BRASÍLIA — A Casa dos Ventos, empresa brasileira de energias renováveis, emitiu nesta quarta (4/5) seus primeiros títulos verdes para investir em projetos com benefícios ambientais. As debêntures verdes somam R$ 430 milhões e vão financiar parte da expansão do Complexo Eólico Rio do Vento — um dos maiores parques onshore do mundo.
O Complexo tem investimento de R$ 4,9 bilhões, e conta, ainda, com o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Nordeste (BNB).
A oferta de debêntures da Casa dos Ventos foi coordenada pelos bancos BTG Pactual (coordenador líder), Itaú BBA e BNDES. Esta é a primeira participação do banco público na coordenação de emissão de debêntures. Os títulos terão remuneração semestral e prazo total de 16 anos.
“O mercado financeiro, como reflexo da importância e da urgência da transição energética mundial, tem valorizado cada vez mais os títulos com atributos ambientais”, explica Ivan Hong, diretor Financeiro da Casa dos Ventos.
“As debêntures que estamos emitindo contribuem para viabilizar um projeto com impacto positivo comprovado e são uma oportunidade de investimento sustentável”, completa.
As debêntures verdes receberam rating AA pela Fitch Ratings e serão negociadas na B3. Além da avaliação em relação às práticas ESG conduzida pelas instituições financeiras, a emissão conta com parecer positivo de enquadramento como Título Verde concedido pela consultoria Sitawi, considerando o alinhamento com os Green Bond Principles, critérios estabelecidos pela International Capital Market Association (ICMA).
As debêntures verdes da Casa dos Ventos estão vinculadas a quatro parques eólicos que somam 268 MW de capacidade e têm potencial de geração anual de 1.389 GWh de energia renovável, além de evitar a emissão anual de 662 mil toneladas de CO2 equivalente.
O empreendimento completo de Rio do Vento, quando concluído, terá 240 aerogeradores com 1.038 MW de potência instalada. A Casa dos Ventos calcula que o complexo vai evitar emissões anuais de 2 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
A primeira fase do complexo está em operação, com 504 MW de capacidade, e fornece energia para Anglo American, Braskem, Grupo Moura, Tivit, Vulcabras, entre outros.
A expansão financiada pelas debêntures adicionará outros 534 MW em 2023. Segundo o grupo, a energia já está contratada e vai abastecer as operações da Dow e da Rima Industrial.
Hidrogênio no Piauí
No final do ano passado, a Casa dos Ventos firmou uma parceria com a Nexway, empresa de eficiência energética da Comerc, para desenvolver projetos de produção de hidrogênio verde (H2V) no Brasil. A estratégia envolve tanto projetos de larga escala, olhando a exportação de H2V, como a produção de pequeno e médio porte nas indústrias — uma espécie de geração distribuída de hidrogênio verde.
O primeiro projeto a sair do papel será no Piauí, começando como uma planta piloto. As empresas firmaram um memorando de entendimento com o estado na COP26.
Outros três projetos de grande porte em estudo são na Bahia, Ceará e Pernambuco.
A unidade de produção de H2V do Piauí será instalada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Porto de Parnaíba, e contará com um eletrolisador pequeno capaz de abastecer dois ônibus.
A Casa dos Ventos, maior desenvolvedora de projetos eólicos no Brasil, já possui 3 GW de capacidade instalada no estado e espera acrescentar mais 3,5 GW de eólicas onshore nos próximos anos.