Gás Natural

O que parceria entre 3R e PetroReconcavo pode significar para as duas empresas

Empresas assinam memorando de entendimentos para avaliar oportunidades de compartilhamento de ativos nas Bacias Potiguar e do Recôncavo

O que parceria entre 3R e PetroReconcavo pode significar para as duas empresas. Na imagem, dutos da unidade de processamento de gás natural no polo industrial de Guamaré/RN (foto: Giovanni Sérgio/Agência Petrobras)
Dutos da unidade de processamento de gás natural no polo industrial de Guamaré/RN (foto: Giovanni Sérgio/Agência Petrobras)

RIO — A 3R Petroleum e a PetroReconcavo assinaram um memorando de entendimentos para avaliar oportunidades de compartilhamento de ativos nas Bacias Potiguar e do Recôncavo.

Em comunicado ao mercado, as empresas anunciaram que buscarão formas de ampliar a “eficiência operacional, logística e comercial”, a partir de soluções integradas para os ativos.

As conversas ainda são incipientes e ambas as petroleiras não dão mais detalhes sobre o assunto.

Um olhar sobre a base de ativos das duas produtoras mostra, no entanto, que as negociações abrem possibilidades que vão desde o compartilhamento da infraestrutura de gás natural até oportunidades de parcerias na comercialização de petróleo.

A seguir, a agência epbr apresenta um raio-x dos ativos das empresas e alguns vetores de potenciais sinergias que podem envolver as duas companhias no Nordeste.

A UPGN de Guamaré

A Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) de Guamaré (RN) talvez seja o principal item da equação. A PetroReconcavo tem contrato assinado com a Petrobras, para acesso ao ativo.

A 3R, porém, assinou contrato com a estatal para comprar a unidade. É parte do chamado Polo Potiguar de produção de óleo e gás, adquirido pela 3R por US$ 1,38 bilhão. O negócio ainda está pendente de conclusão.

Com capacidade instalada de 5,7 milhões de m3/dia (dos quais 1,8 milhão de m3/dia em operação), a UPGN de Guamaré é uma infraestrutura essencial para os planos da PetroReconcavo e 3R para a abertura do mercado de gás natural.

A PetroReconcavo tem contratos com quatro distribuidoras diferentes, sendo o principal deles com a Bahiagás, para entrega de 600 mil m³/dia no segundo semestre de 2022, mas com uma curva ascendente até chegar a 1,1 milhão de m³/dia entre 2024 e 2025. Com a Potigás, a empresa tem compromisso de 236 mil m³/dia até o fim de 2023; com a PBGás, para 80 mil m³/dia em 2022 e 100 mil m³/dia em 2023; e com a Cegás (CE), fechou acordo para entregar 30 mil m3/dia por um ano.

Já a 3R assinou com a Bahiagás o seu primeiro contrato para venda de gás no mercado doméstico. O acordo tem vigência até dezembro de 2023 e prevê a venda inicial de 95 mil m³/dia. O volume aumenta gradualmente até 205 mil m³/dia em dezembro. O gás virá dos polos Recôncavo e Rio Ventura, na Bahia.

UPGN de Catu

A PetroReconcavo não possui, hoje, uma UPGN própria. Mas, em consórcio com a Eneva, a companhia tenta adquirir o Polo Bahia Terra, conjunto de campos maduros da Petrobras na Bacia do Recôncavo que inclui também a unidade de processamento de Catu.

As duas empresas apresentaram à Petrobras uma proposta pela compra do polo e iniciaram as negociações exclusivas com a estatal, mas a Aguila Energia e Participações – concorrente – judicializou o processo e as negociações foram suspensas.

A UPGN tem capacidade de 2 milhões de m3/dia. Vale lembrar que tanto a PetroReconcavo quanto a 3R têm ativos de produção na Bacia do Recôncavo — e cujos volumes de gás são processados na unidade.

Ambas as petroleiras também têm contratos assinados de suprimento com a Bahiagás, distribuidora local.

Infraestrutura de exportação

A aquisição do Polo Potiguar garantiu à 3R, além dos campos maduros e a UPGN de Guamaré, a refinaria de Clara Camarão e o Terminal Aquaviário de Guamaré.

Clara Camarão tem uma capacidade instalada de 39,6 mil barris/dia e produz gasolina, diesel, bunker e querosene de aviação (QAV). A infraestrutura do Polo Potiguar também tem capacidade de armazenamento equivalente a mais de 20 dias de produção do Rio Grande do Norte.

Em maio, a companhia anunciou que pretendia aprofundar os estudos sobre a avaliação financeira dos ativos de infraestrutura do cluster e que via potencial para fechar parcerias.

A infraestrutura do Polo Potiguar tem uma capacidade de armazenagem de 1,8 milhão de barris e permitirá à companhia exportar, potencialmente, cerca de 90% de sua produção de óleo no futuro.

Na ocasião, o diretor financeiro da 3R, Rodrigo Pizarro, mencionou o potencial interesse de tradings nos ativos. E disse que empresas vinham procurando a petroleira, interessadas em parcerias tanto comerciais — de olho em contratos de aquisição do petróleo — quanto parcerias estratégias, de capital.

A 3R cegou a contratar uma consultoria internacional para aprofundar os estudos de valuation (valoração) dos ativos de midstream e downstream do Polo Potiguar, para balizar a decisão sobre uma eventual futura parceria.

A companhia comprou, nos últimos anos, cinco polos de produção de óleo e gás na Bacia Potiguar. O Polo Macau é o principal ativo da empresa, hoje. Nem todos os negócios foram concluídos ainda e a petroleira produz cerca de 6,2 mil barris diários de óleo equivalente na Bacia Potiguar.

Já a PetroReconcavo opera, na região, o Polo Riacho da Forquilha. A companhia produz cerca de 11 mil barris diários de óleo equivalente na Bacia Potiguar.