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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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A série de debates dos Diálogos da Transição volta em agosto.
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Países ricos mobilizaram US$ 83,3 bilhões em financiamento climático para países emergentes ou vulneráveis em 2020, ainda abaixo dos US$ 100 bilhões por ano prometidos em 2009.
De acordo com nova análise da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), houve um aumento de 4% em relação a 2019, impulsionado principalmente pelos incentivos públicos, mas insuficiente para concretizar a promessa original.
Este ano, o relatório da OCDE foi publicado mais cedo propositalmente. Em novembro, a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP27) terá o financiamento no centro das discussões que ocorrerão no Egito. E o levantamento da organização que reúne as maiores economias do mundo pretende subsidiar o relatório de finanças da conferência.
Uma questão que pode, inclusive, marcar o sucesso ou fracasso do encontro.
O compromisso de países ricos de fornecer US$ 100 bilhões anualmente para ação climática em países emergentes deveria ter sido cumprido em 2020 e ser sustentado até 2025.
Mas cenários da OCDE divulgados em outubro de 2021 mostraram que, se todos os compromissos apresentados por provedores bilaterais e multilaterais até aquele momento forem materializados, o nível de US$ 100 bilhões seria atingido apenas em 2023.
“Os países desenvolvidos precisam continuar intensificando seus esforços de acordo com seus compromissos declarados na preparação para a COP26, o que significaria que a meta de US$ 100 bilhões seria alcançada a partir do próximo ano. Isso é fundamental para construir confiança à medida que continuamos a aprofundar nossa resposta multilateral às mudanças climáticas”, disse o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann.
A diferença de recursos entre ricos e pobres é gigante, mostra o Rastreador de Recuperação Sustentável da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).
Nas economias emergentes e em desenvolvimento, cerca de US$ 52 bilhões em gastos de recuperação sustentável estão planejados até o final de 2023, bem abaixo do que é necessário em um caminho para emissões líquidas zero até 2050.
Em contraste, países ricos têm mais de US$ 370 bilhões a serem gastos antes do final de 2023. E a diferença não deve diminuir no curto prazo.
“A conferência [COP27] será realizada em uma situação geopolítica difícil, com o mundo enfrentando desafios energéticos e alimentares”, disse à Bloomberg o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Shoukry, que também preside a COP27.
“É claro que tudo isso pode afetar o nível de ambição e pode levar a distrações da prioridade das mudanças climáticas”.
Como o primeiro país africano a sediar uma reunião da COP em seis anos, o Egito quer se concentrar em como as nações mais vulneráveis podem obter financiamento para se adaptar às mudanças climáticas e financiar a transição para a energia verde. Bloomberg
Cobrimos por aqui:
- Emergentes têm um décimo dos recursos de países ricos para transição
- Setor financeiro coloca plano de transição net-zero sob consulta
- Os compromissos financeiros de Glasgow
- G7 anuncia US$ 600 bi para infra sustentável
Perfil do dinheiro
Entre 2013 e 2020, a maior parte do financiamento climático veio de governos, passando de US$ 38 bilhões em 2013 para US$ 68,3 bilhões em 2020,
Dentro desse valor, os fluxos multilaterais cresceram 138% em relação a 2013-20, enquanto os bilaterais cresceram 40%.
Além disso, em 2020, a maior parte do financiamento público (71%) ocorreu na forma de empréstimos, 8% a mais que em 2019. As subvenções também cresceram em termos absolutos, representando 26% do total.
Já o financiamento privado, cujos dados comparáveis só estão disponíveis a partir de 2016, aumentou quase 30% em relação a 2016-20, apesar de uma queda entre 2019 e 2020.
A maior parte dos recursos desembolsados em 2020 foi direcionada aos esforços de mitigação das mudanças climáticas. Paralelamente, o financiamento para ações de adaptação continuou a crescer, representando um terço do total.
Enquanto o financiamento de mitigação se concentrou principalmente em atividades de energia e transporte, o de adaptação se concentrou em atividades de abastecimento de água e saneamento, agricultura, silvicultura e pesca.
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Os países em desenvolvimento da Ásia foram os principais beneficiários do financiamento climático em 2016-20, com 42% do total em média, seguidos pela África (26%) e pelas Américas (17%).
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Por nível de renda, 43% do financiamento climático de 2020 foi para países de renda média baixa, 27% para países de renda média alta, 8% foram para os de baixa renda e 3% foram para países de alta renda.
Ameaça aos direitos humanos
Cem dias antes do início da COP27 em Sharm el-Sheikh, um grupo de ambientalistas e ativistas divulgou uma carta com preocupações sobre a capacidade de o Egito sediar o evento dado seu histórico de violação de direitos humanos.
“Estamos profundamente preocupados que [uma conferência bem-sucedida] não seja possível devido às ações repressivas do governo egípcio”, diz a carta. A preocupação é que a conferência seja usada para encobrir os abusos dos direitos humanos no país. No documento, o grupo detalha suas preocupações e pede a libertação de milhares de prisioneiros políticos. The Guardian
US$ 369 bi para transição nos EUA
O Partido Democrata dos Estados Unidos apresentou na última semana um projeto de lei que destina US$ 369 bilhões para apoiar a transição energética do país. A legislação busca, entre os principais objetivos, fazer com que as emissões dos EUA diminuam em 40% até 2030 — abaixo dos 50% prometidos no ano passado.
A proposta vai ao Congresso em agosto, e poderá ser considerada para uma votação no Senado já nos próximos dias.
Entre os destaques, fornece créditos fiscais para famílias de baixa renda comprarem aparelhos mais eficientes e instalarem energia solar em telhados, além de incentivos para aquisição de veículos elétricos. Confira os detalhes na epbr
No Brasil
De olho no mercado de hidrogênio verde, o Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel) anunciou nesta segunda (1/8) uma secretaria dedicada ao tema. Comandada pelo empresário Luiz Piauhylino Filho, a secretaria pretende articular empresas de energia renovável associadas para desenvolver o setor.
Para a agenda
02/08 — FINEP e CIBiogás realizam um webinar para debater o edital Subvenção Econômica à Inovação para o Desenvolvimento da Cadeia do Biogás. A transmissão ocorre no canal do Youtube do Cibiogás, nesta terça-feira, às 10h.
03 e 04/08 — A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) realiza a primeira edição do FIEC Summit 2022 – Hidrogênio Verde. O evento na Casa da Indústria discutirá as potencialidades do Ceará e contará com a participação de empresas interessadas no hub de hidrogênio do Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Informações no site
10/08 — A terceira edição da Biodiesel Week discutirá o papel da cadeia de biodiesel no desenvolvimento regional e a experiência internacional na adoção de combustíveis limpos, entre os dias 10 e 12 de agosto. O encontro será híbrido, com participação presencial na Câmara dos Deputados, e transmissão no Youtube. Os interessados podem se inscrever e conferir a programação pelo site biodieselweek.com.br
16/08 — A 28ª edição da Fenasucro & Agrocana debaterá práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) para uma gestão mais comprometida e eficiente da indústria bioenergética. Seminários vão discutir temas como bioeletricidade, energia verde e, também, sobre o papel das mulheres no mercado.
O evento ocorre entre os dias 16 e 19 de agosto, no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho (SP), no horário das 8h às 18h. Informações no site do evento
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