Diálogos da Transição

Eólicas offshore em licenciamento no Brasil somam 80 GW

Com crescimento significativo em relação ao ano passado (42 GW), valor é quase quatro vezes maior que o de projetos em terra

Ao todo, os 80 GW em desenvolvimento estão distribuídos por 36 projetos em seis estados. Na imagem: Aerogeradores para energia eólica offshore em mar azul escuro com céu azul claro (Foto: Andrew Martin/Pixabay)
Ao todo, os 80 GW em desenvolvimento estão distribuídos por 36 projetos em seis estados (foto por Andrew Martin, Pixabay)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 28/01/22

Editada por Nayara Machado
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Os projetos para geração de energia eólica em águas brasileiras já somam 80 gigawatts (GW), de acordo com dados de 27 de janeiro do Ibama. O crescimento é significativo em relação ao ano passado – em julho, os projetos somavam 42 GW.

O valor é quase quatro vezes a capacidade instalada atual dos projetos em terra no Brasil, que em janeiro alcançou a marca de 21 GW.

Só este mês, 12 novos projetos, somando pouco mais de 25 GW de potência entraram com pedidos de licenciamento no Ibama.

Ao todo, os 80 GW em desenvolvimento estão distribuídos por 36 projetos em seis estados. Desse total, 15 parques fazem sobreposição ou têm turbinas planejadas a menos de 2.000 metros de aerogeradores com processo de licenciamento mais antigo.

Um dos gargalos para esses projetos saírem do papel, a regulação começou a andar esta semana.

O governo editou na terça (25/1) um decreto para regular a geração de energia elétrica offshore. A medida foi bem recebida pelos governos do Ceará e do Rio de Janeiro.

Os dois estados contam com vários projetos de eólicas marítimas em licenciamento no Ibama e acreditam que é um passo importante para que eles sejam implementados.

Mas também foi alvo de críticas. O líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT/RN), avalia que o decreto que promete destravar investimentos para geração eólica marítima, bagunça ainda mais as regras para o setor e pode ser considerado inconstitucional.

Prates é autor do PL 576/21, que cria um marco regulatório para o processo de outorga das usinas eólicas offshore com leilões e cobra o pagamento de participações especiais à União, estados e municípios — recursos que não estão previstos no decreto presidencial.

A seguir, o Raio-X das eólicas offshore em licenciamento no Brasil:

Ceará

São sete: Caucaia (BI Energia), Jangada (Neoenergia), Camocim (BI Energia), Dragão do Mar (Qair), Alpha (Veritas), Costa Nordeste (Geradora Eólica Brigadeiro) e Asa Branca I (Eólica Brasil).

O parque Alpha é o maior do estado, e o segundo maior em licenciamento no país.

O grupo entrou com pedido de licenciamento em setembro de 2021 para 400 torres com potência de 15 MW cada, somando 6 GW.

Destaque também para o projeto da Qair.

Em julho, a multinacional Qair Brasil assinou um memorando de entendimento com o Governo do Ceará para produção de hidrogênio verde, no hub que está sendo articulado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.

A Qair projeta uma capacidade de 2,2 GW para produção de hidrogênio verde, por meio da eletrólise, e vai usar energia elétrica gerada no Complexo Eólico Marítimo Dragão do Mar e em um parque offshore.

O projeto em licenciamento no Ibama terá 128 turbinas, somando 1,2 GW de potência.

O estado tem um projeto em sobreposição: Costa Nordeste, que entrou com pedido de licenciamento este ano, está localizado muito próximo a três outros empreendimentos.

Espírito Santo

São três projetos em licenciamento totalizando 3,1 GW, todos sobrepostos.

O parque da Votu Winds é o maior deles, com 1.440 MW de potência, a partir da instalação de 144 torres com potência de 10 MW cada.

Piauí

Dois parques. O Vento Tupi, da OW Offshore (Ocean Winds), da Engie e EDP, está licenciando a instalação de 74 aerogeradores a 14 quilômetros da costa, para geração de 999 MW de potência.

Já o Palmas do Mar, da Bosford Participações, terá 93 turbinas, gerando 1.395 MW no total.

A demarcação de áreas de Ventos Tupi e Palmas do Mar está bem próxima, com leve sobreposição.

Rio de Janeiro

O estado concentra quase 21,5 GW de potência nos sete parques em licenciamento.

O parque Ventos do Atlântico, da OW Offshore, é o maior do Rio, e o terceiro maior do país, com 371 aerogeradoes e pouco mais de 5 GW de potência.

Em seguida vem o parque Aracatu, da Equinor, com 3,8 GW de capacidade e 320 turbinas.

Bromélia, da Bluefloat Energy, está previsto para ocupar uma área que faz sobreposição com o parque da Equinor e com outro empreendimento da própria Bluefloat, o Quaresmeira.

O grupo entrou com os pedidos de licenciamento este ano.

Rio Grande do Norte

Dos sete parques em licenciamento, cinco disputam a mesma área no Rio Grande do Norte.

Pedra Grande (operado pela BI Energia, com 624 MW de potência), Maral (OW Offshore, 2 GW), Alísios Potiguares (Bosford, 1,8 GW), Ventos Potiguar (Internacional Energias, 2,4 GW) e Cattleya (Bluefloat Energy, 1,2 GW) têm projetos sobrepostos uns aos outros.

Rio Grande do Sul

Só este ano, cinco empreendimentos entraram com pedidos de licenciamento no Ibama. Três são da Geradora Eólica Brigadeiro, dois da Bluefloat Energy.

O estado é o que conta com o maior número de projetos em licenciamento, com 10 parques somando cerca de 23,6 GW de potência. Destes, sete têm algum nível de sobreposição.

O maior parque é o Ventos do Sul, da OW Offshore. Com 6,5 GW, e 482 turbinas dispostas a 21 quilômetros da costa, é também o maior do Brasil até agora.

Para colocar na agenda: Na próxima quarta (2/2), o Instituto E+ promove um debate sobre desafios e oportunidades que um mercado de carbono pode representar para o Brasil e para o setor elétrico. Participação pelo Zoom ou pelo Youtube.

O encontro vai debater as diretrizes para a consideração de benefícios ambientais no setor elétrico, para atender a lei 14.120/2021. A proposta foi colocada em consulta pública pelo MME e recebe contribuições até 7 de fevereiro.

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