Diálogos da Transição

Eólicas offshore: Brasil é um promissor líder mundial; tema entra na agenda de proteção aos oceanos

Relatório considera, contudo, “improvável” que liderança ocorra antes do fim da década; Europa é atual líder do setor

Eólicas offshore: Brasil é um promissor líder mundial; tema entra na agenda de proteção aos oceanos. Na imagem, turbina para geração de energia eólica offshore
Eólicas em região portuária da Alemanha (Foto: GWEC/Divulgação)

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Diálogos da Transição

 

Editada por Gabriel Chiappini
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A série de debates dos Diálogos da Transição volta em julho.
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“O Brasil está se posicionando como um promissor mercado eólico offshore com uma oportunidade para liderança regional e mundial”, diz o mais recente relatório sobre eólicas offshore, lançado pelo Global Wind Energy Council (GWEC), durante a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, em Lisboa, que terminou em 1º de julho.

Contudo, o relatório considera “improvável” que isso ocorra antes do fim da década. Até lá, entre 2021 e 2024, a maior parte do crescimento das offshore fora da Europa — atual líder de mercado — será na Ásia, principalmente China e Taiwan.

Enquanto a contribuição da América do Norte, em especial dos Estados Unidos, deve ganhar relevância, a partir de 2025.

Ainda para o Brasil, o GWEC acredita que as eólicas offshore poderão “reduzir a diferença de renda social” que existe no país, ao oferecer empregos de maior rendimento médio, superior ao de outras tecnologias de energia renovável.

Para isso, o relatório aponta três desafios brasileiros…

primeiro deles relacionado à necessidade de infraestrutura, tanto industrial — portuária, como de linhas de transmissão.

segundo, é a importância de considerar a menor competitividade das offshore no mercado nacional quando comparadas a outras renováveis mais maduras, como eólicas e solar onshore.

Por último, o GWEC recomenda ao Brasil que é “fundamental que o setor eólico offshore seja visto sob o conceito de um planejamento industrial integrado ao planejamento energético”.

Tudo isso, “permitiria uma forte expansão de mercado devido à sua capacidade para fornecer outras energias renováveis cadeias de geração, como o hidrogênio verde”.

Outros destaques do relatório

  • De 2020 a 2021, foram 21,1 GW de novas instalações, elevando a capacidade global para 56 GW. China respondeu por 80% das novas instalações offshore em 2021.
  • Mais de 315 GW de eólicas offshore serão adicionados globalmente até 2031, chegando a um total de 370 GW. Quase um terço (29%) dessa capacidade nova será instalada na primeira metade da década, entre 2022 e 2026.
  • Até o final de 2022 a Ásia substituirá a Europa como o maior mercado offshore do mundo. Até 2031, para a Europa recuperar a coroa.
  • O volume anual de instalações eólicas offshore deve dobrar em 2031, saltando dos atuais 21,1 GW, para 54,9 GW.

“Guardião dos oceanos”

Documento final da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, assinado por mais de 150 países-membros da ONU, definiu alguns compromissos, entre eles, aumentar a resiliência climática, com aumento do uso de energias renováveis e tecnologias baseadas nos oceanos.

  • Foi o segundo de uma série de encontros internacionais este ano, que colocam os oceanos como tema central, o que já incluiu o The One Ocean Summit, realizado na França, em fevereiro, e contará com a COP27, no Egito (novembro).

No papel, os chefes de Estado e governo afirmaram estar “profundamente alarmados com a emergência global enfrentada pelos oceanos”, incluindo “aumento do nível do mar, da erosão costeira, do aquecimento e da acidificação dos oceanos”.

Reconhecem a “importância das comunidades indígenas” e do seu conhecimento tradicional e pedem ainda o “empoderamento de meninas e de mulheres em prol do avanço de uma economia sustentável baseada nos oceanos”.

Ilhas de hidrogênio

O ministro da Economia e do Mar de Portugal, António Costa Silva, levou a proposta de criação de ilhas artificiais energéticas, com eólicas offshore e produção de hidrogênio verde, que serviria de combustível para barcos e aviões.

  • “Essas ilhas artificiais, plataformas multiuso, podem ser chave para a economia do oceano, a economia sustentável”, disse em entrevista à ONU News.
  • Pelo Brasil, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, voltou a falar das projeções vultosas de investimento se o setor decolar — ainda não há previsão oficial dos primeiros leilões para eólicas offshore, contudo.
  • “[São] soluções que vão trazer investimentos de US$ 200 bilhões em eólicas offshore para o Brasil, para essa produção de 700 GW; e US$ 100 bilhões para transformar isso em hidrogênio e amônia verdes”, disse o ministro.

Cobrimos por aqui

Mas por enquanto, as ilhas são de plástico

O documento final da Conferência dos Oceanos, assinado pelo Brasil, também prevê a eliminação do lixo plástico marinho.

Por aqui, cada brasileiro pode ser responsável por jogar 16 kg de plásticos no mar por ano. São 3,44 milhões de toneladas do material no meio ambiente, ou ainda 1/3 do plástico produzido no país com risco de chegar ao oceano. Exame

Os dados são do estudo da Blue Keepers, projeto ligado à Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da ONU no Brasil.

Os microplásticos representam entre 30% a 40% dos objetos que estão nas profundezas dos mares, sendo que 90% deste lixo estão em águas mais profundas do que 6 mil metros, segundo o relatório O Estados dos Oceanos, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

“O lixo no mar, especialmente o plástico, é um grave problema ambiental que a comunidade internacional finalmente começou a reconhecer e a estabelecer mecanismos para enfrentá-lo de forma coordenada”, disse Joaquim Leite.

Para a agenda

— Terça (5/7), às 8h00Economia Verde 2022: ESG em pauta, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Evento com participação prevista dos deputados federais Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), Marcelo Ramos (PSD/AM) e de representantes do BNDES, da Suzano e do Instituto Brasileiro de Árvores (IBÁ).

— Terça (5/7), às 9h30Fundo de investimentos para financiar projetos de crédito de carbono, na Câmara dos Deputados. Audiência em comissões convida Roberto Campos Neto (BCB), Gustavo Montezano (BNDES); Fausto Ribeiro (BB); e Davi Bomtempo (CNI).