Biocombustíveis

Airbus decola maior avião comercial do mundo com 100% de SAF

Airbus A380 voou durante cerca de três horas e foi abastecido com 27 toneladas de SAF fornecidas pela TotalEnergies

Airbus decola maior avião comercial do mundo com 100% de SAF
Voo do A380 usou um combustível produzido a partir do hidroprocessamento de óleos e gorduras que, pela legislação local, devem ser residuais, como o óleo de cozinha usado (Foto: Adueck/Pixabay)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 29/03/22

Editada por Nayara Machado
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A fabricante francesa de aeronaves Airbus estreou na semana passada o primeiro A380 capaz de voar usando apenas combustível sustentável de aviação (SAF). O A380 é o maior avião comercial do mundo.

A aeronave de teste decolou do Aeroporto de Blagnac, Toulouse, França, às 08h43 do dia 25 de março. O voo durou cerca de três horas, operando um motor Rolls-Royce Trent 900 com 100% de SAF.

Segundo a Airbus, o voo foi abastecido com 27 toneladas de SAF fornecidas pela TotalEnergies.

O combustível foi produzido na Normandia. No início do mês, a Total anunciou o início da produção no norte da França para complementar as capacidades de produção de biocombustível da biorrefinaria La Mède (Bouches-du-Rhône) e da planta de Oudalle (Seine-Maritime).

Para cumprir as metas climáticas, o governo francês estabeleceu um mandato de SAF no país, o que tem movimentado a indústria em busca de escala para a nova tecnologia.

Desde janeiro deste ano, todos os voos no país devem conter pelo menos 1% de SAF misturado ao querosene fóssil.

Internacionalmente, as empresas aéreas também têm metas de descarbonização no Corsia (um esquema de compensação e redução de emissões de CO2 em voos internacionais).

Na última sexta, o voo da Airbus usou um combustível produzido a partir da rota HEFA, que consiste no hidroprocessamento de óleos e gorduras. Pela legislação local, esses óleos devem ser residuais, como o óleo de cozinha usado.

É o terceiro tipo de aeronave Airbus a voar com 100% de SAF ao longo de 12 meses; o primeiro foi um Airbus A350 em março de 2021, seguido por uma aeronave de corredor único A319neo em outubro de 2021.

“Aumentar o uso de SAF continua sendo um caminho fundamental para alcançar a ambição da indústria de emissões líquidas de carbono zero até 2050”, afirma a companhia em nota.

A estimativa é que o combustível sustentável possa contribuir com 53% a 71% das reduções de emissões necessárias.

Segundo a Airbus, atualmente, todas as suas aeronaves são certificadas para voar com até 50% de mistura com o querosene convencional. O objetivo é alcançar a certificação de 100% SAF até o final desta década.

A companhia também quer colocar no mercado, até 2035, a primeira aeronave de emissão zero do mundo. No horizonte, está o hidrogênio.

No início de março, a fabricante de aviões firmou um acordo com a mineradora australiana Fortescue para avaliar a redução de emissões de CO2 da aviação com o uso de hidrogênio verde.

E, na última semana, fechou com a Delta Air Lines uma colaboração em pesquisa e desenvolvimento de um avião movido a hidrogênio.

A Delta é o primeiro parceiro da Airbus com sede nos EUA no projeto da aeronave de hidrogênio. Ela afirmou que oferecerá conhecimentos especializados para identificar expectativas da frota e rede, bem como os requisitos operacionais e de infraestrutura necessários para o desenvolvimento de aviões comerciais que utilizem hidrogênio. Investing.com

Cobrimos por aqui:

  • Política brasileira de SAF deve permitir importação para cumprir mandato

  • US$ 5,7 trilhões por ano até 2030. Lançado nesta terça (29/3), o World Energy Transitions Outlook 2022 da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) diz que será necessário investir US$ 5,7 trilhões por ano até 2030.

    A cifra inclui o imperativo de redirecionar US$ 0,7 trilhão anualmente para longe dos combustíveis fósseis para evitar ativos ociosos.

    Segundo a agência, o ritmo e a escala atual da transição baseada em energias renováveis são inadequados e intervenções de curto prazo para lidar com a atual crise de energia devem ser acompanhadas por um foco firme nas metas de médio e longo prazo para emissões líquidas zero.

    Os altos preços dos combustíveis fósseis, as preocupações com a segurança energética e a urgência das mudanças climáticas ressaltam a necessidade premente de avançar mais rapidamente para um sistema de energia limpa, pontua.

    “A transição energética está longe de estar no caminho certo e qualquer ação menos radical nos próximos anos diminuirá, até eliminará as chances de atingir nossas metas climáticas”, disse Francesco La Camera, diretor-geral da Irena.

    “Hoje, os governos enfrentam vários desafios de segurança energética, recuperação econômica e acessibilidade das contas de energia para residências e empresas. Muitas respostas estão na transição acelerada. Mas é uma escolha política implementar políticas que cumpram o Acordo de Paris e a Agenda de Desenvolvimento Sustentável”.

    Para o executivo, investir em novas infraestruturas de combustíveis fósseis não resolve a crise energética e piora os efeitos das mudanças climáticas.

    “Os altos preços dos combustíveis fósseis podem resultar em pobreza energética e perda de competitividade industrial. 80% da população global vive em países que são importadores líquidos de combustíveis fósseis”.

    Por outro lado, continua, as energias renováveis ​​estariam disponíveis em todos os países, oferecendo uma saída da dependência de importações e permitindo a dissociação das economias dos custos dos combustíveis fósseis.

    Alternativa cada vez mais procurada por quem pode investir na produção própria de energia, a geração distribuída atingiu 10 GW no Brasil.

    A Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), aponta para o ritmo acelerado de instalações no primeiro trimestre, com a adição de 1 GW no período de 67 dias.

    E a expectativa é que o país ultrapasse 15 GW até o final de 2022.

    “O setor está no ano da corrida ao sol. Com o novo marco legal, há uma antecipação de projetos para garantir um melhor resultado do investimento na geração própria de energia até 2045, já que a lei prevê esse benefício para quem ingressar no sistema de compensação até 6 de janeiro de 2023”, comenta Guilherme Chrispim, presidente da ABGD.

    US$ 10 trilhões para ODS. Também nesta terça (29/3), o Pacto Global da ONU lançou a Coalizão de Diretores Financeiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs).

    70 CFOs se comprometeram a investir coletivamente mais de US$ 500 bilhões em apoio aos ODSs.

    A plataforma de colaboração pretende desenvolver princípios e recomendações que integram os ODSs em finanças corporativas e criar um mercado para investimentos tradicionais relacionados a esses objetivos.

    Os objetivos do grupo incluem:

    • Aproveitar compromissos críveis dos CFOs da Coalizão para direcionar trilhões de investimentos corporativos para os ODSs e criar um mercado de US$ 10 trilhões para finanças dirigidas a esses objetivos até 2030.

    • Expandir o Grupo de Liderança do CFO de 70 participantes para 100 em 2022.

    • Fomentar uma comunidade de mil signatários do CFO para os Princípios do CFO sobre Investimentos e Finanças Integrados aos ODSs até 2024.

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