BRASÍLIA — A australiana Fortescue Future Industries (FFI) e a distribuidora Firstgas anunciaram na segunda (2/5) uma colaboração para identificar oportunidades para produzir e distribuir hidrogênio verde para residências e empresas na Nova Zelândia.
As empresas assinaram um memorando de entendimento não vinculativo para estudos de viabilidade e avaliação do uso dos ativos de energia existentes.
O hidrogênio verde está entre as grandes apostas para entregar energia limpa para setores difíceis de descarbonizar. Mas ainda há dúvidas sobre como será o transporte e distribuição, dadas sua alta volatilidade.
Uma das soluções estudadas pelos agentes interessados na tecnologia é o aproveitamento das infraestruturas de gás natural.
A Firstgas controla a maior rede de gás da Nova Zelândia, com mais de 2.500 km de dutos de transmissão de alta pressão e 4.800 km de dutos de distribuição na Ilha do Norte, conectando mais de 300 mil residências e empresas ao gás.
Em março de 2021, a Firstgas anunciou um plano para descarbonizar a rede de dutos da Nova Zelândia, fazendo a transição do gás natural para o hidrogênio. A partir de 2030, o hidrogênio será misturado à rede de gás natural da Ilha do Norte, com conversão para uma rede 100% de hidrogênio até 2050.
“A produção de hidrogênio verde e seu uso na Nova Zelândia fornecerão segurança energética, criarão empregos locais e permitirão a descarbonização da indústria pesada local”, diz Julie Shuttleworth, CEO da FFI.
A colaboração dá sequência a um acordo assinado no ano passado entre a FFI e a Channel Infrastructure para investigar a viabilidade de produção, armazenamento e distribuição de hidrogênio verde em escala industrial do terminal de combustível de Marsden Point.
Fortescue distribuirá hidrogênio verde na Europa
No final de março, a Fortescue também fechou um acordo com uma das principais distribuidoras de gás da Europa, a alemã E.ON, para entregar até cinco milhões de toneladas por ano de hidrogênio verde para a Europa até 2030.
O volume equivale a aproximadamente um terço da energia térmica que a Alemanha importa da Rússia.
“A energia verde reduzirá drasticamente o consumo de combustível fóssil na Alemanha e ajudará rapidamente a substituir o fornecimento de energia russo, ao mesmo tempo em que criará uma nova e maciça indústria de emprego intensivo na Austrália”, disse Andrew Forrest, presidente e fundador da FFI.
De acordo com o comunicado, ambas as empresas irão colaborar com os governos alemão e australiano para obter o fornecimento o mais rápido possível e ajudar a descarbonizar empresas de médio porte na Alemanha, Holanda e outras regiões europeias atendidas pela E.ON.
A E.ON estima uma demanda crescente por hidrogênio verde, especialmente na sua base de clientes industriais de pequeno e médio porte.
Investimento de R$ 6 bi no Ceará
A FFI também está investindo no Brasil. Com investimento de US$ 6 bilhões, a subsidiária da mineradora australiana, Fortescue Metals Group, vai construir uma usina de hidrogênio verde no Ceará. O memorando de entendimento com o governo do estado foi assinado em julho do ano passado.
A usina vai fazer parte do Hub de Hidrogênio Verde, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. A meta da FFI é começar as operações em 2025 e produzir 15 milhões de toneladas de H2V até 2030.
“Na FFI, nossa visão é fazer do hidrogênio verde a commodity de energia mais comercializada globalmente no mundo. Queremos impulsionar o uso da energia verde e a indústria de produtos, aproveitando os recursos de energia renovável do mundo para produzir eletricidade verde” afirmou Julie Shuttleworth em julho passado.