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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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A Enel X anunciou esta semana o início de estudos para eletrificar as frotas de ônibus de Curitiba (PR) e Angra dos Reis (RJ). A companhia tem defendido a solução para descarbonizar o transporte de passageiros em grandes centros urbanos.
A exemplo de projetos que já desenvolve em cidades da Colômbia, Peru e Chile, nos projetos piloto o grupo fica responsável pela infraestrutura de recarga e suporte técnico.
Em Angra dos Reis, a iniciativa é uma das etapas de um Procedimento de Manifestação de Interesse em que a Enel X é responsável pelas análises técnicas, legais e econômicas da parceria público-privada.
A prefeitura testará, durante 30 dias, um coletivo elétrico da Marcopolo. O Attivi, com tecnologia nacional e importada, será operado pela concessionária de transporte público municipal em uma das linhas existentes.
Já em Curitiba, a prefeitura apresentou nesta sexta (16/9) o ônibus elétrico da fabricante chinesa Higer, que será testado durante 20 dias.
O município também estuda a eletrificação dos corredores Inter 2 e BRT Leste-Oeste, com previsão de aproximadamente 150 veículos elétricos a bateria operando em 2024.
Em ambas as cidades, os testes servirão para avaliar indicadores de manutenção e o funcionamento do sistema eletrônico durante o trajeto dos testes, além de autonomia, tempo de carregamento e custo da operação.
Além de Curitiba e Angra, em janeiro a Enel X testou um ônibus articulado em parceria com BYD e Marcopolo na região metropolitana de Goiânia (GO), durante cerca de 60 dias. Nos dois projetos, toda a infraestrutura de recarga necessária foi fornecida pela empresa de energia.
O grupo enxerga a mobilidade elétrica demandando novos modelos de negócios, com empresas costurando articulações e parcerias para mitigar riscos e compartilhar investimentos.
É uma forma de viabilizar a transição para uma tecnologia menos poluente que a convencional — baseada em diesel — sem aumentar o ônus para os operadores do transporte público e, em último caso, os passageiros.
Uma aposta da eletrificação do transporte coletivo urbano é justamente a redução de custos, não apenas com a substituição do diesel pela energia elétrica, mas também com a manutenção dos veículos, ainda mais caros que os atuais a combustão.
No Brasil, algumas cidades dão os primeiros passos na eletrificação.
São José dos Campos (SP), por exemplo, assumiu o investimento de frota para a Linha Verde, primeiro corredor 100% elétrico do país. Doze veículos a bateria serão adquiridos com recursos da outorga de um estacionamento rotativo.
Salvador (BA) está prestes a inaugurar os primeiros trechos de seu sistema BRT, que já nasce 30% elétrico — ao menos oito veículos elétricos a bateria estão previstos para entrar em operação nas próximas semanas.
Cobrimos por aqui:
Novos negócios
Por falar em novos modelos de negócios, o Grupo Comerc Energia está apostando no mercado livre para direcionar as empresas na definição e cumprimento de suas metas de descarbonização.
O grupo, que tem uma carteira de cerca de 1,5 mil clientes no mercado livre, lançou recentemente uma plataforma para fazer os inventários de emissões de gases de efeito estufa e apresentar planos de ação às empresas.
As prioridades são transição energética e eficiência, com a adoção de alternativas que emitem menos, pelo mesmo processo produtivo.
“Por exemplo, trocar gasolina por etanol, ou diesel por biodiesel ou biometano, ou ainda substituir a frota a combustão por elétrica”, explica Antonio Camargo, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios do Grupo Comerc.
Ele conta que, quando se fala em descarbonização, muitas empresas estão se restringindo a adquirir certificados de energia renovável (I-RECs) ou créditos de carbono, o que, na verdade, são compensações de emissões — e devem ser uma estratégia complementar, não a principal.
“Se você quiser efetivamente descarbonizar, primeiro tem que se esforçar para reduzir a pegada. Os créditos de carbono vêm depois, para compensar aquilo que não foi possível mitigar”.
Com a ferramenta, batizada de Impacta, o grupo espera alcançar desde grandes indústrias eletrointensivas até clientes de médio e pequeno porte, como hospitais, prédios comerciais e armazéns, que não necessariamente estão engajados na questão climática.
E, com isso, conseguir atacar também as emissões de escopo 3 — as mais difíceis de resolver, porque dizem respeito a toda a cadeia.
As emissões de Escopo 1 são resultado direto das atividades; Escopo 2, consumo de energia; Escopo 3 são emissões da cadeia de suprimentos e produtos.
“[Grandes] empresas estão fazendo uma pressão em toda a cadeia de fornecedores. Uma vez que as empresas de porte pequeno e médio se preocupem com a temática da descarbonização, elas vão estar mais bem posicionadas e mais bem preparadas”, completa Antonio.
Honda quer aumentar frota de motocicletas eletrificadas até 2025
A marca pretende lançar mundialmente dez modelos de motocicletas elétricas até 2025. Implementação da frota já começou em países da Ásia, como a Tailândia e o Japão.
Aporte para Eletronuclear
A Eletronuclear recebeu a primeira liberação de recursos, de cerca de US$ 13 milhões, do financiamento internacional do Santander para o Programa de Extensão da Vida Útil de Angra 1. Operação com o US Exim Bank (EUA) e contragarantia da Eletrobras. O objetivo da Eletronuclear é estender a operação da unidade até 2044 — Angra 1 entrou em operação em 1985.
Engie vende sua última usina a carvão no Brasil
Pampa Sul saiu por R$ 2,2 bilhões, incluindo dívidas de R$ 1,8 bilhão, para fundos geridos pela Starboard e Perfin. A Engie sai, mas as térmicas ficam, como o caso da Jorge Lacerda, vendida para a Diamante Energia. Os novos donos da Pampa Sul falam em descarbonizar e antecipar o fim da operação.
Você viu? Esta semana, a agência epbr estreou um novo programa de entrevistas ao vivo, o antessala. Na pauta, os leilões de energia nova e a contratação das térmicas da privatização da Eletrobras. Assista no Youtube
Artigos da semana
— Preços voláteis dos insumos para construção e manutenção de usinas solares Em que medida editais e contratos viabilizam projetos, analisa Roberto di Cillo
— A importância do óleo e gás na transição energética e na agenda ESG Ao aceitarmos que as fontes não-renováveis ainda estarão presentes nas próximas décadas, nossa decisão deve ser torná-las mais eficientes, escreve Felipe Baldissera
— Geração eólica offshore é capaz de reduzir impactos da produção de óleo e gás Estudo de ciclo de vida e de impactos ambientais conclui que geração eólica associada a campos offshore tem expressivo impacto na descarbonização da produção, escrevem Laura Ferraz de Paula e Bruno Souza Carmo
Uma mensagem do Programa PotencializEE:
Veja como o PotencializEE vai ajudar mais de 5.000 indústrias brasileiras a realizarem mais de mil diagnósticos energéticos e apoiar na implementação de 425 projetos, até 2024. Saiba mais