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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 17/11/21
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
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Enquanto aumenta a pressão por novas alternativas energéticas para substituir combustíveis fósseis e carvão, e avançar na eletrificação, cresce também a urgência de uma economia para o hidrogênio de baixo carbono.
Um dos destaques dessa COP26, inclusive, foi a entrada do compromisso com a redução gradual dos combustíveis fósseis no texto final da conferência. Paralelamente, países e empresas assinaram acordos nesse sentido.
Para avançar no hidrogênio, será preciso superar desafios como oferta, demanda, preço e regulação: Hidrogênio precisa vencer velho dilema da indústria de gás
Ao todo, 28 empresas de diferentes setores — mineração, energia, fabricantes de veículos e equipamentos e serviços financeiros — fizeram promessas cobrindo as categorias de demanda, oferta e suporte financeiro.
O Conselho de Hidrogênio estima que, em 2030, o potencial de descarbonização do hidrogênio pode chegar a aproximadamente 800 milhões de toneladas por ano de emissões evitadas de dióxido de carbono (CO2).
As promessas (.pdf) anunciadas pelo grupo de 28 empresas equivalem a quase um quarto desse total.
Do lado da demanda, a diretriz é a substituição do hidrogênio cinza (a partir do gás natural) usado pelos setores de refino, produtos químicos e fertilizantes, ou do óleo diesel usado em indústrias pesadas. Representa uma demanda potencial de 1,6 milhão de toneladas por ano de hidrogênio com menor intensidade de carbono.
A expectativa é reduzir as emissões de CO2 em mais de 14 milhões de toneladas por ano — o equivalente às emissões anuais de mais de seis milhões de carros na Europa.
Do lado da oferta, as empresas pretendem colocar no mercado mais de 18 milhões de t/ano de hidrogênio verde (eletrólise) ou azul (gás natural com captura de carbono), e evitar a emissão de cerca de 190 milhões de t/ano de CO2.
Claire O’Neill, conselheira sênior do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, sigla em inglês) diz que a intenção é que as promessas combinadas estimulem investimentos em fornecimento e inspirem outros consumidores a fazer a transição para o hidrogênio.
Há um entendimento de que a transformação do sistema global de energia exigirá uma colaboração sem precedentes entre os setores público e privado.
No caso do hidrogênio, a visão é que parcerias público-privadas poderiam ajudar a apoiar projetos nas fases iniciais para dar estabilidade ao desenvolvimento.
Na COP26, a Air Products, maior produtora mundial de hidrogênio convencional, pediu aos formuladores de políticas que se concentrem no aumento da demanda de hidrogênio com baixo teor de carbono em indústrias intensivas em CO2.
De acordo com a companhia, do lado da oferta, o mercado pode ser facilmente ampliado. A grande pendência estaria na regulação.
A companhia vê o hidrogênio azul — produzido a partir de gás natural com captura de carbono — abrindo os caminhos para o verde.
Paralelamente, está explorando locais com alto potencial eólico e solar para desenvolver a produção de hidrogênio renovável ao redor do globo. Inclusive o Brasil.
Abandonar as cores da produção de hidrogênio também seria uma forma eficaz de desenvolver o mercado internacional, analisa Roman Kramarchuk, chefe de Cenários de Energia do Futuro da S&P Global Platts Analytics.
“A realidade é que o hidrogênio é caro”, disse o analista em painel sobre o tema em Glasgow, na semana passada.
Por isso, ele indica que a tecnologia deve ser implantada em áreas com maior potencial de descarbonização, como na siderurgia.
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Investimentos. Com 228 projetos de hidrogênio verde (H2V) anunciados pelo mundo, os investimentos previstos no setor já somam mais de US$ 80 bilhões. E a estimativa da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio) é que este mercado movimente 47 bilhões de dólares nos próximos dez anos.
Tema está na agenda do governo brasileiro. No início de 2022, o MME deve apresentar a Estratégia Nacional do Hidrogênio, desdobramento das diretrizes publicadas este ano, disse o ministro Bento Albuquerque na COP26.
Alguns projetos em desenvolvimento nos portos brasileiros miram, inclusive, a oferta de energia eólica offshore com a eletrólise da água para produção de hidrogênio verde.
…E na de outros dez países da América Latina. Além do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Panamá, Paraguai, Trinidad e Tobago e Uruguai publicaram, ou estão preparando estratégias e roteiros nacionais para o hidrogênio.
Caixa de ferramentas. Também durante a conferência climática, a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, em inglês) e o Fórum Econômico Mundial lançaram Roteiros de Medidas para Hidrogênio Verde.
Com foco na Europa e Japão, as ferramentas são voltadas para formuladores de políticas públicas que querem priorizar políticas para o hidrogênio verde. Veja aqui
Suprimento. Relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) divulgado em outubro indica que, se todos os projetos em desenvolvimento para produção de hidrogênio a partir da eletrólise se concretizarem, o suprimento global alcançará 8 milhões de toneladas em 2030.
Um grande aumento em relação ao nível atual de menos de 50 mil toneladas, mas ainda bem abaixo das 80 milhões de toneladas necessárias na próxima década para alcançar o cenário de emissões líquidas zero até 2050 no roteiro da agência.
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