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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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Analistas da S&P Global Commodity Insights apontam que, desde o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, a geração de energia do mundo tornou-se menos intensiva em carbono e o investimento em renováveis e nuclear acelerou, ao passo que a geração a carvão diminuiu.
A pesquisa se contrapõe a uma preocupação generalizada de que iniciativas para assegurar o fornecimento de energia possam estar alavancando a geração fóssil, conforme países europeus reconsideram o carvão.
No início de agosto, a atualização do mercado de carvão Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) trouxe estimativa de aumento de 0,7% no consumo global da fonte de energia que mais emite gases de efeito estufa.
A previsão da IEA de 8 bilhões de toneladas supõe uma recuperação da economia chinesa no segundo semestre deste ano.
Já a S&P indica queda no consumo de carvão na geração global no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021, com algumas exceções, como Alemanha e Índia.
No resto do mundo, altos preços dos combustíveis têm levado a demanda menor — da China aos Estados Unidos — e a geração a carvão diminui ano a ano, enquanto a energia a gás teve um pequeno declínio.
Mais renováveis, menos emissões
A geração renovável, por sua vez, aumentou 17% ano a ano, impulsionada por adições contínuas de capacidade — o movimento é liderado por Estados Unidos (22%) e China (19%).
“Durante o primeiro semestre de 2022, a geração global a carvão diminuiu cerca de 1,2% ano a ano, enquanto a energia eólica e solar geraram 17% mais eletricidade”, comenta Etienne Gabel, diretor sênior de energia global e renováveis da S&P Global Commodity Insights.
A previsão também é de queda nas emissões de gases de efeito estufa.
“Enquanto a demanda global por energia cresceu cerca de 2,5% ano a ano durante o primeiro semestre de 2022, as emissões na verdade diminuíram cerca de 1% graças à queda na geração de energia a carvão”, completa Etienne.
Fósseis saem caro, e de moda
O investimento em energia limpa está acelerando, parcialmente impulsionado pelos altos preços dos combustíveis fósseis, mas também por novas políticas ou legislações em diferentes geografias, avalia a consultoria.
“Os fatores geopolíticos que levaram os preços do carvão e do gás a níveis recordes não parecem se dissipar tão cedo. Enquanto isso, o plano REPowerEU na Europa, a Lei de Redução da Inflação nos EUA e o 14º Plano Quinquenal na China aumentaram significativamente as ambições globais de energia limpa”, diz o relatório da S&P.
Na China, o pipeline de energia eólica e solar de 144 GW foi expandido para 320 GW. O país também tem projetos para construção de novas usinas nucleares, com perspectiva de aumentar a capacidade de 17 GW para 28 GW — o que o coloca no topo dos desenvolvimentos de energia nuclear.
“A queda nas emissões pode parecer surpreendente, dada a narrativa popular que se concentra na segurança da energia fóssil, mas na realidade é bastante direta — os altos preços dos combustíveis levam a menos demanda”, completa Xizhou Zhou, vice-presidente de energia global e renováveis da S&P Global.
Cobrimos por aqui:
- Emissões de energia devem recuar 0,5% em 2022 com queda na demanda
- Europa avança com “carimbo verde” para gás e nuclear; críticos acusam greenwashing
- Acesso universal a energia está atrasado e guerra da Rússia deve piorar situação
- Guerra aumentou lacuna de financiamento sustentável para US$ 135 tri
Lucro com fósseis
Um estudo do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (Crea) calcula que os ganhos da Rússia com as exportações de petróleo, gás e carvão desde sua invasão à Ucrânia superaram o custo total da guerra.
A receita da Rússia com as exportações de combustíveis fósseis atingiu 158 bilhões de euros de fevereiro a agosto, em comparação com o custo estimado de 100 bilhões de euros que a guerra teve até agora para o Kremlin.
O maior importador russo de combustíveis fósseis foi a União Europeia (85 bilhões de euros), seguido pela China (35 bilhões de euros), Turquia (11 bilhões de euros), Índia (7 bilhões de euros) e Coréia do Sul (2 bilhões de euros).
“O aumento dos preços globais dos combustíveis fósseis significa que a Rússia ainda está obtendo receitas recordes com os combustíveis fósseis, apesar das reduções nos volumes de exportação. Para combater isso, os governos precisam impor tarifas ou limites de preços às importações da Rússia e acelerar as medidas de economia de energia, disse na semana passada Lauri Myllyvirta, analista líder do Crea.
No início do mês, as sete maiores economias reunidas no G7 concordaram em estabelecer um teto para o preço do petróleo da Rússia, que entrará em vigor a partir de 5 de dezembro para o óleo bruto e 5 de fevereiro para os derivados. DW
Ministros de Energia da UE também discutem um limite de preço para gás produzido na Rússia, mas com poucas chances de chegar a um acordo. Reuters
Líderes despreparados para ESG
Levantamento do Project Management Institute (PMI) aponta que dois terços dos entrevistados acreditam que a crise causada pela covid-19 impulsionou ações em áreas ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês), enquanto 70% ainda precisam definir como as mudanças climáticas afetarão as operações, a cadeia de suprimentos e os clientes da empresa.
A lacuna entre a intenção e a ação exigirá que as organizações combatam a complacência, estabelecendo padrões e expectativas claros, diz o relatório.
Emana inaugura duas usinas fotovoltaicas no Piauí
As plantas geradoras têm, juntas, capacidade total de 4 MW, equivalente ao consumo de 4,5 mil residências e são as duas primeiras unidades da empresa de desenvolvimento de projetos de geração distribuída (GD) a sair do papel.
“O Piauí tem um potencial enorme para a GD ainda pouco explorado, nosso objetivo é ampliar os nossos investimentos na região”, antecipa Rodrigo Violaro, sócio da Emana Energia.