Energia

CEOs de energia enxergam riscos climáticos como ameaça, mostra pesquisa

Quase metade dos líderes entrevistados (27%) indicou os relatórios de ESG como uma prioridade para mensurar e relatar resultados em processos futuros

Remanso -- Com a falta de chuva na nascente do Rio São Francisco, o reservatório de Sobradinho vive a maior seca de sua história (Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil)
Remanso -- Com a falta de chuva na nascente do Rio São Francisco, o reservatório de Sobradinho vive a maior seca de sua história (Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Levantamento da KPMG entre lideranças do setor de energia identificou que cerca de 40% dos CEOs enxergam os riscos climáticos como a maior ameaça atual ao crescimento das organizações. O percentual foi maior em comparação com todos os outros setores pesquisados pela rede.

Para 79% dos entrevistados, os líderes globais devem suscitar a urgência necessária na agenda climática. As conclusões fazem parte da pesquisa CEO Outlook 2021, com recorte do setor de energia que entrevistou 133 líderes da indústria.

O relatório mostra ainda que mais da metade (63%) dos entrevistados afirma que a maior parte da pressão em relação às questões ESG (sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança) é proveniente de investidores e reguladores para aumentar a comunicação e a transparência sobre essas práticas.

Quase metade dos líderes entrevistados (27%) indicou os relatórios de ESG como uma prioridade para mensurar e relatar resultados em processos futuros.

“Muitas empresas de energia estiveram na vanguarda da transição energética, mas ainda se mostram atrasadas no que se refere a uma matriz energética mais robusta”

“No entanto, um aumento tão significativo no número de líderes que enxergam a crise ambiental como o maior risco para o crescimento reflete uma inquietação crescente sobre o futuro, à medida que o setor trabalha para se reconstruir e se recuperar”, afirma o sócio-líder energia e recursos naturais da KPMG, Anderson Dutra.

Remuneração associada ao desempenho ESG

Apesar da pressão para avançar no ESG, o relatório mostrou que quase metade (46%) dos líderes tem dificuldades na elaboração de uma narrativa convincente, um ponto fundamental para manter os funcionários engajados. Cerca de 55% relataram que a remuneração deles já está associada ao desempenho em ESG.

“O estudo apresenta um setor que continua resiliente e focado no crescimento sustentável de longo prazo, apesar de enfrentar um futuro incerto e testemunhar um período de rápida transição. Especificamente, os CEOs de energia mostram um desejo de realizar a transição e investir em ESG, talentos e tecnologia”, afirma o sócio-líder do setor de energia e recursos naturais da KPMG, Manuel Fernandes.

Recrutamento e a retenção de funcionários são prioridades nos próximos três anos para 29% das lideranças pesquisadas. A maioria (86%) dos líderes planeja aumentar o quadro de funcionários no mesmo período.

Apesar disso, menos da metade (43%) dos entrevistados reconhece o foco na saúde mental e no bem-estar dos funcionários como fator-chave de sucesso para garantir que eles estejam engajados, motivados e produtivos em um mundo onde o trabalho híbrido é cada vez mais comum.

Tecnologia como oportunidade

Para impulsionar o crescimento nos próximos três anos, 85% dos CEOs veem a disrupção tecnológica mais como uma oportunidade do que uma ameaça.

A colaboração também está desempenhando um papel fundamental na condução do foco do setor, com mais da metade (59%) dos líderes planejando participar de consórcios da indústria concentrados no desenvolvimento de tecnologias inovadoras.

Quase 40% dos executivos pretendem colaborar com startups inovadoras das áreas de finanças (fintechs), seguros (insurtechs) e saúde (healthtechs).