RIO — Com 15 GW em projetos eólicos offshore no Brasil em licenciamento, a Ocean Winds — joint venture entre a Engie e a EDP Renováveis para geração de energia eólica no mar — acredita que os investimentos na implementação dos primeiros projetos no país serão mais altos que no resto do mundo.
“Em um primeiro momento vai ser mais caro no Brasil, porque não temos cadeia de fornecimento. Vamos precisar de escala para nos tornar competitivos”, afirmou o diretor de desenvolvimento de novos negócios da Ocean Winds (OW), José Partida, a jornalistas.
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A empresa já tem projetos em desenvolvimento na França, Polônia, Estados Unidos e Coréia do Sul, além de três projetos, que somam 1,5 GW — já em construção ou operação — em Portugal, Bélgica e Reino Unido.
O executivo conta que, hoje, para cada 1 GW de capacidade instalada, são necessários US$ 2,5 bilhões em investimentos iniciais em parques eólicos. O custo é mais de duas vezes maior que o necessário para projetos de eólicas em terra — que, em média, custam um pouco menos de US$ 1 bilhão para cada GW, estimou Partida.
Segundo ele, a tendência natural é que o custo das eólicas offshore caia ao longo da década, principalmente devido ao aumento das potências dos aerogeradores.
“Para 2030, provavelmente, vamos ver aerogeradores maiores, com mais potência unitária, o que vai fazer o custo baixar”, comentou.
Para isso, contudo, o executivo da OW pensa que o Brasil deve acelerar tanto a definição do marco regulatório, que é objeto de discussão tanto no Congresso como no Ministério de Minas e Energia; como o desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos nacional.
“Se você quer que o custo de energias seja mais baixo no futuro, o momento de começar é agora, para que se desenvolva a cadeia de suprimentos”, disse.
À espera do marco regulatório
Para o executivo, a demora na regulação das eólicas offshore no Brasil pode levar a uma dificuldade no momento de acessar peças e serviços, em função da expectativa de aquecimento da demanda por bens e serviços no mercado global.
“Se você não desenvolve os projetos agora, haverá um pico de demanda de construção offshore. E pode correr o risco de não conseguir navios e aerogeradores”, afirmou
Partida também chama a atenção para a necessidade de se preparar uma infraestrutura de transmissão da energia capaz de escoar a geração offshore.
Segundo ele, como os projetos só estarão em operação por volta de 2030, há tempo suficiente para que esse trabalho seja feito nos próximos anos.
“A rede de transmissão vai ser um desafio com certeza. É importante ter um planejamento de transmissão que inclua esse potencial de eólicas offshore (…) Tem que ter um trabalho anterior feito com a EPE, Aneel, ONS de ter em conta a eólica offshore”, defendeu Partida.
Apesar de a Engie e a EDP pretenderem produzir hidrogênio verde no Brasil, o executivo da Ocean Winds afirma que os projetos de eólicas offshore da companhia estão focados, no momento, na geração de energia, em si.
“Estamos procurando agora a demanda nos leilões de energia, para consumo de eletricidade do mercado”, disse.
Partida acredita, no entanto, que as eólicas offshore poderiam compor um mix energético importante para reduzir o custo do hidrogênio verde produzido no país.
“A eólica offshore pode ser usada para produzir hidrogênio, mas também pode ser utilizada para produzir energia elétrica, ajudar o sistema, para que outros projetos que tenham uma energia mais competitiva, como eólica onshore e solar, no Nordeste, produzam o hidrogênio verde”, pontuou o executivo.