BRASÍLIA — A Fugro publicou nesta quinta (9/6) quatro recomendações para viabilizar o uso simultâneo de áreas do Mar do Norte no desenvolvimentos de parques eólicos offshore e soluções de captura e armazenamento de carbono (CCS).
O estudo foi uma demanda do Ministério de Assuntos Econômicos e Política Climática da Holanda.
Com grandes projetos já em desenvolvimento, o Mar do Norte deve desempenhar um papel chave no fornecimento de energia de baixo carbono à Europa.
Para alcançar as metas de neutralidade climática até meados do século, o governo holandês, por exemplo, aposta tanto na captura e armazenamento de carbono quanto na energia eólica offshore como tecnologias cruciais.
As atuais ambições do país incluem dois projetos de CCS (Porthos e Aramis), e 21 GW de eletricidade gerada por parques eólicos offshore até 2030.
O estudo encomendado à Fugro busca respostas sobre a compatibilidade dessas atividades e em que condições elas podem coexistir com segurança nas proximidades uma da outra.
Com base na avaliação do cenário atual, a multinacional determinou que, embora as atividades possam coexistir, há quatro recomendações principais que devem ser seguidas para garantir a segurança de projetos futuros:
- Desenvolvimento de um modelo de caracterização 3D de sítios geológicos, para determinar a probabilidade de um terremoto ocorrer diretamente abaixo de um parque eólico;
- Monitoramento da injeção líquida de CO₂ para entender os efeitos sobre a pressão da terra;
- Instalação de um sistema de monitoramento sísmico para acompanhar a sismicidade real no local
- Implementação de um sistema de semáforos, isto é, um sistema de gestão de risco sísmico com o qual, por exemplo, as atividades podem ser interrompidas em tempo útil.
Os resultados desse estudo serão usados para informar decisões regulatórias e orientar futuros desenvolvimentos sobrepostos de CCS e parques eólicos offshore.
James Faroppa, diretor de Geoconsulta Marinha da Fugro Europa-África, afirma que a análise busca dar garantias de que os ativos da nova economia de energia funcionem de maneira segura, sustentável e eficiente.
Contratos para eólicas offshore
Em 2019, a Fugro anunciou contratos para realizar levantamentos nos parques eólicos offshore Neart na Gaoithe, operado pela EDF no Mar do Norte, e Greater Changhua, operado pela Ørsted, em Taiwan.
A empresa informou, na divulgação de seu resultado financeiro, crescimento de 5,7% na receita nos primeiros seis meses de 2019, que ficou em EUR 796,9 milhões, impulsionada pelo incremento das atividades em parques eólicos offshore e petróleo e gás.
“Tenho o prazer de informar uma forte melhoria em nossas atividades marinhas, em particular para o desenvolvimento de projetos eólicas offshore e hidrografia. Os negócios da Fugro em não-petróleo e gás são quase metade de nossa receita”, comentou Mark Heine, CEO da Fugro, à época.
A empresa enxerga perspectivas positivas para os mercados de eólica offshore, petróleo e gás e infraestrutura, que devem continuar crescendo.
O parque eólico Neart na Gaoithe terá capacidade instalada para geração de de 450MW e será composto por até 54 turbinas programadas para o comissionamento até 2023.
O parque eólico da Greater Changhua, da Ørsted, têm capacidade instalada total de 2,4 GW. Os parques eólicos Changhua 1 & 2 foram os primeiros a entrar em construção, a partir de 2021, e contarão com 112 turbinas Siemens Gamesa 8MW.
Mercado global de US$ 1 tri
Análise da consultoria Wood Mackenzie (WoodMac) projeta quase US$ 1 trilhão em investimentos para a indústria eólica offshore na próxima década. Até 2030, a expectativa é que 24 países tenham parques eólicos offshore de grande escala, acima dos nove atuais.
A capacidade total deverá atingir 330 GW, acima dos 34 GW em 2020. Até 2030, a produção de energia em alto mar deverá atrair a mesma quantidade de capital que as eólicas em terra.
“A energia eólica offshore está prestes a se tornar uma das principais tecnologias que impulsionam a descarbonização da economia global. A tecnologia é comprovada e os investidores confiam nela”, dizem os analistas da WoodMac.
Os custos, que já caíram 50% entre 2015 e 2020, devem cair ainda mais segundo a consultoria, que vê a tecnologia se tornando cada vez mais competitiva.
O primeiro contrato para um projeto eólico offshore totalmente sem subsídios foi assinado em dezembro passado na Dinamarca.