O licenciamento de parques eólicos offshore no Brasil ultrapassou os 106 GW de potência em licenciamento no Ibama este mês, com a chegada de projetos da TotalEnergies (9 GW) e da Shell Brasil (17 GW).
Os projetos da TotalEnergies são os parques Sopros do Ceará, Sopros do RJ e Sopros do RS, cada um com 200 aerogeradores de 15 MW, totalizando 3 GW de potência em cada um.
Agora, são 45 parques em licenciamento, em diversos estados brasileiros, do Rio Grande do Sul ao Ceará. Todos ainda em fase inicial de desenvolvimento e que podem mudar ao longo do tempo.
Os parques são pensados para os estados do Rio Grande do Sul (30 GW), Rio de Janeiro (27 GW), Ceará (23 GW), Rio Grande do Norte (16 GW), Espírito Santo (6 GW) e Piauí (5 GW).
A Shell tem os maiores projetos, com 17 GW em licenciamento, seguida da Ocean Winds, joint venture da Engie com a EDP (15 GW) e a Bluefloat Energy (15 GW).
O perfil de grupos é variado, com empresas nacionais e estrangeiras, do setor de óleo e gás – Equinor foi uma das primeiras a se interessar pelo Brasil –, geração de energia, desenvolvedoras de projetos e até mesmo um fundo de pensão internacional.
Entenda: eólicas offshore no Brasil
- O interesse por eólicas offshore no Brasil disparou de dois anos para cá e empresas nacionais e estrangeiras demonstram que a fonte, antes algo distante no planejamento energético, é agora uma alternativa promissora para mercados futuros de baixo carbono.
- O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou um decreto para regulamentar a contratação das áreas.
- O Congresso Nacional também discute o tema – o PL 576/21 é o principal e foi proposto por Jean Paul Prates (PT/RN) e é relatado pelo líder do PL, Carlos Portinho (RJ), no Senado, que falou à agência epbr o que pensa sobre o marco legal.
- A geração eólica ocorre apenas em terra no Brasil, com mais de 21 GW em operação e outros 13,5 GW outorgados, totalizando 34 GW, menos de um terço da potência em licenciamento no mar.
Há pouco tempo, a geração marítima era vista como algo distante, sem propósito, dado o grande potencial em terra, com investimento menor e operação mais simples.
O cenário político mudou rapidamente com o interesse de grandes empresas, muitas vezes em projetos associados aos portos brasileiros e à produção de hidrogênio verde.
No Rio Grande do Norte, a Vestas assinou essa semana um acordo para estudar investimentos em eólicas offshore, de olho nesse mercado futuro de hidrogênio verde.
O acordo é resultado de uma visita que a governadora Fátima Bezerra (PT) fez à Dinamarca , em novembro do ano passado, onde se reuniu com representantes da Vestas e da Copenhagen Offshore Partners (COP), braço de investimento do fundo de pensão dinamarquês PensionDanmark.
A COP, inclusive, já possui um projeto offshore em licenciamento na costa do Rio Grande do Norte com capacidade em torno de 2 GW, e um memorando com o estado.
Potencial de 140 GW
A Vestas já participou da instalação de diversos parques eólicos onshore no estado. O Rio Grande do Norte é hoje o líder nacional com 6,6 gigawatts de capacidade instalada em terra. Segundo a governadora Fátima Bezerra, o potencial offshore é de mais 140 GW.
“Estamos avançando para que o nosso estado esteja bem posicionado quando for realizado o primeiro leilão para geração de energia offshore”, disse a governadora.
O Rio Grande do Norte conta com quatro projetos de eólicas offshore, além da Copenhagen Offshore Partners.
O da Shell é o maior deles, com capacidade total de 3 GW (Galinhos). Ventos Potiguar, da Internacional Energias, vem em segundo com 2,4 GW, seguido da Ventos do Atlântico com cerca de 2 GW.
O governo também possui um memorando de entendimento com a Enterprize Energy – empresa de energia com sede em Singapura – para desenvolver projetos de eólicas offshore e produção de hidrogênio verde (H2V) e amônia verde na costa do estado.
De acordo com o presidente da Enterprize, Ian Hatton, a expectativa de produção inicial é de 2 GW de energia de H2V.