Atualizada no dia 03/05, para correção: O complexo solar Boa Sorte (MG) deve demandar investimentos de US$ 320 milhões, e não R$ 320 milhões como informado anteriormente.
A Hydro Rein e a Albras (Alumínio Brasileiro S.A., joint venture entre o grupo norueguês Norsk Hydro e a japonesa NAAC) fecharam um acordo para compra de participação no complexo solar Boa Sorte (438 MW). O projeto, da Atlas Renewable Energy, está previsto para ser construído em Paracatu (MG).
O complexo deve demandar investimentos de U$$ 320 milhões e fornecerá energia renovável de longo prazo para a Albras — que participará do projeto de autoprodução tanto como consumidora quanto investidora.
Com o negócio, fechado em abril, a Hydro Rein — braço da Hydro para investimentos em energias renováveis — amplia a participação em projetos de geração solar fotovoltaica, dentro da estratégia do grupo norueguês de descarbonizar suas plantas de alumínio.
Além do investimento no complexo Boa Sorte, a Hydro Rein também integra o consórcio com a Equinor e Scatec para desenvolvimento do projeto de energia solar Mendubim (453 MW) no Rio Grande do Norte.
Pelos termos do acordo com a Atlas Renewable Energy, a Hydro entra no complexo solar Boa Sorte em duas frentes: diretamente por meio da Hydro Rein e, indiretamente, via Albras. A japonesa NACC (Nippon Amazon Aluminium), por sua vez, entra no empreendimento de forma indireta, por meio da Albras — cuja fábrica, no Pará, é a maior produtora de alumínio primário do Brasil, com capacidade para produzir 460 mil toneladas por ano, segundo a companhia.
Até então, a Atlas Brasil Energia Holding detinha 100% do complexo solar em Minas, por meio da Atlas Boa Sorte Comercializadora de Energia. Com o acordo, a Hydro Rein adquire uma participação societária na Atlas Boa Sorte e, em paralelo, a Albras pretende exercer o direito de opção de compra de uma fatia do capital da empresa à venda.
“A Albras fechou uma parceria com a Hydro Rein e com a Atlas Renewable Energy para desenvolver, construir e operar um projeto de autoprodução de energia em uma usina solar que será construída em Minas Gerais, Brasil”, informou a Hydro nesta segunda (2/5).
PPA de vinte anos para autoprodução, com Albras
As usinas fotovoltaicas de Boa Sorte já contam com autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A formação da sociedade entre a Hydro Rein, Albras e Atlas aguarda o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O acordo para desenvolvimento do complexo de energia solar inclui um contrato privado de suprimento de energia, um PPA (Power Purchase Agreement, em inglês) com a Albras. A empresa de alumínio comprará 815 GWh por ano, entre o primeiro trimestre de 2025 e 2044.
“Isso representa 12% da demanda anual de energia elétrica da Albras, que é a maior consumidora de eletricidade do Brasil como uma única unidade industrial”, diz a empresa.
O início da construção do complexo Boa Sorte está previsto para o quarto trimestre de 2022, com início das operações no quarto trimestre de 2023.
Em 37 anos de produção de alumínio, a Albras foi abastecida exclusivamente pela Usina Hidrelétrica de Tucuruí, da Eletronorte. “O acordo com Boa Sorte representa uma diversificação do fornecimento de energia e apoiará sua competitividade internacional a longo prazo”, complementa a empresa.
Hydro em consórcio no Rio Grande do Norte
O Cade também analisa a entrada da Hydro Rein no consórcio Mendubim, com Scatec e Equinor Renewables, que desenvolve o projeto solar de mesmo nome no Rio Grande do Norte.
Trata-se de um complexo fotovoltaico com potência outorgada total de 453 MW, no município de Açu.
A Hydro Rein pretende assumir participações co-controladoras da Scatec e da Equinor no projeto, incluindo a Mendubim Solar EPC Ltda, a empresa de engenharia criada para a construção do projeto.
Até o fim de 2020, a capacidade instalada de autoprodução da indústria brasileira de alumínio somava 2,423 MW, sendo mais de 90% a partir de usinas hidrelétricas, incluindo as centrais de pequeno porte. O restante do portfólio é composto por termelétricas, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).