RIO — A Eneva assinou nesta terça-feira (31/5) o contrato para aquisição da Centrais Elétricas de Sergipe Participações S.A (Celsepar) junto à New Fortress Energy e à Ebrasil. Pelo acordo, a companhia irá adquirir 100% de participação na termelétrica Porto de Sergipe (1,593 GW), em Barra dos Coqueiros (SE), e garante acesso à infraestrutura de importação de gás natural liquefeito (GNL).
Como parte da transação, a Eneva incorpora ao portfólio, também, os direitos de expansão da termelétrica e 100% da Centrais Elétricas Barra dos Coqueiros S.A. (Cebarra) — o que representa uma carteira adicional de 3,2 GW de projetos de expansão adjacentes à usina.
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A companhia pagará R$ 6,1 bilhões pela transação e assumirá também a dívida atual da Celse, subsidiária da Celsepar, de R$ 4,1 bilhões. Com isso, o negócio totalizará R$ 10,2 bilhões.
Em nota, o presidente da Eneva, Pedro Zinner, afirmou que a aquisição da Celse é um “passo fundamental” para que a companhia tenha sua “primeira infraestrutura de hub de gás”.
O terminal de GNL que abastece a usina continuará afretado à termelétrica até 2044. Da capacidade total do ativo, de 21 milhões de m³/dia, cerca de 6 milhões de m³/dia estão dedicados à usina.
“Assim, a aquisição garante à Eneva acesso a gás importado e infraestrutura com capacidade disponível que permite a gestão de flexibilidade de suprimento com confiabilidade, contribuindo adicionalmente para a expansão do segmento de comercialização de gás”, esclareceu a empresa, em fato relevante publicado na noite desta terça-feira (31/5).
A usina Porto de Sergipe é a maior térmica a gás em atividade, hoje, no Brasil, de acordo com dados da Aneel. A termelétrica tem capacidade equivalente a 15% da demanda de energia da região Nordeste e está integralmente contratada no ambiente regulado até dezembro de 2044. O ativo faz jus a uma receita fixa anual de R$ 1,9 bilhão.
A aquisição da Celse pode representar uma expansão imediata de 66% na capacidade contratada de geração a gás natural da Eneva, para cerca de 3,9 GW.
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A Eneva possui, hoje, 3,7 GW contratados, dos quais 2,34 GW são termelétricas a gás — o restante do parque é composto por usinas de energia solar e a carvão.
A informação sobre a transação havia sido antecipada na segunda-feira pelo Brazil Journal e confirmada pela agência epbr. Na ocasião, a Eneva esclareceu, em comunicado ao mercado, que não existiam “quaisquer documentos definitivos e/ou vinculativos” celebrados com os acionistas da Celse, para compra do ativo, mas que a empresa “está constantemente avaliando possíveis oportunidades de crescimento que contribuam para o desenvolvimento e incremento de seu plano de negócios e gerem valor para seus acionistas”.
Ao confirmar oficialmente a operação, a Eneva esclareceu nesta terça-feira que a conclusão do negócio ainda está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica(Cade); ao aval de credores e da assembleia geral da companhia.
Segundo a New Fortress Energy, a expectativa é que a transação seja concluída no segundo semestre de 2022.