térmicos, nucleares e hidrelétricos dependia diretamente da disponibilidade de água.

Mudança de marcha

Orsted, Conselho Global de Energia Eólica, Vestas, Iberdrola e outros stakeholders da indústria eólica pediram aos líderes do G20 que trabalhem com a indústria para “mudar de marcha na transição para energia limpa”.

As empresas assinaram uma carta aberta antes da Reunião dos Ministros das Finanças e do Banco Central do G20 em Washington, de 12 a 13 de outubro.

Na carta, desenvolvedores, produtores de turbinas e grupos comerciais listam compromissos políticos “urgentes” em nove áreas de ação.

Entre elas, aumentar a ambição e volumes mais altos para energia eólica e refletir isso em Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) atualizadas até o final de 2022; estratégias nacionais abrangentes sobre clima e energia; e simplificar esquemas de licenciamento. renew.biz

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Prêmio para eletrificação sustentável

A Schneider Electric vai premiar ações sustentáveis no setor de energia, no programa Sustainability Impact Awards. O objetivo é reconhecer o papel que seus parceiros desempenham em um “mundo elétrico mais resiliente e sustentável”.

Serão avaliados aproveitamento das soluções digitais de energia e automação para eletrificar as operações, reduzir o desperdício de energia e aumentar a eficiência operacional em toda a cadeia de valor. As indicações podem ser feitas no link até 25 de novembro.

Vaga para diversidade

O Programa de Desenvolvimento de Talentos da Siemens contratará 50% de estagiárias. A iniciativa com foco em gênero é um passo na política global da companhia de ter 30% de mulheres na alta liderança até 2025. Inscrições vão até o dia 7 de novembro com início do programa em janeiro de 2023.

As selecionadas irão atuar, de forma híbrida, em unidades da companhia nas cidades de São Paulo (localidade Anhanguera), Jundiaí, Belo Horizonte e Curitiba. Inscrições no link