Diálogos da Transição

Demanda global por carvão caminha para novos recordes

Consumo de carvão em 2022 deve aumentar e alcançar o mesmo nível recorde de quase uma década, mostra a IEA

Na imagem, mina de carvão (Foto: S. Hermann/Pixabay)
Segundo tendências econômicas e de mercado atuais, consumo global de carvão aumente 0,7% em 2022, para 8 bilhões de toneladas. Volume equivale ao recorde observado em 2013 (Foto: S. Hermann/Pixabay)

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Editada por Nayara Machado
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A série de debates dos Diálogos da Transição volta em agosto.
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O consumo mundial de carvão em 2022 deve aumentar e alcançar o mesmo nível recorde de quase uma década, mostra a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

A agência observa que há incertezas sobre as perspectivas para o carvão como resultado da desaceleração do crescimento econômico e turbulência do mercado de energia.

Com base nas tendências econômicas e de mercado atuais, a estimativa é que o consumo global de carvão aumente 0,7% em 2022, para 8 bilhões de toneladas, supondo que a economia chinesa se recupere conforme o esperado no segundo semestre deste ano.

Esse volume equivale ao mesmo recorde anual observado em 2013, e a demanda por carvão provavelmente aumentará ainda mais no próximo ano para um novo recorde histórico, alerta a atualização do mercado de carvão da IEA.

O novo relatório destaca a agitação significativa nos mercados de carvão nos últimos meses, com implicações importantes para muitos países onde o combustível fóssil continua essencial na geração de eletricidade e em processos industriais.

“Ao mesmo tempo, a queima contínua de grandes quantidades de carvão no mundo está aumentando as preocupações climáticas, pois o carvão é a maior fonte de emissões de CO2 relacionadas à energia”, comenta a agência.

Recuperação começou em 2021

O consumo mundial de carvão cresceu cerca de 6% no ano passado, à medida que a economia global se recuperava da pandemia de covid-19.

Com a recuperação econômica veio a da demanda de energia e emissões de CO₂ associadas — as emissões de carbono do setor de energia foram as mais altas da história em 2021. A principal fonte? O carvão.

Naquele ano, mesmo com a geração de energia renovável registrando seu maior crescimento de todos os tempos, condições climáticas adversas e picos nos preços do gás natural levaram à maior queima de carvão.

Cenário que, ao que tudo indica, deve se repetir em 2022 com um fator a mais: a guerra da Rússia contra a Ucrânia e as restrições de abastecimento de gás na Europa.

Cobrimos por aqui:

Índia e União Europeia impulsionam demanda, China desacelera

O crescimento econômico na Índia deve elevar a demanda interna pelo fóssil em 7% durante todo o ano. Na Europa, os cortes no fornecimento do gás russo estão levando a uma previsão de aumento também de 7% no consumo de carvão, além do salto de 14% do ano passado.

Vários países da UE estão estendendo a vida útil das usinas de carvão programadas para fechamento, reabrindo usinas fechadas ou aumentando os limites de suas horas de operação para reduzir o consumo de gás. O bloco representa cerca de 5% do consumo global de carvão.

Já a China, que responde sozinha por mais da metade da demanda mundial, deve compensar parcialmente esses aumentos, por conta da desaceleração do crescimento econômico e incapacidade de alguns grandes produtores de aumentar o fornecimento.

Na China, estima-se que a demanda de carvão tenha diminuído 3% no primeiro semestre de 2022, com os novos bloqueios por covid-19 em algumas cidades. Mas é esperado um aumento de demanda no segundo semestre, trazendo o consumo de volta aos níveis do ano passado.

Renováveis e mercado livre de energia no Brasil

Com 28.575 consumidores no mercado livre, a modalidade de contratação de energia registrou aumento de 19% nos últimos 12 meses, mostra o Boletim da Energia Livre, documento da Abraceel.

Segundo a associação, o ambiente de livre contratação absorveu 66% da energia gerada por usinas a biomassa, 59% por PCH, 47% por eólicas e 34% por solares centralizadas.

O número de empresas comercializadoras também cresceu — agora, são 471 aptas a atuar junto aos consumidores, um reflexo do otimismo do setor com as mudanças regulatórias previstas para o mercado de energia, avalia a Abraceel.

Outro destaque é a economia na compra da energia elétrica. O desconto no preço da energia para os consumidores no mercado livre chegou a 38% no mês, considerando a diferença entre a tarifa média das distribuidoras (R$ 288/MWh) e o preço de longo prazo do mercado livre (R$ 174/MWh).

Biocombustíveis

Na tentativa de reverter a interferência de Bolsonaro no RenovaBio, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) apresentou ontem (2/8) um projeto de decreto legislativo (PDL) para sustar o decreto que deu mais prazo às distribuidoras na comprovação de metas de descarbonização.

Segundo o deputado, que também preside a frente parlamentar sucroenergética, além de ser ineficaz para reduzir os preços dos combustíveis — como justificou o governo –, a alteração na política de biocombustíveis pode “desestruturar totalmente” o programa, na medida em que a verificação deixa de ser anual. Leia na epbr

25 milhões para novos combustíveis

Embrapii e BNDES anunciaram nesta quarta (3/8) um acordo para disponibilizar R$ 25 milhões, não reembolsáveis, para projetos de pesquisa e inovação em novos biocombustíveis.

Os projetos podem ser tanto para transporte terrestre quanto para aéreo ou marítimo, incluindo bioeletrificação (híbrido-elétrico e célula combustível de hidrogênio), entre outros.

Segundo a Embrapii, a empresa já destinou até o momento R$ 38 milhões em apoio a 14 projetos na área de novos biocombustíveis.

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