RIO — O governo federal apresentou nesta quinta-feira (9/6) a lista de indicações para o conselho de administração da Petrobras. São dez nomes, sendo quatro deles membros do atual colegiado e seis candidatos novos — nenhum deles com afinidade com a indústria de óleo e gás.
Dentre os indicados, serão escolhidos oito nomes pelos votos dos acionistas na próxima Assembleia Geral Extraordinária (AGE) — o equivalente às oito cadeiras preenchidas em abril por meio do voto múltiplo.
Entenda: Quando o voto múltiplo é acionado, a chapa apresentada pelo governo é desfeita. Nesse caso, são eleitos os nomes mais votados individualmente, e não em bloco, dentre os nomes indicados pelo controlador e pelos minoritários. Pelas regras, a destituição de qualquer um dos membros eleitos por voto múltiplo força a queda de todos os demais membros eleitos pelo mesmo mecanismo. A próxima assembleia de acionistas da Petrobras, portanto, elegerá oito nomes. As outras três cadeiras do CA são compostas hoje por representantes dos empregados (Rosangela Buzanelli) e dos acionistas minoritários eleitos por voto em separado (Francisco Petros e Marcelo Mesquita).
Além da indicação de Caio Paes de Andrade, apontado pelo governo como novo presidente da Petrobras, o governo vai mudar o comando do CA e indicou para o cargo Gileno Gurjão Barreto — presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Andrade, vale lembrar, é secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital.
Gileno Gurjão Barreto é formado em Direito e tem experiência como assessor legislativo e chefe de gabinete na Câmara dos Deputados e membro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Na iniciativa privada, tem passagens pela PricewaterhouseCoopers, Loeser e Portela Advogados e Barreto, Cunha & Rigo Advogados.
A União manteve dois nomes do atual conselho da Petrobras e que foram, originalmente, indicados pelo governo: Ruy Schneider (militar de origem) e Márcio Weber (atual presidente do CA e único nome da lista com histórico no setor de óleo e gás). A lista de indicados da União também inclui Juca Abdalla e Marcelo Gasparino — atuais conselheiros, mas que haviam sido indicados, na última eleição, pelos minoritários.
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Os outros nomes indicados pela União são:
- Ricardo Soriano de Alencar: Procurador-Geral da Fazenda; como conselheiro, é membro do CA da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) e foi presidente do conselho do Banco do Nordeste do Brasil.
- Edison Garcia: ex-presidente do Conselho de Administração do Banco de Brasília; é diretor-presidente da CEB e tem experiência como conselheiro em uma série de empresas de energia, como a Investco (da EDP) e companhias do grupo Neoenergia, como a Celpe, Cosern, Coelba e Elektro.
- Jonathas Nery de Castro: secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República; foi secretário-executivo da Secretaria de Governo da Presidência; secretário nacional de Saneamento do
Ministério do Desenvolvimento Regional; e diretor de Projetos no Programa de Parcerias
de Investimentos da Presidência da República (PPI). - Ieda Aparecida Gagni: secretária-geral de Administração da Advocacia-Geral da União (AGU). É Procuradora da Fazenda Nacional e tem experiência como presidente do conselho de administração do Banco do Brasil.
Quatro dos atuais conselheiros, indicados pelo governo na última eleição, se despedirão do colegiado: José Mauro Coelho (o presidente da estatal), Murilo Marroquim, Luiz Caroli e Sônia Villalobos.
Desde o anúncio da demissão do presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, em maio, o governo vinha dando indicações de que pretendia fazer uma mudança mais profunda na alta administração da companhia — incluindo os membros do conselho e da diretoria.
Coelho é o terceiro presidente da Petrobras demitido no governo Bolsonaro. Antes dele, o economista Roberto Castello Branco (2019-2021) e o general Joaquim Silva e Luna (2021-2022) saíram, após crises envolvendo reajustes dos combustíveis. Andrade será, portanto, o quarto presidente a assumir a estatal em pouco mais de um ano, desde abril de 2021.