Energia

Mulheres e tecnologia: como as empresas estão caminhando para a diversidade

Entrevista com Veronica Turner, líder para a América Latina de soluções de segurança da Honeywell

Mulheres e tecnologia: como as empresas estão caminhando para a diversidade. Na imagem, Veronica Turner, líder para a América Latina de soluções de segurança da Honeywell (Foto: HUG 2022 Americas/Divulgação)
Veronica Turner, líder para a América Latina de soluções de segurança da Honeywell (Foto: HUG 2022 Americas/Divulgação)

ORLANDO — “Trabalhar para empresas que estão abertas a dar oportunidades iguais a diversos gêneros permite testar pessoas com o melhor de suas capacidades, não por gênero, por habilidades”, assim Veronica Turner, líder para a América Latina de soluções de segurança da Honeywell, resume sua experiência como gestora na área de tecnologia.

Em entrevista à agência epbr, ela reconhece que grandes empresas em setores tradicionalmente dominados por homens — como energia, óleo e gás e tecnologia — estão passando por mudanças nas estruturas organizacionais, mas “talvez não na extensão e na velocidade que queremos ver”.

“Há toneladas de oportunidades em grandes empresas como a nossa, e quando se trata de tecnologia, nós mulheres somos igualmente capazes de aprender novas tecnologias. Para uma empresa que está sempre investindo em novas tecnologias, é importante investir para reter e promover as mulheres nas áreas que implantamos”.

A executiva lista alguns passos que podem ser dados dentro e fora das organizações para ampliar a diversidade e reter novos talentos, como treinamentos, mentorias e planos de carreira.

Parece óbvio, mas a escassez relativa de modelos femininos no setor leva também a uma carência de redes para mulheres.

Em termos globais, isso é um problema. Um estudo da Universidade da Pensilvânia e da Harvard Business School mostra que homens preferem promover e premiar outros homens, o que se aplica também na hora de escolher os ‘pupilos’ para mentoria.

Virar essa chave requer também criar oportunidades para que pessoas de ‘fora da bolha’ possam aprender.

“Conseguir promover essas mulheres é muito importante também. Garantir uma estrutura organizacional onde o gestor consegue visualizar quem poderia assumir o seu papel, em um plano de sucessão. Ir preparando essas novas profissionais nessa direção. Eu faço exatamente o mesmo. Eu penso dessa forma”.

Veronica é do Equador e migrou para os Estados Unidos já adulta, e hoje também lidera a rede de funcionários hispânicos da Honeywell, uma das sete redes de mulheres para diferentes etnias e orientações sexuais. .

“Eu precisava ter certeza de que minha voz era ouvida e que, além do meu gênero e sotaque, eu era vista como um cérebro inteligente”.

Essas redes trabalham para garantir que as colaboradoras tenham uma carreira sólida, mas também sejam mentoras e modelos para outras mulheres.

“Você não precisa ser mulher para estar na rede feminina. Você só precisa acreditar na promoção das mulheres.”

Educação como o motor principal

“Independente do gênero, cor de pele ou nacionalidade, a educação é fundamental. Portanto, certifique-se de que temos o direito e acesso à educação de qualidade”.

Na avaliação de Veronica, faz toda a diferença quando as empresas se tornam grandes aliadas das universidades e das escolas.

E conta o exemplo da Honeywell Automation College, que permite que os recém graduados possam aplicar os conhecimentos teóricos da universidade e ter experiências mais próximas à realidade.

Para aprofundar

Mulheres alavancando a diversidade

Entre 22 e 26 de maio, a Honeywell promoveu em Orlando, na Flórida, seu encontro anual com seu grupo de usuários, o HUG Americas 2022, e um dos painéis principais foi justamente sobre mulheres e tecnologia.

“Vou a essas conferências e olho para a esquerda, olho para a direita e ninguém se parece comigo”, disse Jakira Jekayinfa-Brown, engenheira elétrica do East Bay Municipal Utility District em Oakland, Califórnia.

Segundo Jakira, aumentar a diversidade nesses espaços significa apresentar melhores soluções e tecnologias capazes de atender as necessidades de todos “de verdade”.

“O que acende minha paixão são as possibilidades e a tecnologia que está por vir”.

Além das atualizações tecnológicas, a transformação digital também precisa de uma mudança de cultura.

Ethel Nakano, gerente geral de projetos Syncrude para Suncor, contou que quando estava na escola há 30 anos, as mulheres representavam cerca de 20% do corpo discente, mas no ambiente de trabalho e em programas de graduação, esse número caiu significativamente.

“Avançando 30 anos, pensei, francamente, que estaríamos em um lugar melhor. Mas quando você olha ao redor desta sala, que é uma conferência técnica, não estamos igualmente representados em termos de participação”, observou Ethel.

Para Jakira, é preciso estar aberto a ter conversas desconfortáveis. “Acho que primeiro estar ciente de que há um problema. Se você não estiver ciente de que há um problema, esteja aberto a ouvir para descobrir como você pode fazer parte da solução”.

* A jornalista viajou a convite da Honeywell