Gás Natural

Eneva fecha contrato para fornecimento de GNL à Vale no Maranhão

Este é o segundo acordo fechado pela produtora de gás com clientes industriais no estado desde maio

Eneva fecha contrato para fornecimento de GNL à Vale no Maranhão. Na imagem, unidade de tratamento de gás natural da Eneva no complexo Parnaíba (Foto: Divulgação)
Unidade de tratamento de gás natural da Eneva no complexo Parnaíba (Foto: Divulgação)

RIO — A Eneva fechou um contrato com a Vale, para fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) à Usina de Pelotização de São Luís, no Maranhão, a partir do primeiro semestre de 2024. A distribuidora estadual de gás canalizado, a Gasmar, espera que a mineradora funcione como cliente âncora que permitirá a chegada de gás natural à capital maranhense e, no futuro, o desenvolvimento de uma rede local.

O acordo entre Eneva e Vale, no mercado livre, tem vigência de cinco anos a partir do início do fornecimento comercial.

A mineradora vai substituir o uso do óleo combustível — o que permitirá uma redução estimada de 28% nas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) da usina. Segundo a Gasmar, o volume contratado é de 250 mil m3/dia.

A produtora de gás suprirá a Vale a partir de sua produção de gás na Bacia do Parnaíba. A Eneva vai instalar uma segunda unidade de liquefação de gás natural no Parnaíba, com capacidade instalada de 300 mil m³/dia.

A companhia já havia anunciado, em maio, a construção de uma primeira unidade de igual capacidade, para atender à demanda da Suzano.

Com o novo acordo, a Eneva ampliará a capacidade total de liquefação na Bacia do Parnaíba para 600 mil m³/dia. O objetivo é abastecer, majoritariamente, os seus dois primeiros clientes industriais.

O investimento total nas duas unidades de liquefação é estimado em R$ 980 milhões.

Eneva estreia como comercializadora de gás e GNL

Os contratos com a Suzano e Vale marcam a estreia da Eneva como comercializadora de gás natural. Hoje, toda a produção da empresa é destinada a projetos próprios de termelétricas a gás.

Em paralelo, a Eneva tem planos de instalar um terminal de importação de GNL em São Luís (MA).

A ideia é desenvolver novos hubs de gás, com um mix de gás nacional e importado, para atendimento tanto a novas termelétricas quanto a consumidores industriais.

A companhia estuda, no futuro, conectar o terminal de GNL ao Complexo do Parnaíba, por meio de um gasoduto de cerca de 300 km de extensão e investimento estimado de R$ 2 bilhões.

O Complexo do Parnaíba é o principal ativo da empresa, hoje, com uma produção de gás da ordem de 8 milhões de m³/dia para geração de energia. O parque termelétrico local é de 2 GW.

Gasmar vê contrato como marco

A distribuidora estadual vai construir uma planta de regaseificação, no Porto de Itaqui, para receber os caminhões de GNL da Eneva. A unidade será conectada a uma rede de distribuição de 4 km que abastecerá a usina da Vale.

Por lei, o consumidor livre tem que, necessariamente, usar o sistema de distribuição da Gasmar.

O diretor técnico-comercial da distribuidora, Paulo Guardado, conta que o contrato de distribuição assinado com a Vale é um marco para a concessionária.

A Gasmar, segundo ele, pretende, a partir da planta de regaseificação do Porto de Itaqui, desenvolver, no futuro, a rede de São Luís, para abastecimento de postos de GNV e outras indústrias, no mercado regulado.

A companhia, contudo, não tem uma data para início da expansão da rede.

Guardado afirma que a Gasmar mantém negociações com a Eneva, para compra de gás. A distribuidora ainda estuda qual será a capacidade da planta de regaseificação. Vai depender, em parte, de quanto a concessionária avançar nas negociações com potenciais consumidores. É possível que a unidade tenha capacidade para mais de 250 mil m3/dia (volume a ser consumido pela Vale), para viabilizar, assim, o suprimento a outros clientes.

O executivo também vê potencial para instalação, no futuro, de outras unidades de regaseificação, no interior do estado ou na Região Metropolitana de São Luís. Segundo ele, vai depender do desenvolvimento do mercado — tanto livre quanto regulado — do estado.

Questionado sobre os critérios de escolha da localização da planta de regás de São Luís, a 4 km da Vale, Guardado explicou que a definição do local passou pela análise de um conjunto de fatores.

“A região não tem tantas áreas disponíveis assim. Optamos por uma área mais afastada de áreas de risco e que tem uma logística boa de movimentação, para a chegada dos caminhões de GNL e para futuras ligações com outros clientes. Está próxima de estruturas de armazenamento de grãos e portuárias”, disse.