Diálogos da Transição

Transição no Brasil será suave e com espaço para O&G e bioenergia, diz relatório

Fazenda Eólica Arkona, operada pela Equinor (foto: Eskil Eriksen/Equnior)
Fazenda Eólica Arkona, operada pela Equinor (foto: Eskil Eriksen/Equnior)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 15/12/21
Apresentada por

Editada por Nayara Machado
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Lançado hoje (15), o relatório Tendências e incertezas da Transição Energética no caso brasileiro aponta que a transição será suave e gradual, com óleo, gás e biocombustíveis desempenhando papéis relevantes na matriz nos próximos anos.

O diagnóstico é um trabalho do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e uma continuidade do Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050).

Ficou muito claro que não bastava tropicalizar o debate da transição energética. Tínhamos que estabelecer uma visão original com a inserção do Brasil nesse contexto global”, diz Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Segundo o estudo, pela ótica da oferta, as indústrias de óleo e gás (O&G) e bioenergia apresentam oportunidades para uma possível estratégia de descarbonização.

“Enquanto a indústria de bioenergia apresenta alto grau de maturidade no país, a indústria de O&G, com grande capacidade de investimento e desenvolvimento tecnológico — em comparação com outros setores — pode, na busca pela diversificação de seu portfólio, alocar capital relevante em energias renováveis”, diz o documento.

Um dos exemplos é a experiência em projetos offshore da indústria de O&G, que poderia ser aproveitada em novas energias, como eólica offshore.

Lá fora, algumas petroleiras inclusive já estão investindo nesse caminho. Equinor, Ørsted e Boskalis aderem a consórcio de eólica offshore para hidrogênio verde

O aproveitamento da infraestrutura também diminuiria o esforço de capital necessário para a introdução de novos energéticos.

Outros exemplos são o desenvolvimento de tecnologias de CCUS (Carbon, Capture, Utilization and Storage) e a transformação das refinarias tanto para oferta de hidrogênio azul (produzido pela reforma a vapor do gás natural com CCUS), quanto para processar biomassa e produzir diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF).

Já as malhas de dutos podem ser aproveitadas para transporte de biometano e, futuramente, de hidrogênio, reduzindo gradualmente a intensidade de carbono dos consumidores de gás, diz o levantamento.

Esse aproveitamento também poderia apoiar o desenvolvimento do mercado de biometano no país. “Somente no estado de São Paulo existem cerca de 66 usinas sucroenergéticas localizadas a menos de 20 km da malha de gasodutos”, completa.

No caso da bioenergia, o diagnóstico indica como uma vantagem a possibilidade de compartilhamento dos sistemas de distribuição e o aproveitamento de toda infraestrutura já desenvolvida pela indústria de O&G, o que favorece o aumento da mistura de biocombustíveis nos combustíveis fósseis.

“Investimentos em uma infraestrutura dutoviária permitem escoar até 6 bilhões de litros de etanol por ano das regiões produtoras para os grandes centros urbanos, o que torna a opção por veículos híbridos interessante para o mercado nacional”.

Ao todo, o documento indica nove tendências, como eletrificação do consumo final de energia, aumento da oferta de biogás e biometano, uso de biocombustíveis para descarbonização do transporte aéreo e marítimo internacional e busca da indústria de óleo e gás por matérias-primas renováveis para processamento nos ativos de refino…

…e 25 incertezas sobre a transição no Brasil. A maior parte diz respeito à adequação dos incentivos e investimentos, custos de novas tecnologias e políticas públicas para as diferentes alternativas em estudo. Veja o documento na íntegra (.pdf)

 

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Enquanto isso, a iniciativa privada se movimenta

Hub de hidrogênio no Ceará. A AES Brasil, subsidiária da AES Corp, e o governo do Ceará assinaram na segunda (13) um memorando de entendimento para implementação de um projeto de produção de hidrogênio verde (H2V) no estado, com investimento estimado em até US$ 2 bilhões, nos cinco primeiros anos.

O acordo prevê um estudo de viabilidade para construção de um planta com capacidade inicial de 1 GW de energia renovável e produção de até 500 mil toneladas de amônia verde por ano para exportação. O projeto fará parte do futuro Hub de Hidrogênio no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

Com o anúncio, já somam 13 as empresas oficialmente interessadas em produzir H2V no Ceará. Além de outras que estão em negociação, a exemplo da francesa TotalEnergies.

E programa gaúcho Hidrogênio Verde. O Rio Grande do Sul e a White Martins assinaram, na terça (14), um memorando de entendimento para construção e operação de uma planta industrial de H2V e amônia verde no estado, e implementação do programa gaúcho Hidrogênio Verde – Construir e desenvolver energias renováveis no RS.

Desde agosto, o governo estuda oportunidades para produção de H2V no estado.

De acordo com o governador Eduardo Leite, o RS já opera com 80% da energia renovável, sendo cerca de 20% de energia eólica. Ele acredita que o hidrogênio verde será essencial para que o estado — reduto do carvão no Brasil — alcance sua meta de neutralizar as emissões de carbono em 50% até 2030.

Incorporação de renováveis na Eneva. A Eneva, empresa integrada de energia, anunciou, nesta quarta (15) uma combinação de negócios com a Focus Energia. Com investimento é de R$ 960 milhões, a Eneva vai assumir carteira de clientes e todo o portfólio de projetos renováveis da Focus que somam 3,7GWp de potência instalada.

A Focus Energia atua em três linhas de negócio: Comercialização de Energia Elétrica, Geração e Geração Distribuída.

O portfólio de geração é composto por dois ativos operacionais e um pipeline de geração centralizada e distribuída, localizados nos estados de Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Entre os projetos está o Parque Futura 1, 2 e 3 (BA). Quando comissionado, Futura 1 será o maior complexo solar do Brasil, com uma capacidade instalada de 670MW.

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