Diálogos da Transição

Capacidade global de energia solar deve chegar a 2,3 TW em 2025

Solar é a renovável de mais rápido crescimento, com mais da metade dos 302 GW de capacidade limpa instalada internacionalmente em 2021

Capacidade global de energia solar deve chegar a 2,3 TW em 2025. Na imagem, usina solar sobre as águas em Huainan, na província de Anhui, na China, produz cerca de 40 MW de energia por ano, sendo a maior do mundo no modelo flutuante
Sobre as águas, a usina solar em Huainan, na província de Anhui, na China, produz cerca de 40 MW de energia por ano, sendo a maior do mundo no modelo flutuante (Foto: Divulgação)

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Editada por Nayara Machado
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A capacidade solar global dobrou nos últimos três anos, alcançando a marca de 1 terawatt, em abril de 2022 e a previsão é dobrar para 2,3 TW em 2025, mostra o Global Market Outlook for Solar Power 2022-2026.

Apesar dos impactos causados pela pandemia de covid-19 no mundo, o mercado solar continua aquecido e em menos de quatro anos deve instalar em nova capacidade o equivalente ao dobro de geração de eletricidade da França e da Alemanha somadas.

O estudo mostra que a energia solar é a renovável de mais rápido crescimento, representando mais da metade dos 302 GW de capacidade limpa instalada internacionalmente em 2021.

Com 168 GW de adições, a fonte supera em 70 GW o próximo maior instalador — a eólica.

China manteve sua liderança de mercado em 2021, com uma taxa de crescimento anual de 14% e uma alta histórica de 54,9 GW de nova energia — duas vezes mais capacidade do que o segundo maior mercado, os Estados Unidos.

Nos EUA, o crescimento foi de 42% em 2021 em relação a 2020. Já a Índia recuperou sua terceira posição com 14,2 GW de instalações solares.

Enquanto a Europa alcançou 31,8 GW de capacidade solar adicional — um crescimento de 33%.

“O impacto da guerra russa na Ucrânia e os desafios de segurança energética que a acompanham, juntamente com as metas climáticas da UE, estão impulsionando a transição renovável do continente — com 25 dos 27 estados membros da UE prontos para instalar mais energia solar em 2022 do que em 2021”, aponta o documento.

No caso do Brasil, mercado líder do segmento na América Latina, a projeção é que ele deve se tornar um dos principais mercados globais nos próximos anos, podendo atingir 54 gigawatts (GW) de capacidade solar total até 2026.

“Em 2021, o Brasil foi um dos mercados líderes do mundo na instalação de novos sistemas solares, tendo adicionado 5,7 GW ao longo do ano, considerando a somatória das grandes usinas fotovoltaicas com os sistemas de geração própria de energia solar em telhados, fachadas e pequenos terrenos”, comenta Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar.

Atualmente, a fonte solar é a quinta maior da matriz elétrica brasileira, com 15,3 GW de capacidade instalada em operação.

Cobrimos por aqui:

Apesar do otimismo, o Brasil vai precisar rever sua política energética nos próximos anos, se quiser se posicionar como um grande mercado de renováveis.

Na visão de especialistas que participaram nesta quarta (18/5) de um webinar realizado pelo Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura (Ceri) da Fundação Getúlio Vargas, país deve fazer uma reforma institucional urgente para dar segurança aos investimentos no setor.

“Já estávamos em uma situação difícil, que precisava de uma coordenação global e agora chegamos a uma sensação que até a nossa coordenação doméstica está em xeque”, diz Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

Para a executiva, a invasão da Rússia na Ucrânia mudou a forma de pensar a transição energética, que deixou de ser uma questão específica de mudança climática e se tornou questão de soberania.

“Os países vão pensar na segurança energética e acelerar o programa de renováveis. Vários pacotes vão surgir nesse sentido. Isso vai trazer uma pressão nos preços relativos, e nós vamos padecer a curto e médio prazo, até o mercado buscar o seu ajuste”, explica.

Crítica da obrigatoriedade de contratação de termelétricas a gás no Nordeste do país incluída na lei de privatização da Eletrobras, Gannnoum afirma que o Brasil tem investidores com recursos disponíveis e capacidade para atrair investimentos. O que falta são sinais institucionais para dar segurança.

Vale dizer: Com sete votos favoráveis e apenas um contrário, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta quarta-feira (18/5) a proposta do governo Bolsonaro para privatizar a Eletrobras.

O mercado de energia teme os efeitos da concentração das grandes hidrelétricas do país nas mãos de uma corporação privada. Até mesmo especialistas favoráveis à privatização são contra a capitalização e apontam inconstitucionalidades na MP e na lei final, como a contratação obrigatória de térmicas e PCHs.

Enquanto isso, Petrobras estuda eólicas offshore. O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, afirmou, também na quarta, que a companhia estuda entrar no segmento de eólicas offshore no longo prazo.

“A energia eólica offshore é uma das alternativas em estudo para a atuação da nossa companhia a longo prazo”, disse o executivo, ao participar de evento sobre o mercado global de carbono.

Segundo ele, a companhia já possui uma carta de intenções com a Equinor para colaborar com o projeto offshore Aracatu, da companhia norueguesa, na Bacia de Campos.

Coelho acredita que a Petrobras pode utilizar sua expertise em operações em águas profundas e ultra profundas, para desenvolver projetos de eólicas em alto mar.

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