Biocombustíveis

Nuseed e GranBio querem impulsionar biorrefinarias para SAF e etanol 2G

Aliança pretende acelerar aplicação em larga escala da cana-de-açúcar na geração de energia

Nuseed e GranBio querem impulsionar biorrefinarias para SAF e etanol 2G. Na imagem, biorrefinaria da GranBio, com tecnologia para uso de biomassa menos processada para produzir energia (Foto: GranBio/Divulgação)
Tecnologia da GranBio permite o uso de biomassa menos processada para produzir energia (Foto: GranBio/Divulgação)

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Diálogos da Transição

APRESENTADA POR

Editada por Nayara Machado
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A australiana Nuseed e a brasileira GranBio anunciaram nesta sexta (9/9) uma aliança de longo prazo para acelerar a aplicação em larga escala da cana-de-açúcar na geração de energia.

O acordo inclui a aquisição de ativos comerciais e de melhoramento de cana-energia da GranBio pela Nuseed, além de uma parceria em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Os grupos pretendem aproveitar a perspectiva de salto na demanda mundial por combustíveis avançados como etanol de segunda geração e SAF (sigla em inglês para combustível sustentável de aviação) para impulsionar investimentos em biorrefinarias.

Segundo as companhias, a GranBio será a licenciadora exclusiva da cana-energia como matéria-prima para aplicações 2G no campo lignocelulósico, como açúcares celulósicos e lignina, etanol 2G, bioquímicos, SAF e materiais renováveis ​​em todo o mundo.

A estimativa dos projetos de biorrefinarias 2G é que seja possível produzir o equivalente a 100 milhões de galões de SAF já a partir de 2028, a partir de áreas de 50 mil hectares de cana-energia irrigada.

Entre as regiões potenciais para desenvolver os projetos estão América Latina, Sul dos EUA, África, Ásia e Austrália.

Além da disponibilidade de áreas para o cultivo, deve pesar na escolha as políticas de incentivo para a indústria. Nos Estados Unidos, a GranBio recebeu uma subvenção do Departamento de Energia no ano passado para desenvolver SAF 2G.

Os EUA têm meta de produção de três bilhões de galões por ano do biocombustível de aviação até 2030. Para alcançar o marco, a gestão de Joe Biden propôs um crédito fiscal como parte da agenda Build Back Better.

Demanda tem. Falta ganhar escala

A Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, na sigla em inglês) estima que a bioenergia moderna poderia representar um quarto da oferta total de energia primária até 2050.

A fonte vem aumentando sua participação significativamente nos últimos anos, especialmente no Brasil, China, União Europeia e Estados Unidos, no entanto, a taxa de crescimento ainda está bem abaixo do necessário para atingir as metas de emissões líquidas zero.

Só no caso do SAF, a Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, em inglês) aponta que a demanda global deve escalar de 100 milhões de litros por ano em 2021, para 5 bilhões de litros em 2025.

Com a Europa entre os principais mercados, a Iata calcula que 60% do biocombustível de aviação consumido no continente até 2050 deve vir de fontes renováveis.

Recentemente, a Latam também anunciou que quer incorporar 5% de SAF em suas operações até 2030, privilegiando a produção da América do Sul.

“Este acordo de cooperação [com a Nuseed] criará uma solução global muito poderosa para garantir a biomassa como matéria-prima confiável em escala para biocombustíveis, incluindo etanol 2G e SAF 2G, em harmonia com produção alimentar”, diz o CEO e fundador da GranBio, Bernardo Gradin.

Cobrimos por aqui: 

MP do RenovaBio

A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) divulgou uma nota de apoio à proposta do governo de reforma na Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio. Vê como positiva a transferência de obrigação de compra de CBIOs para os supridores de combustíveis — eles próprios e os refinadores. 

Os principais importadores do país são as próprias distribuidoras. Muda mesmo é para a Petrobras, que detém hoje 80% ou mais do mercado de diesel e gasolina.

A Abicom adicionou uma demanda: regulamentação para que sejam gerados CBIOs sobre os volumes de biocombustíveis importados.

Incentivo para elétricos no Rio

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta quinta (8/9) o PL 4.522/21, do deputado Carlos Minc (PSB), com medidas de incentivo ao uso de veículos elétricos e híbridos, como parte da Política Estadual sobre Mudança Global do Clima. O texto precisa ser sancionado pelo governador Cláudio Castro em até 15 dias úteis.

O PL prevê que os órgãos da administração pública migrem sua frota a combustão para motor de propulsão elétrica, seguindo um cronograma de substituição: 10% da frota de veículos estaduais a partir de 2025; 50% a partir de 2030; e 100% até 2035.

Usinas solares de grande porte atingem 6 GW

De acordo com a Absolar, as usinas de grande porte equivalem a 3,3% da matriz elétrica do país. Desde 2012, o segmento investiu cerca de R$ 29,2 bilhões.

Atualmente, as usinas solares de grande porte operam em dez estados brasileiros, nas regiões Norte (Rondônia e Tocantins), Nordeste (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte) e Sudeste (Minas Gerais e São Paulo).

A conta do clima

Uma pesquisa global feita pela Schneider Electric revela que nove em cada dez (86%) consumidores acreditam que as mudanças climáticas levarão ao aumento das contas de energia e 55% consideram que o combate a elas também é uma responsabilidade individual.

Além disso, sete em cada dez (72%) consumidores consideram a redução da pegada de carbono uma prioridade pessoal, mais da metade (55%) dá importância ao fato de suas casas se tornarem carbono zero, mas menos de um terço (31%) realmente acredita que isso provavelmente acontecerá.

Especialização em eficiência energética

O programa de especialização do PotencializEE, em parceria com o Senai-SP, está com inscrições abertas até o dia 14/9. Para a fase de capacitação são 300 vagas gratuitas para profissionais com superior completo na área de elétrica, mecânica, energia ou em controle e automação. Também podem se inscrever candidatos formados nas demais engenharias com especialização nas áreas de eletricidade ou energia.

Uma mensagem do Programa PotencializEE:

Veja como o PotencializEE vai ajudar mais de 5.000 indústrias brasileiras a realizarem mais de mil diagnósticos energéticos e apoiar na implementação de 425 projetos, até 2024. Saiba mais

Artigo da semana

— Descarbonização, mandatos e reservas de mercadoAs vantagens da substituição das misturas obrigatórias por mandatos de emissão, por Marcelo Gauto e Ricardo Pinto

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