Durante evento no Mato Grosso do Sul, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou que o grupo Acron acertou a compra da fábrica de fertilizantes nitrogenados UFN-III, da Petrobras em Três Lagoas.
“Hoje, quando cheguei pela manhã, recebi a notícia do presidente da Petrobras [Joaquim Silva e Luna] e do ministro Bento Albuquerque [Minas e Energia], de que a Petrobras tinha concluído a venda com a empresa Acron”, disse a ministra.
As informações são da Reuters, publicadas nesta quinta (4/1).
“O presidente acabou de me ligar, feliz da vida, desejando muito sucesso a Três Lagoas e à agricultura brasileira, que vai ganhar muito com a implantação dessa fábrica, que produz produtos nitrogenados, ureia, que é imprescindível para que nossa agricultura seja cada vez menos dependente de importação desses nutrientes”, disse Tereza Cristina.
Petrobras confirma acordo; venda precisa de aprovação.
A Petrobras confirmou que “chegou a um acordo para as minutas contratuais” com a Acron para a venda da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas. Como toda venda de ativos da companhia, a assinatura do contrato de venda depende de aprovações internas e, eventualmente, de aval regulatório do Cade e outras agências.
“(…) as etapas subsequentes do projeto serão divulgadas de acordo com a Sistemática de Desinvestimentos da companhia”, informou a Petrobras.
Desde o governo de Dilma Rousseff (PT), a Petrobras tenta sair do segmento de fertilizantes, como parte de sua estratégia de desinvestimento. As unidades na Bahia e em Sergipe foram arrendadas para a Unigel. A planta de Araucária (Ansa), no Paraná, foi desativada em 2020.
Acron desistiu do negócio após derrubada de Evo Morales
Em novembro de 2019, a Acron saiu das negociações para compra da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas. Na mesma época, o então presidente da Bolívia, Evo Morales, escapava para o exílio após seu governo ser derrubado por uma aliança de militares e partidos conservadores.
As negociações em 2019 para a compra da UFN-III chegaram a envolver os governos de Vladimir Putin, da Rússia, que é sede da Acron, e o próprio Evo Morales, em viagem a Moscou, naquele ano. Foram fechados acordos bilaterais, incluindo o desenvolvimento de negócios no Brasil.
O grupo Acron chegou a firmar acordos com a YPFB, estatal da Bolívia, para comprar gás natural para abastecer a fábrica de fertilizantes nitrogenados.
Também foi feito um acordo com o governo do Mato Grosso do Sul para receber os mesmos incentivos fiscais destinados antes à Petrobras.
De lá para cá, o partido de Evo Morales voltou ao poder após a vitória de Luis Arce, um ano após a derrubada do governo.
A presidente Jeanine Áñez, que assumiu com o exílio de Evo Morales, foi presa. Um recente relatório das Organização de Estados Americanos (OEA) traz denúncias de casos de tortura, violência sexual e assassinatos no período que Jeanine comandou o país.
Bolsonaro quer visitar Putin
Jair Bolsonaro (PL) tem viagem marcada para encontrar o presidente russo, Vladimir Putin. Sob críticas, o presidente brasileiro pretende visitar um país em meio à crise da Rússia com a OTAN, que inclui uma pressão do governo dos EUA , de Joe Biden, contra a presença de tropas de Moscou na fronteira com a Ucrânia.
A tensão geopolítica ocorre em um momento de alta no preços das commodities e tem influenciado a disparada da cotação do petróleo no mercado internacional.
A Rússia também é uma importante supridora de gás natural para a Europa Ocidental e pretende expandir seus mercados, o que coloca mais um elemento na crise com a Ucrânia e seus aliados. Os preços do gás dispararam com a chegada do inverno do Hemisfério Norte, e o choque nos mercados persiste.