Petrochina negocia entrada em refinaria no Maranhão

Petrochina negocia entrada em refinaria no Maranhão
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e o empresário Roberto Viana (primeiro à direita) com representantes da Sinopec - Foto: Saulo Cruz/MME
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e o empresário Roberto Viana (primeiro à direita) com representantes da Sinopec – Foto: Saulo Cruz/MME

A PetroChina, maior petroleira chinesa e maior estatal de petróleo em valor de mercado, está estudando ser parceira da Sinopec no projeto de retomada da Refinaria Premium I, no estado do Maranhão. As discussões sobre o projeto avançaram na última semana em duas reuniões realizadas no Rio de Janeiro, uma na ANP e outra na EPE.

O primeiro encontro aconteceu no dia 12 de dezembro na sede da EPE. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, recebeu representantes da Sinopec e foi apresentado um overview do mercado de refino no país.

O empresário pernambucano e presidente da Petra Energia, Roberto Viana, e o consultor Winston Fritsch (que já foi presidente da Petra) participaram do encontro.Quem também esteve na reunião foi o ex-diretor da Petrobras, José Antonio de Figueiredo.

A relação de Viana e Fritsch com a retomada da Premium I não é de hoje. Os dois estiveram reunidos com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, em 13 de julho de 2016 para discutir a retomada do projeto. Na época, a ideia era que empresas iranianas tocassem o empreendimento, o que acabou migrando para as chinesas.

A segunda reunião aconteceu na última sexta-feira (15/12), quando o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, e o diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP) receberam novamente representantes da Sinopec. Também participaram do encontro representantes da PetroChina Trading e China Development Bank. 

Ficou acordado que os chineses vão apresentar ao governo federal até 15 de janeiro suas demandas para a retomada do projeto. Essas demandas serão levadas ao Grupo de Trabalho que o Conselho de Nacional de Política Energética (CNPE) montou sobre os segmentos de refino e petroquímica.

A expectativa no governo é que toda a negociação seja fechada até março, antes da saída de Fernando Coelho Filho do cargo, que vai disputar o governo de Pernambuco. A meta interna no MME é conseguir retomar o projeto com capacidade para 240 mil barris por dia em sua primeira fase e obras a partir do fim de 2018. 


A Refinaria Premium I 

A Petrobras anunciou o cancelamento dos projetos das refinarias Premium em fevereiro de 2015, na gestão de Aldemir Bendine, hoje preso pela Operação Lava Jato. A petroleira contabilizou prejuízo de R$ 2,8 bilhões decorrente do cancelamento das unidades. A decisão foi tomada, de acordo com a estatal, a partir da ausência de atratividade econômica, tendo em vista as taxas previstas de crescimento dos mercados interno e externo de derivados de petróleo, e também porque a empresa não conseguiu um parceiro econômico para a implantação das refinarias, condição prevista no Plano de Negócios e Gestão 2014-2018, do qual constavam os projetos.

A Sinopec, contudo, demonstrou interesse no projeto desde seu início. Em fevereiro de 2013, dois anos antes do cancelamento do projeto pela Petrobras, assinou carta de intenções para estudos em conjunto com a estatal brasileira para implantação da refinaria maranhense. 

De onde vem o óleo?

Parte do óleo que será usado para produção de derivados de petróleo na refinaria pode vir da própria produção chinesa no Brasil. A propria Sinopec tem hoje produção de 54,6 mil barris por dia no país, sendo 24 mil barris por dia referentes a sua participação de 30% na produção da Petrogal e outros 30 mil barris por dia na parceria com a Repsol. Em ambos os projetos a Sinopec é sócia indireta da produção do pré-sal.

 Se adicionarmos nessa conta a parcela da Sinhochem na produção do campo de Peregrino, operado pela Statoil no pós-sal da Bacia de Campos, o volume de óleo chinês no país aumenta para 83 mil barris por dia.