Petróleo e Gás

Repsol Sinopec vai investir R$ 60 milhões em captura e armazenamento de CO₂ no Brasil

Projeto de P&D visa a remover gás carbônico já existente na atmosfera e, assim, abater emissões realizadas

Repsol Sinopec vai investir R$ 60 milhões em captura e armazenamento (CCUS) de CO2 no Brasil. Na imagem, refinaria de petróleo e gás (Foto: Baker Hughes)
Para o armazenamento do CO₂, a intenção é utilizar rochas basálticas para fixação do gás carbônico a partir de um processo de mineralização. A previsão é que a planta esteja implementada e operacional em três anos (Foto: Baker Hughes)

RIO — A Repsol Sinopec Brasil anunciou nesta terça-feira (23/8) um investimento de cerca de R$ 60 milhões num novo projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D), de captura e armazenamento geológico de carbono atmosférico. O desenvolvimento da tecnologia de emissão negativa será feito em parceria com a PUC-RS.

Batizado de DAC.SI (sigla em inglês para Direct Air Capture System Integration), o projeto será o primeiro do tipo a ser implementado pela companhia na América do Sul

O objetivo da empresa é remover gás carbônico já existente na atmosfera e, assim, abater emissões realizadas.

Para o armazenamento do CO₂, a intenção é utilizar rochas basálticas para fixação do gás carbônico a partir de um processo de mineralização. A previsão é que a planta esteja implementada e operacional em três anos.

“Este é o projeto de pesquisa e desenvolvimento mais ambicioso lançado pela Repsol Sinopec Brasil, tanto em termos econômicos, como de impacto futuro esperado, como parte do processo de transição energética”, afirmou o gerente de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Repsol Sinopec Brasil, Jose Javier Salinero, em nota.

CO₂ será armazenado na Bacia do Paraná

A primeira fase do projeto compreende a aquisição dos equipamentos necessários e a avaliação do potencial de mineralização do CO₂ em rocha basáltica da Bacia do Paraná, para adequação da tecnologia existente — a Direct Air Carbon Capture and Storage (DACCS) — ao ambiente brasileiro.

A companhia também pretende avaliar o uso de energias renováveis, como a solar fotovoltaica, para o suprimento energético da unidade — evitando, assim, novas emissões durante o processo de remoção de CO₂ da atmosfera.

Em paralelo, a Repsol Sinopec Brasil espera concluir até o fim do ano a construção da planta piloto de um outro projeto de captura de carbono, o CO2CHEM — que visa a fabricar combustíveis e produtos químicos a partir de CO₂ capturado. O plano é validar a tecnologia até meados de 2023.

Nesse caso, contudo, não se trata de captura de gás carbônico da atmosfera. A ideia é que os insumos — monóxido de carbono (CO) e hidrogênio (H₂) — sejam obtidos a partir da captura CO₂ e da eletrólise da água usando energia gerada a partir de fontes renováveis.

Batizado de CO2CHEM, o projeto será desenvolvido pela Repsol Sinopec Brasil, em parceira com o RCGI, centro de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP); Senai Cetiq; e Hytron, criada a partir de pesquisas na Unicamp e voltada para soluções para produção de hidrogênio.

Ao todo, a empresa prevê investir, nos próximos dois anos, cerca de R$ 200 milhões em P&D no Brasil — mais do que os R$ 185 milhões investidos nos últimos cinco anos.

A previsão é que 25% do orçamento seja aplicado numa nova linha de pesquisa relacionada à transição energética e renováveis.