Gás Natural

Setor ainda precisa desenvolver ambiente regulatório, diz presidente da Sulgás

"Estamos dependentes de um único supridor para maior parte do nosso volume"

Presidente da Sulgás, Carlos Camargo Colón, durante a cerimônia de transferência do controle da empresa para a Compass, do Grupo Cosan (Foto: Reprodução)
Presidente da Sulgás, Carlos Camargo Colón, durante a cerimônia de transferência do controle da empresa para a Compass, do Grupo Cosan (Foto: Reprodução)

O setor de gás natural ainda precisa desenvolver um ambiente regulatório para as atividades de escoamento, processamento e transporte de gás natural, permitindo assim a diversificação de fontes e a real entrada de outros agentes supridores, segundo afirmação do presidente da Sulgás, Carlos Camargo de Colón.

A cerimônia de transferência do controle da empresa do governo do Rio Grande do Sul para a Compass, empresa do Grupo Cosan que adquiriu a parcela do estado na distribuidora em leilão realizado em outubro do ano passado, foi realizada nesta segunda (3/1).

“Em particular, a falta de capacidade física de entrega no trecho Sul do Gasbol nos impacta diretamente. Infelizmente, por causa disso estamos dependentes de um único supridor para a maior parte do nosso volume”, comentou.

Colón afirmou que o setor passa atualmente por momento difícil e que a criação da Lei do Gás, aprovada em 2021 depois de sete anos de tramitação na Câmara dos Deputados, não conseguiu abrir o mercado como esperado.

“Além da Sulgás entrar com o pleito junto ao Cade para contestar essa situação, vamos continuar monitorando os desdobramentos a nível nacional para melhor defender os interesses do Rio Grande do Sul e da Sulgás”, comentou o presidente da empresa.

Crise do gás

O ano começa com uma crise no mercado cativo de gás natural com a renovação dos contratos de suprimento de gás pela Petrobras com as distribuidoras estaduais. Liminares no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Sergipe, Alagoas e Ceará mantém os atuais contratos por prazos que variam entre 6 e 12 meses.

A Abegás, que representa as distribuidoras, diz que em alguns estados, de forma individual, as empresas entenderam que deveriam pedir liminares para que a Justiça sustasse o aumento até a apreciação, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do mérito da representação que a entidade fez contra a Petrobras por práticas anticompetitivas em 12 de novembro do ano passado. O reajuste é estimado em 50%

Para as distribuidoras, o fato de a Petrobras terminar como a única supridora em diversas chamadas públicas para atendimento ao mercado cativo demonstra que as condições para concorrência no suprimento não foram atingidas e o mercado continua fechado.

Petrobras fala em risco na abertura

Para a Petrobras, as liminares conseguidas pelas distribuidoras na Justiça abalam a segurança jurídica do ambiente de negócios, “interferindo na livre formação de preços, colocando em risco a implementação da própria abertura do mercado de gás natural no Brasil e atração de investimentos no país’.

“Para exemplificar a competição que se instaurou no mercado, é possível citar diversas notícias sobre a existência de contratos com vigência a partir de 1 de janeiro, firmados por distribuidoras e consumidores livres com outros fornecedores, tais como Shell, Petrogal, Potiguar E&P, entre outros. Além disso, esses produtores firmaram contratos com a TAG para levar seu gás ao mercado consumidor”, diz a empresa em nota.

A estatal afirma ainda que esteve, por vários meses, engajada em negociações de novos contratos com as distribuidoras para oferecer melhores condições e mecanismos contratuais para reduzir a volatilidade dos preços, como, por exemplo, referência de indexadores ligados ao GNL e ao Brent.