Biocombustíveis

Petrobras compra óleo de soja refinado da Bunge, para produção de diesel verde

Serão fornecidos 1,5 milhão de litros de óleo de soja para os primeiros testes comerciais do novo combustível

Testes de produção de diesel verde da Petrobras (diesel R5) na Repar (Foto: Divulgação/Agência Petrobras)
Testes de produção de diesel verde da Petrobras (diesel R5) na Repar (Foto: Divulgação/Agência Petrobras)

RIO — A Petrobras fechou um contrato com a Bunge para aquisição de óleo de soja refinado. O insumo será destinado à produção de diesel verde na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, a partir de setembro.

Ao todo, serão fornecidos cerca de 1,5 milhão de litros de óleo de soja para os primeiros testes comerciais do novo combustível. A petroleira quer verificar a receptividade do mercado ao produto.

O Diesel R5 da Petrobras é produzido a partir do coprocessamento de óleos vegetais — neste caso de óleo de soja refinado — com o diesel.

O combustível sai da refinaria com 95% de diesel mineral e 5 % de diesel renovável – o diesel verde. Em seguida, caberá às distribuidoras fazer a adição obrigatória dos 10% de biodiesel.

Entenda: diesel verde é um combustível avançado, quimicamente igual ao diesel mineral, só que produzido a partir de matérias-primas renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, por exemplo. Pode ser produzido em unidades industriais dedicadas ou por coprocessamento em unidades de hidrotratamento já existentes.

Antes de avançar em busca de novos clientes, interessados em testar o produto, a Petrobras conduziu uma primeira bateria de testes no transporte público de Curitiba (PR), em três linhas de ônibus, com o objetivo de avaliar a influência do novo combustível na redução de emissões, no desempenho e na manutenção dos veículos. Os testes foram realizados em parceria com a Vibra Energia, Mercedes-Benz e Auto Viação Redentor.

A Petrobras prevê investir, até 2026, US$ 600 milhões no Programa Biorrefino. A companhia planeja expandir a produção do diesel verde, por meio do coprocessamento, para mais duas refinarias no Sudeste. Futuramente, o plano é ter uma unidade dedicada para o produto.

Atualmente, está em discussão no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a possibilidade de o diesel verde ser considerado nos mandatos de adição obrigatória de biodiesel ao diesel fóssil.

Cobrimos por aqui:

Conforme antecipado pelo político epbr, o tema voltou para a prancheta e está sendo elaborada uma nova Análise de Impacto Regulatório sobre o tema. A tendência é que quaisquer decisões sobre o assunto só sejam tomadas depois das eleições.

A Petrobras e a indústria de óleo e gás, de uma forma geral, defendem que os percentuais de mistura obrigatória de biodiesel ao diesel possam ser cumpridos também com o uso dos novos produtos.

A livre concorrência entre as rotas tecnológicas não é unanimidade e tem sofrido pressão contrária por parte do setor de biodiesel — que defende que o diesel verde e o biodiesel não devem competir entre si e tenham mandatos próprios de mistura obrigatória ao combustível fóssil.