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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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O Brasil deve chegar à 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), marcada para novembro no Egito, com uma “ambição” climática que levaria o planeta ao aquecimento de mais de 3 ºC até o fim do século, de acordo com uma análise da iniciativa Climate Action Tracker (CAT).
Os motivos são velhos conhecidos. Para dar alguns exemplos:
No uso da terra, o país vem aumentando as taxas de desmatamento, só na primeira semana de setembro, o número de queimadas na Amazônia foi oito vezes maior do que no ano passado.
Em energia, o foco em expansão térmica como garantia caso falte água e as hidrelétricas não consigam atender a demanda leva ao aumento do consumo de fósseis, como gás natural, carvão e óleo diesel.
Nos transportes, subsídios ao diesel e à gasolina tentam reduzir os preços nas bombas, ao mesmo tempo em que o governo corta a adição de biodiesel, e revê a Política Nacional de Biocombustíveis — cujo foco é justamente a descarbonização do setor.
Enquanto isso, o setor privado tenta emplacar um mercado regulado de carbono, mas esbarra em resistências do próprio governo.
Neste cenário, o Brasil tende a chegar à COP27 com poucos avanços em relação ao clima para mostrar — não muito diferente do que fez na COP26, em novembro passado.
Durante sessão de debates no Senado Federal nesta terça (13/9), representantes de associações ambientais e empresas criticaram a ausência de uma governança e um plano robusto para descarbonizar a economia.
“Esse tema não tem sido tratado com a devida urgência. O Brasil ratificou o Acordo de Paris em setembro de 2016 e de lá para cá já apresentou três NDCs, mas até hoje não explicou como vai cumprir essas metas”, disse Caroline Prolo, diretora executiva da rede de advogados Laclima.
Para a advogada, falta revisar a Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), elaborar estudos e discussões robustas em governança, e diálogo com a sociedade civil e os setores envolvidos para chegar a um pacote de iniciativas que levem ao cumprimento das metas climáticas.
Entre essas iniciativas, ela cita o mercado de carbono, que pode constituir um instrumento a ser utilizado para o cumprimento da NDC, em conformidade com o avanço das políticas regulatórias desse setor pelo governo. Leia na epbr
Cobrimos por aqui:
- Petroleiras de olho no mercado de carbono brasileiro; desmatamento segue avançando na Amazônia
- Empresários colocam mercado de carbono na agenda de presidenciáveis
- Presidenciáveis falam pouco sobre clima nas redes, mostra pesquisa
Meta de carbono em leilões de energia
O programa detalhado de Lula deve prever a inclusão de metas de redução da emissão de carbono na política de contratação de novas usinas para geração centralizada de energia.
“Vincular toda a contratação de energia nova no Sistema Interligado Nacional (SIN) às metas de redução de emissões de gases de efeito estufa do setor elétrico”, diz a proposta.
Consta em documento entregue pela ex-ministra do Meio Ambiente, candidata a deputada federal por São Paulo, Marina Silva (Rede) ao ex-presidente nesta segunda (12), com pontos para serem aplicados na agenda ambiental e social de um eventual governo do petista.
Na carta, Marina sugere adoção de outras medidas, como a implementação do mercado de carbono no Brasil e a criação de uma Autoridade Nacional de Segurança Climática, responsável por fiscalizar as metas e ações para descarbonização no país.
A inclusão dos tópicos no programa de governo fez parte das tratativas para que a ex-ministra declarasse apoio a Lula — endosso que veio a público nesta segunda.
Durante a coletiva — há 20 dias do primeiro turno –, Aloízio Mercadante, responsável pela elaboração do programa de Lula, assegurou que a campanha irá trabalhar para “ver como operacionalizar e incorporar” as propostas. Leia a matéria completa
As mudanças climáticas estão nos deixando mais irritados
Comentários de ódio aumentam nas mídias sociais quando as temperaturas sobem acima de 30 graus Celsius (86 Fahrenheit), descobriram pesquisadores do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático.
“É um indicador de quão bem as pessoas podem se adaptar a altas temperaturas”, disse Annika Stechemesser, principal autora do estudo publicado no The Lancet Planetary Health no início deste mês. “Se as temperaturas ficarem muito quentes ou muito frias, descobrimos que há um aumento no discurso de ódio online, independentemente das diferenças socioeconômicas, religião ou crenças políticas.”
Os pesquisadores examinaram 4 bilhões de tweets geolocalizados de 773 cidades nos EUA entre 1º de maio de 2014 e 1º de maio de 2020 avaliando estatisticamente a correlação entre publicações raivosas e mudanças na temperatura local.
Ultragaz compra startup de geração distribuída
A distribuidora de GLP controlada pela Ultrapar assinou contrato para a aquisição da totalidade da Stella GD, startup de geração distribuída, por R$ 63 milhões. Stella fazia parte do UVC, fundo de venture capital da Ultrapar.
Com a aquisição, a Ultragaz marca sua estreia no setor de energia renovável. A expectativa da empresa é oferecer uma alternativa aos consumidores de baixa tensão que poderão.
ESG
A Statkraft, empresa estatal norueguesa do setor de energia, anunciou a criação no Brasil da diretoria de ESG e Comunicação, a ser comandada por Ana Cláudia Lima, que ficará responsável pelos projetos voltados às questões ambientais, sociais e de governança.
“Para alcançarmos zero emissões e mais oportunidades para as pessoas, traçamos um plano até 2030 que contempla aumentar ativos renováveis, fornecendo aos nossos clientes as melhores soluções energéticas alinhadas aos processos de ESG”, afirma Ana Cláudia.