BRASÍLIA — A Comissão Europeia aprovou hoje (15/7) a destinação de até 5,4 bilhões de euros de apoio público a um projeto de interesse comum na cadeia do hidrogênio.
Quinze dos 27 estados-membros apoiarão financeiramente pesquisa, inovação e a primeira implantação industrial de uma cadeia de valor para o hidrogênio limpo.
O projeto IPCEI Hy2Tech foi elaborado em conjunto por Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Holanda, Polónia, Portugal, Eslováquia e Espanha – e a expectativa é atrair mais 8,8 bilhões de euros em investimentos privados.
“O hidrogênio tem um enorme potencial daqui para frente. É um componente indispensável para a diversificação das fontes de energia e a transição verde. No entanto, investir nessas tecnologias inovadoras pode ser arriscado para um Estado-Membro ou apenas para uma empresa. É aqui que as regras de auxílios estatais para o IPCEI têm um papel a desempenhar”, comentou a vice-presidente executiva da comissão, Margrethe Vestager.
Ao todo, são 41 projetos e 35 empresas com atividades em pelo menos um desses países, incluindo oito pequenas e médias empresas (PME) e startups envolvidas. Os prazos dos projetos variam.
Segundo o comissário para o mercado interno, Thierry Breton, o que está em jogo é a “posição da Europa como região líder na transformação industrial do hidrogénio”.
“Ele permite a transição limpa de indústrias de uso intensivo de energia e aumenta nossa independência dos combustíveis fósseis. Com este IPCEI, vemos a produção de hidrogênio da UE se movendo ‘do laboratório para a fábrica’; e nossa indústria transformando o domínio tecnológico em liderança comercial”.
O IPCEI cobrirá geração de hidrogênio, células a combustível, armazenamento, transporte e distribuição, e aplicações de usuários finais, particularmente no setor de mobilidade.
Veja quem são os participantes diretos e os países que os apoiam:
Meta para novos combustíveis
Também esta semana, o comitê de energia do Parlamento Europeu apoiou a revisão da Diretiva de Energias Renováveis, que traz, entre outras medidas, a previsão de aumentar a parcela de biocombustíveis avançados e biometano no setor de transporte para pelo menos 0,5% até 2025 e 2,2% até 2030.
Prevê ainda uma meta intermediária de aumento na parcela de combustíveis renováveis de origem não biológica, como o hidrogênio, para pelo menos 2,6%, e introduz um mecanismo de crédito para incentivar a oferta de eletricidade renovável nos postos públicos de carregamento de veículos elétricos.
No transporte aéreo, a proposta é que, até 2050, 85% de todo o combustível de aviação nos aeroportos da UE seja sustentável — feito a partir de óleo de cozinha usado, combustível sintético ou mesmo o hidrogênio.
O objetivo é alcançar uma redução de 16% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) no setor de transportes.
No geral, a diretiva aumenta para 45% a meta de participação de energias renováveis na matriz do bloco até 2030, e visa uma economia maior do consumo, com redução de pelo menos 40% no consumo final de energia.
Carimbo verde para gás e nuclear
O bloco busca alternativas para a dependência do gás russo. Na última semana, o Parlamento Europeu decidiu que investimentos em plantas de gás natural e energia nuclear podem ser classificados como verdes, nas regras de taxonomia da União Europeia (UE).
A proposta havia sido apresentada pela Comissão Europeia em fevereiro, quando a Europa já sofria os impactos da alta nos preços de energia — antes mesmo da invasão russa à Ucrânia.
A pressão por segurança energética prevaleceu: era necessária uma maioria absoluta de 353 eurodeputados para que o parlamento do bloco vetasse a proposta; apenas 278 votos foram favoráveis à derrubada.
A decisão dialoga com a preocupação dos países do G7, que na semana passada defenderam um aumento na produção de gás, particularmente para o abastecimento por GNL, e a energia nuclear.
A votação do Parlamento Europeu era tida como o último obstáculo para a proposta entrar em vigor a partir de 1 de janeiro de 2023.