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Editada por André Ramalho
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PIPELINE No ritmo das campanhas eleitorais, candidatos do MA e PI prometem a chegada do gás aos estados. Na BA, promessas de mais um terminal de GNL e, no RJ e SE, gás vira aposta da industrialização.
Preços internacionais do GNL batem recorde. Evonik liberada para importar. Novo terminal de GNL no Paraná. Privatização da ESGás e mais. Confira.
As perspectivas de abertura do mercado e de interiorização do gás contagiam as campanhas eleitorais nos estados. Candidatos a governadores apostam no insumo – presente em diversos planos de governo – como motor do desenvolvimento econômico.
No Maranhão e Piauí, o acesso ao gás virou promessa eleitoral. Os dois estados são carentes de infraestrutura, mas estão contemplados no primeiro leilão de contratação das termelétricas compulsórias, previstas na lei de privatização da Eletrobras.
Se bem-sucedida, a licitação pode viabilizar a chegada de gás à Teresina (PI) e Bacabeira (MA), na Região Metropolitana de São Luís.
No Piauí, Rafael Fonteles (PT), segundo colocado nas pesquisas de intenção de votos, atrás de Silvio Mendes (União Brasil), promete garantir a chegada de gás natural ao Parque Industrial da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba. Com isso, espera atrair mais empresas (indústria de calçados, por exemplo) para o polo.
Mendes não trata de gás natural em seu programa.
A distribuidora Gaspisa (PI) é controlada pelo estado em sociedade com a Termogás. Junto com a Gasmar, pede o aumento do preço-teto do leilão, de R$ 450/MWh para R$ 600/MWh [Valor], o que aumenta a viabilidade de projetos termelétricos a GNL, cujos preços internacionais estão estressados.
Se bem-sucedidos, esses projetos permitirão a chegada de gás às concessões da Gaspisa e Gasmar. Consumidores, por sua vez, pressionam pelo cancelamento do leilão.
Um dos fundadores da OAS, Suarez é dono de negócios em distribuição que podem se beneficiar com a interiorização do gás.
Outras empresas, como Eneva, Global Participações, Shell e New Fortress também tentam aproveitar oportunidades abertas pela contratação compulsória de termelétricas. Tratamos na estreia da gas week: Uma nova chance para o gasoduto Meio-Norte.
No Maranhão, é assunto do plano de governo dos dois principais candidatos ao governo estadual: Carlos Brandão (PSB) promete instituir um programa para abastecimento de GNV.
Já Weverton Rocha (PDT) quer “corrigir o notório desequilíbrio entre produção, oferta e demanda” a partir da importação de gás natural liquefeito (GNL). Rocha acredita que a commodity viabilizará o desenvolvimento de um mercado local de gás natural, com reflexos na geração de emprego e renda e tributos.
O Maranhão é um importante produtor de gás, mas no complexo termelétrico da Eneva, na Bacia do Parnaíba. A empresa assinou este ano os primeiros contratos com clientes industriais – Vale (São Luís) e Suzano (Imperatriz), a partir de 2024.
A Gasmar, distribuidora local controlada pelo estado, em sociedade com a Termogás (do empresário Carlos Suarez), acredita que a entrega de gás da Eneva para a Vale funcionará como âncora para o desenvolvimento do mercado de gás da capital. Mas ainda não tem um plano definido para expansão da rede
No Amazonas, promessa de gás para fertilizantes
No Amazonas, que também vive a expectativa de contratação de térmicas no leilão de setembro, o gás entrou nos planos de governo de dois dos principais candidatos locais.
Amazonino Mendes (Cidadania) promete investir no “fomento das potencialidades regionais e novas atividades industriais com ênfase no petróleo e gás”, enquanto Eduardo Braga (MDB) defende um uso “mais nobre” para o gás.
Ele destaca que a utilização do insumo na “na indústria gás química introduzirá o estado no mercado nacional e internacional de fertilizantes sem derrubar uma única árvore”.
O uso de gás para produção de fertilizantes no estado é, aliás, objeto de estudos da Eneva. A companhia busca uma solução para monetizar as reservas de Juruá, na Bacia do Solimões.
Uma outra alternativa em análise é liquefazer o gás e desenvolver uma rede de abastecimento de GNL em pequena escala, para suprimento da demanda ociosa da região Norte por meio de um sistema hidroviário.
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Na Bahia, mais GNL e gasodutos
No Amazonas, que também vive a expectativa de contratação de térmicas no leilão de setembro, o gás entrou nos planos de governo de dois dos principais candidatos locais.
Amazonino Mendes (Cidadania) promete investir no “fomento das potencialidades regionais e novas atividades industriais com ênfase no petróleo e gás”, enquanto Eduardo Braga (MDB) defende um uso “mais nobre” para o gás.
Ele destaca que a utilização do insumo na “na indústria gás química introduzirá o estado no mercado nacional e internacional de fertilizantes sem derrubar uma única árvore”.
O uso de gás para produção de fertilizantes no estado é, aliás, objeto de estudos da Eneva. A companhia busca uma solução para monetizar as reservas de Juruá, na Bacia do Solimões.
Uma outra alternativa em análise é liquefazer o gás e desenvolver uma rede de abastecimento de GNL em pequena escala, para suprimento da demanda ociosa da região Norte por meio de um sistema hidroviário.
Na busca pelo consumidor de gás
No Rio Grande do Norte, a atual governadora Fátima Bezerra (PT), favorita à reeleição, se compromete a estimular projetos que viabilizem a ampliação do processamento de gás no estado – que abriga a UPGN de Guamaré.
O ativo está sendo vendido pela Petrobras para a 3R Petroleum. Tem capacidade instalada de 5,7 milhões de m³/dia, mas parte da infraestrutura está hibernada. Guamaré é uma infraestrutura essencial para os novos agentes do mercado – sobretudo PetroReconcavo e 3R, principais compradoras dos campos maduros da Petrobras na região.
O novo dinamismo do setor de óleo e gás potiguar é tema de propostas dos dois principais oponentes de Fátima Bezerra: Capitão Styvenson (Podemos) promete uma política para descarbonizar a indústria de óleo e gás.
Já Fabio Dantas (Solidariedade) quer usar a distribuidora local, a Potigás, como geradora de empregos na construção civil, a partir da expansão da rede
Em Sergipe, as perspectivas de industrialização a partir do gás compõem o quadro de propostas de desenvolvimento econômico do estado.
Fábio Mitidieri (PSD) promete uma política para estimular a instalação de indústrias que fazem uso intensivo de gás, “assegurando as condições e o apoio na infraestrutura, logística e segurança jurídica”.
Mira um complexo portuário-industrial no Porto de Sergipe, com indústrias gás-intensivas como cerâmicas e vidrarias. Na agenda, está a geração de energia termelétrica; e o incentivo a renovação da frota estadual, para veículos elétricos ou GNV.
Já Alessandro Vieira (PSDB) quer apoiar o início da produção de óleo e gás no offshore de Sergipe e criar um polo de formação profissional em petróleo, gás e energias renováveis, a partir da integração entre empresas e instituições de ensino.
Sergipe vive a expectativa de desenvolvimento das descobertas de óleo e gás da Petrobras na costa e da interligação do terminal de regaseificação de Barra dos Coqueiros – comprado pela Eneva.
O atual governo de Belivaldo Chagas (PSD), aliás, apresentou à ANP uma proposta para criação de uma tarifa diferenciada para o transporte de gás natural de curta distância (short haul), para reduzir os custos para indústrias interessadas em se instalar no estado.
Usar o gás como propulsor da industrialização está também nos planos do candidato ao governo do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSB), que aposta no Polo GasLub (ex-Comperj), em Itaboraí, num novo polo industrial.
Freixo vê no Rota 3 (gasoduto de escoamento que se conectará à UPGN de Itaboraí) uma “grande oportunidade para revitalizar a área do Comperj e ali instalar um condomínio de indústrias que tenham o gás natural como insumo”.
Também defende a instalação do Rota 4, via Itaguaí, para atrair empresas e empregos na Baixada Fluminense.
Claudio Castro (PL) não entregou seu programa até o fechamento desta edição.
Sem privatizações
Os planos de governo ignoram, em geral, a agenda de privatizações das distribuidoras locais. Exceção feita a Miguel Coelho (União Brasil), em Pernambuco, defensor da concessão da Copergás para a iniciativa privada.
No Paraná, o plano de privatização da Compagas não é mencionado pelo atual governador e candidato à reeleição, Ratinho Júnior (PSD).
E no Espírito Santo, o atual governador Renato Casagrande (PSB), que corre contra o tempo para privatizar a ESGás ainda este ano, promete “apoiar a iniciativa privada na construção de novos gasodutos”.
A gas week utilizou, como referência, os planos de governo registrados pelos candidatos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E toma, como linha de corte, candidatos com mais de 5% nas intenções de voto, de acordo com as pesquisas mais recentes do Ipec, Datafolha e RealTime Big Data.
Acompanhe a nossa cobertura sobre os avanços do Novo Mercado de Gás: eixos.com.br/gas
O GÁS NA SEMANA
Preços do GNL batem recorde…
Após a Rússia anunciar que vai interromper o envio de gás à Europa por três dias, a partir de 31/8, para manutenção do gasoduto Nord Stream, os preços de GNL no mercado spot, na Ásia, abriram a semana acima de US$ 60 o milhão de BTU [Bloomberg].
Na Europa, o preço de referência do mercado europeu, o TTF, chegou a atingir os 323 euros por MWh nesta quinta-feira (25/8), antes de encerrar o dia em 310 euros por MWh – aproximando-se do recorde intradiário de 345 euros por MWh de 7 de março [La Información].
O nervosismo do mercado reflete as preocupações de que a russa Gazprom corte as exportações para a Europa permanentemente, em resposta às sanções impostas pela União Europeia.
… que levam a investimentos recordes
À medida que a crise energética global se aprofunda e os países lutam para garantir fontes confiáveis, os investimentos em novas infraestruturas de GNL devem aumentar nos próximos dois anos. A consultoria Rystad Energy estima que os novos projetos sancionados atinjam um patamar recorde de US$ 42 bilhões em 2024. A partir daí, os números caem, diante das expectativas de aceleração dos projetos de baixo carbono.
Novo terminal de GNL no Paraná
A comercializadora Migratio Gás assinou um termo de compromisso vinculante com a Nimofast Brasil, empresa que está licenciando um terminal de importação no Paraná, para fornecimento de cerca de 1 milhão de m³/dia de gás natural a partir de 2025.
Evonik liberada a importar gás
A empresa do setor químico foi autorizada pela ANP a importar gás boliviano por dois anos para consumo próprio. Ao todo, opera quatro unidades industriais que, juntas, consomem 80 mil m³/dia. Em abril, a empresa informou ao MME que a importação de gás é uma oportunidade de mitigar a perda de competitividade dos gás doméstico.
Indústrias tentam barrar Compass na ESGás
Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace) e Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) pedem que agentes com participação na comercialização de gás sejam proibidos de comprar a distribuidora capixaba. Não citam, nominalmente, a Compass. Mas o pleito teria consequências diretas para a empresa do grupo Cosan.
White Martins em busca de novos fornecedores
A GásLocal, comercializadora de GNL do grupo, abriu uma consulta ao mercado, para aquisição de gás natural. A empresa tem contrato de suprimento com a Petrobras (ex-sócia), mas agora quer diversificar a base de supridores. Busca contratos de médio a longo prazo de gás firme, mas não tem pressa para definir um novo fornecedor, diante do momento adverso do mercado global.
Justiça nega recurso e usinas da Karpowership seguem suspensas
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou o recurso do governo do Rio de Janeiro e manteve a decisão que impede a continuidade da instalação e operação do complexo termelétrico flutuante a gás da Karpowership, na Baía de Sepetiba (RJ). A operação do empreendimento está suspensa desde o início do mês.
Eneva conclui aquisição da Termofortaleza
Empresa pagou R$ 489,8 milhões à Enel Brasil pela termelétrica a gás natural no Ceará. A usina possui contrato de comercialização de energia com a distribuidora local – a Enel Distribuição Ceará –, com vigência até 2023.