Energia

Curitiba inicia testes para eletrificar frota de ônibus

Testes no sistema de transporte público começaram na segunda (19/9); com apoio técnico da TUMI, iniciativa vai avaliar desempenho dos veículos e treinar motoristas

Curitiba inicia testes para frota de ônibus elétricos [na imagem] (Foto: Tumi/Divulgação)
Capital paranaense inicia testes com ônibus elétricos, com apoio da Iniciativa Transformadora de Mobilidade Urbana (Foto: Tumi/Divulgação)

BRASÍLIA — A prefeitura da cidade de Curitiba iniciou a testagem de ônibus elétricos no sistema público de transportes na última segunda-feira (19). A iniciativa de eletrificação visa diminuir o impacto ambiental causado pelos coletivos na capital, responsáveis por cerca de 67% das emissões de gases do efeito estufa (GEE) do setor de mobilidade.

Os testes seguirão até março de 2023, a partir de um edital público para os fabricantes que desejarem experimentar a frota elétrica. A experiência também vai validar as configurações dos itinerários, verificar o desempenho dos transportes e aperfeiçoar o treinamento de motoristas na nova tecnologia.

A ação recebeu apoio técnico da Iniciativa Transformadora de Mobilidade Urbana (Tumi, sigla em inglês), que também atua em outras cidades do país, como São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Salvador.

A Tumi é uma coalização de sete instituições globais com foco em cidades inteligentes, transporte público, sustentabilidade e mudanças climáticas. 

Desde a COP21, em 2015, países buscam seguir os Planos de Ações Climáticas firmados no Acordo de Paris, que prevê a redução da emissão de GEE, a fim de diminuir o aumento da temperatura global a 1,5 °C.

Esse compromisso também é competência de governos estaduais e municipais, que devem se desempenhar em reduzir as modificações climáticas as quais impactam as cidades, como a poluição do ar. 

Enquanto as cidades brasileiras estudam viabilizar o uso dos veículos elétricos no sistema de mobilidade urbana, Bogotá e Santiago lideram a transição energética na América Latina com investimentos em eletromobilidade. As duas capitais adotam um modelo de negócios que envolve empresas de energia elétrica no processo de planejamento e financiamento de frotas eletrificadas.

Eletrificação precisa superar barreiras

Uma aposta da eletrificação do transporte coletivo urbano é justamente a redução de custos, não apenas com a substituição do diesel pela energia elétrica, mas também com a manutenção dos veículos, ainda mais caros que os atuais a combustão.

Avançar com a tecnologia ainda depende de superar algumas barreiras.

Em fevereiro deste ano, foi lançado o Guia de Eletromobilidade pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o WRI Brasil. O documento traz os desafios dessa implementação pelas óticas tecnológicas, financeiras e institucionais. 

Um dos principais desafios financeiros é o alto custo da utilização da eletricidade como fonte de energia, tendo em vista os custos elevados de contratos, sobretudo em infraestrutura.

É preciso amortecer esses custos e evitar que sejam repassados para o usuário, já que a substituição da frota pode desencadear o aumento dos preços nos transportes públicos. Esse debate atenta para a importância de uma transição energética mais justa, que pode amadurecer por meio da mudança na estrutura de financiamento do sistema. 

O setor também aponta a escassez de incentivos à eletrificação dos transportes, diante da concorrência com outras alternativas, especialmente os biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel.