A Odebrecht Óleo e Gás passará a se chamar Ocyan. O anúncio oficial feito nesta segunda-feira (15/1), no Rio de Janeiro, em um evento para funcionários e colaboradores da empresa. A estratégia é uma medida para tentar desvincular a imagem da empresa da operação Lava Jato.
O Grupo Odebrecht é, sem dúvida, o que teve sua marca mais atingida pelos escândalos de corrupção relevados pela operação. Seu antigo presidente, Marcelo Odebrecht, ficou dois anos e meio preso e foi condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Com o acordo de delação, pagou multa de mais de R$ 73 milhões e a pena dele caiu de 31 anos de prisão em regime fechado para 10 anos, em diversas etapas. Com as progressões previstas da pena, em 2025 vai estar livre, terá apenas que informar a Justiça sobre suas atividades.
Mas a Odebrecht Óleo e Gás não é única empresa envolvida na Lava Jato a mudar de nome.
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Abaixo, um panorama de quem já mudou ou pode mudar de nome por conta da operação:
Ocyan
A Odebrecht Óleo e Gás anunciou em 15 de janeiro de 2017 a mudança de seu nome para Ocyan. A empresa possui contratos de manutenção de plataformas da Petrobras e também é afretadora de sondas e plataformas de perfuração para a petroleira.
A última plataforma afretada pela empresa para a petroleira foi o FPSO Pioneiro de Libra, que é responsável pelo Teste de Longa Duração (TLD) do campo de Mero, primeira área da partilha da produção da país, uma parceria entre a Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC. O projeto é uma parceria com a empresa norueguesa Teekay, que também é sócia da agora Ocyan no PFSO CIdade de Itajaí, que produz no campo de Baúna, na Bacia de Santos.
A Ocyan continua na lista do bloqueio cautelar, mesmo não sendo investigada pela Lava Jato. A empresa vive a expectativa de sair do bloqueio e conseguir novamente contratar com a petroleira. A Ocyan informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já passou por auditoria interna terceirizada e independente que não encontrou nada a respeito da empresa, que saiu da recuperação extrajudicial no fim do ano passado.
Braskem
A Braskem foi a primeira empresa do Grupo Odebrecht a fazer um reposicionamento de marca por conta da Lava Jato. Em 16 de agosto do ano passado lançou uma nova identidade visual, deixando de lado o fundo vermelho – marca do grupo Odebrecht – e as letras brancas que acompanhavam a empresa por anos.
“Somos uma empresa jovem, com uma estratégia sólida e bem-sucedida de crescimento global. Para celebrar os 15 anos e marcar o início de uma nova fase, estamos lançando uma nova identidade visual que acompanhará nossa trajetória, de desafios e conquistas”, disse na época Fernando Musa, presidente-executivo da Braskem.
Um mês antes, o Braskem anunciou que a Justiça Federal de Curitiba homologou o acordo de leniência firmado entre a petroquímica e o Ministério Público Federal na Operação Lava Jato.
Base Engenharia
Em junho de 2017, a Schahin Engenharia anunciou que estava fazendo um reposicionamento de marca e assumindo um novo nome. A Base Engenharia tem como objetivo focar sua atividade no setor de petróleo e gás e a mudança pretendeu também salvaguardar os negócios da empresa com a Petrobras.
A Schahin Engenharia foi por muitos anos parceria da Modec no afretamento de FPSOs para a Petrobras. É sócio de diversos projetos na Bacia de Santos e Campos. Atuou também na área de perfuração de poços, onde afretou sondas também para a Petrobras. Ainda tem uma unidade de perfuração afretada com a estatal. A Vitória 10000 foi fruto de uma disputa judicial entre a estatal, que tentou rescindir o contrato da unidade, e a empresa.
Nova Engevix
Quem também passou por um processo de reestruturação da marca, apesar de ter mantido o nome como Engevix, foi a empresa de engenharia Nova Engevix, comprada por Jose Antunes Sobrinho por R$ 2 dos seus sócios Gerson Almada e Cristiano Kok, ambos presos pela Operação Lava Jato.
A Engevix foi contratada pela Petrobras para construir os oito cascos dos FPSOs replicantes da Bacia de Santos em 2010. A primeira das unidades, o FPSO P-66, entrou em operação no ano passado. Outras unidades devem entrar em operação ainda em 2018.
Parte das obras dos cascos teve que ser transferida para o exterior pois a empresa não teve fôlego para construir todos os cascos. A Petrobras usou o case da Engevix como uma das razões para o pedido de waiver para o primeiro FPSO definitivo do campo de Mero, na Bacia de Santos.